Hoje: 25-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Wilhelm Richard Wagner (1813-1883), nascido em Leipzig e falecido em Veneza, compositor e intelectual, ativista político e revolucionário, cujas óperas e música tiveram grande influência na música ocidental, tanto por sua inovação quanto pelas reações que despertou motivada por sua vinculação aos ideais do nazismo. Entre seus mais importantes trabalhos estão The Flying Dutchman (1843), Tannhäuser (1845), Lohengrin (1850), Tristan und Isolde (1865), Parsifal (1882), e sua grande tetralogia, The Ring of the Nibelung (1869-76). Pertenceu a uma família de artistas; algumas de suas irmãs mais velhas foram cantoras de ópera ou atrizes. Não muito interessado nos estudos regulares, aprendeu por si próprio piano e composição, e leu obras de Shakespeare, Goethe, e Schiller. A partir de 1839 viveu alguns anos em Paris, onde fez jornalismo musical, porém ganhando apenas o suficiente para sobreviver.
Em 1842, contando já 29 anos, retornou a Alemanha e sua opera Rienzi foi encenada com sucesso em Dresden. Foi nomeado regente da opera real, um posto que manteria até 1849. Como intelectual preocupado com questões sociais, viu-se envolvido na revolução alemã de 1848. Escreveu vários artigos defendendo a revolução e teve parte ativa no levante de 1849 em Dresden. Com o fracasso da revolução, fugiu da Alemanha, e por esse motivo não pode assistir à primeira apresentação de Lohengrin em Weimar, feita por seu amigo Franz Liszt em meados de 1850.
De 1849 a 1852 escreveu, entre outras as obras impressas Die Kunst und die Revolution (“Arte e Revolução”), Das Kunstwerk der Zukunft (“A Arte do Futuro”), Eine Mitteilung an meine Freunde (Uma comunicação a meus amigos”), e Oper und Drama (“Opera e Drama”). Este último trabalho de extrema importância, por delinear um novo e revolucionário tipo de teatro musical. Dirigiu concertos da Filarmônica de Londres em 1855. Viveu em Zurique até 1858, compondo, escrevendo e dirigindo.
Almejando a criação de um estado socialista, Wagner profetizou o desaparecimento da ópera como uma diversão artificial para uma elite e o surgimento de um novo tipo de musical para o povo, expressando a auto-realização de uma humanidade livre. Decididamente anti-semita, denunciou a “judaização” da arte moderna, conclamando por uma “guerra de libertação”.
Influenciado pela filosofia pessimista de Arthur Schopenhauer, escreveu Tristan und Isolde (1857-59), inspirado no seu perdido amor por Mathilde Wesendonk, que causou sua separação de sua esposa Minna. Devido a esse caso amoroso, deixou Zurique para viver em Veneza, onde completou a ópera Tristan, e em Lucerna, na Suíça. Em 1859 foi para Paris, e em 1861, tendo sido anistiado, retornou à Alemanha e depois viajou para Viena, onde desenvolveu seu trabalho como compositor até 1864, quando teve de fugir para não ser preso devido a débitos financeiros que não teve como saldar.
Chegou sem um níquel em Stuttgart. Salvou-o Luís II, o jovem rei da Bavária, seu grande admirador, que o chamou para viver em Munique. Wagner contava então 51 anos e pelos seis anos seguintes apresentou com grande sucesso suas óperas na capital da Bavária. Porém, novamente incorreu em débitos financeiros, além de tentar imiscuir-se na política do reino e de se tornar amante de uma filha casada do compositor Liszt. Ela lhe deu três crianças – Isolde, Eva, e Siegfried – mesmo antes de se divorciar e casar-se com ele em 1870. O rei decidiu alojá-lo em Triebschen, no lago de Lucerna.
Em 1869 Wagner retomou um antigo projeto, a tetralogia Der Ring des Nibelungen (“O anel de Nibelung”), entrelaçando significados como, em um nível, a preocupação com o nacionalismo alemão, o socialismo internacional, a filosofia de Schopenhauer, o budismo, e o cristianismo; em outro nível, o tratamento de temas que Freud desenvolveria depois na psicanálise, como o poder dos complexos com origem na inibição sexual, incesto, fixação materna e complexo de Édipo. Convencido de que precisaria de um teatro especial para apresentar aquela obra, Wagner descobriu um local adequado em Bayreuth, na Bavária. Viajou por toda a Alemanha dando concertos para levantar os fundos necessários à construção do edifício. O rei ofertou recursos e a construção, iniciada em 1872 foi inaugurada com a apresentação do Der Ring em 1876.
Wagner viveu o resto de sua vida em Bayreuth, salvo viagens dando concertos em 1877, em Londres e várias vezes na Itália. Durante esses anos ele compôs seu último trabalho, o drama Parsifal, iniciado em 1877 e apresentado em Bayreuth em 1882. Ditou para a esposa sua autobiografia. Morreu de um ataque cardíaco em Veneza, em 1883, no auge da fama.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 07-07-1999.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – NOTAS: Vultos e episódios da Época Contemporânea. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1999.