Hoje: 13-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Burrhus Frederic Skinner (1904 – 1990), psicólogo americano comumente tido, – erroneamente, como o fundador do Behaviorismo. Foi o mais famoso representante desta corrente da psicologia, fundada por seu compatriota John Watson. Skinner nasceu em 20 de março de 1904 na pequena cidade de Susquehanna, na Pensilvânia. Seu pai era advogado e sua mãe uma mulher de personalidade forte que o criou segundo padrões muito exigentes de educação. Um menino de índole intelectual e amante da liberdade, reagiu às exigências domésticas, preferindo viver fora de casa, e escolheu a profissão de escritor. Graduou-se em língua inglesa no colégio de Hamilton, no Norte do Estado de Nova York, onde não se adaptou muito bem, por ser avesso ao jogo de futebol e a encontros sociais. Escrevia no jornal da escola com manifesto radicalismo, atacando professores e colegas estudantes, e inclusive criticando a própria escola, proclamando que era ateu, apesar de estar em uma Universidade onde a presença diária ao serviço religioso na capela era uma exigência.
Após sua formatura, tentou escrever para os jornais artigos em defesa dos trabalhadores, no escritório que montou na casa de seus pais. Sem lograr maior repercussão com o que escrevia, desistiu de escrever e viveu algum tempo como um tipo boêmio no Greenwich Village, bairro dessa classe em Nova York.
Seu temperamento inquieto, no entanto, não se prestava para a boa vida de um boêmio, e decidiu retornar aos estudos. Matriculou-se no curso de Psicologia da Universidade de Harvard. Sua convicção materialista o fez confrontar a influência da psicologia introspectiva, dominante na universidade, tornando-se seguidor de Watson e abraçando com determinação fanática o behaviorismo.
Concluiu seu mestrado em psicologia em 1930 e o doutorado em 1931, mas permaneceu na universidade realizando pesquisas até 1936, adquirindo fama de ser um pesquisador original. Realizou experimentos com ratos, repetindo os experimentos de Pavlov e de Watson. Construiu jaulas especiais em que introduziu um mecanismo a ser acionado pelo animal para conseguir comida, e por este método conseguia que aprendessem tarefas inteligentes.
Em 1936 obteve uma colocação na Universidade de Minnesota, em Minneapolis, e lá casou com Yvone Blue. Durante os anos em que lá permaneceu, realizou experiências com pombos, aves que abundavam nos nichos, janelas e frestas dos prédios da Universidade.
Procurando difundir suas idéias, enquanto trabalhou na Universidade de Minnesota escreveu The Behavior of Organisms e iniciou a novela Walden II, sobre uma comunidade utópica, criada e desenvolvida de acordo com os princípios behavioristas.
Em 1945 tornou-se chefe do Departamento de psicologia da universidade de Indiana. Iniciou lá seu projeto de uma “caixa educadora para bebê”, um compartimento de vidro com ar condicionado e temperatura controlada, no interior do qual era colocada a criança para aprender por meio de reflexos condicionados. Sua segunda filha ficou famosa por ter sido o primeiro bebê a ser criado dentro deste seu invento, uma experiência criticada e reprovada por muitos de seus contemporâneos.
Todas as idéias de Skinner foram desenvolvidas em torno do seu conceito de condicionamento operante. Enquanto o condicionamento nos experimentos ordinários era obtido com a interferência do pesquisador, que premiava o animal depois de induzi-lo a realizar uma certa tarefa, no condicionamento operante o animal era premiado automaticamente por meio de um dispositivo próprio, depois de realizar casualmente um certo comportamento, o qual era reforçado pelo prêmio. Nos casos mais complexos, um comportamento que fosse apenas parcialmente de acordo com o desejado pelo treinador era premiado, e o animal receberia nova recompensa do aparelho se casualmente acrescentasse ao comportamento aprendido uma nova etapa que conduzisse ao objetivo final do treinamento.
Skinner chegou a desenvolver uma máquina de ensino onde o estudante poderia aprender, pouco a pouco, encontrando as respostas que davam um prêmio imediato.
Um ateu e materialista, Skinner não tinha nenhum interesse em compreender a mente humana. Era estritamente um behaviorista, como John Watson e preocupava-se somente em determinar como o comportamento era causado por forças externas. Ele acreditava que tudo que fazemos e que somos, é moldado pela nossa experiência de punição e recompensa. Provocativo, polêmico, e um excelente publicitário de suas próprias idéias, acreditava que o espírito e outros fenômenos subjetivos eram apenas questão de linguagem, e não existiam realmente.
Afirmava que não existe liberdade nem dignidade. O homem bom faz o bem porque o bem é recompensado, e a sociedade poderia ser controlada, e criada uma nova cultura, se o indivíduo bom fosse automaticamente recompensado e o mau cidadão fosse automaticamente punido ou eliminado.
Em 1948, após nove anos em Minnesota, ele foi convidado a passar para a Universidade de Harvard, onde permaneceu o resto de sua vida. Faleceu em 18 de agosto de 1990, já no declínio de sua fama e do prestígio de sua corrente psicológica.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 24-04-2003.
Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Burrhus Skinner. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2003.