Hoje: 18-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Arnauld, Antoine (“O Grande Arnauld”), teólogo líder dos jansenistas. Descartes e Leibniz discutiram com ele controvérsias religiosas, a possibilidade da união das igrejas, filosofia e matemática. Nascido em 6 de fevereiro de 1612 em Paris, França, faleceu a 6 de agosto de 1694 em Bruxelas, Países Baixos espanhóis (agora Bélgica). Arnauld foi o mais novo de 10 crianças sobreviventes, de Antoine Arnauld, um advogado parisiense, e Catherine Marion de Druy. Estudou no Collège Calvi, e depois no Collège Lisieux, na Sorbonne. Recebeu um grau de bacharel em 1635 e um doutorado em teologia em 1641, o mesmo ano em que foi ordenado padre católico. Foi admitido professor na Sorbonne em 1643.
Por influência do abade de Saint-Cyran, – conselheiro espiritual de diversos membros da sua família, Arnauld converteu-se ao jansenismo, um movimento dentro da igreja católica, depois considerado herético, cuja doutrina sustentava a predestinação, negando a liberdade de vontade e que Cristo houvesse morrido por todos os homens. Publicou em 1643 o tratado De la fréquente communion (“Da Comunhão Frequente”), defendendo pontos de vista jansenistas controvertidos sobre a Eucaristia e penitência. Com seu Théologie morale des Jésuites, do mesmo ano, Arnauld iniciou sua longa campanha polêmica contra os jesuítas, em que Pierre Nicole, um jovem teólogo de Chartres, haveria de ser seu colaborador. Em 1655 Arnauld escreveu dois panfletos em que afirmou o ortodoxia substancial de Cornelius Otto Jansen, o teólogo belga que havia iniciado o movimento. Estes trabalhos acenderam uma disputa que resultou na expulsão de Arnauld da Sorbonne em 1656. Excluído da faculdade de teologia, retira-se para a abadia de Port Royal. Foi esta controvérsia que provocou Blaise Pascal a escrever a defesa de Arnauld na série das cartas conhecidas como Les Provinciales (1656-57).
Durante todo o período da maior perseguição aos jansenistas (1661-69), Arnauld apareceu como um líder da resistência. A chamada paz de Clemente IX(1669) trouxe para Arnauld alguns anos de tranquilidade, começando com a elegante recepção oferecida a ele pelo rei Luís XIV, e ele em seguida voltou-se para o combate escrito aos calvinistas, nas divergências entre católicos e protestantes. Ganhou então fama como teólogo e o papa Inocêncio XI teria considerado fazer dele cardeal. Em 1679, a perseguição de jansenistas foi renovada e Arnauld procurou refúgio primeiramente nos Países Baixos e depois na Bélgica. Estabeleceu-se permanentemente em Bruxelas em 1682, onde devia permanecer em exílio voluntário até sua morte.
Apesar das circunstâncias precárias em que teve que trabalhar, a produção escrita de Arnauld durante seu exílio foi enorme. Ele não somente retomou seus ataques aos casuísmos dos jesuítas nos últimos seis volumes do seu Morale pratique des Jésuistes (1689-94; os primeiros dois tinham aparecido em 1669 e em 1682) mas também interferiu na disputa sobre os direitos do monarca francês na igreja francesa. Quase todos os seus escritos na última parte de sua vida foram consequência de suas divergências com Nicolas Malebranche e com Pierre Nicole, seu aliado nas primeiras polêmicas anti-jesuíticas. Escreveu sobre a teoria da luz (influenciado por Pascal), sobre lógica e gramática, e correspondeu com Descartes e Leibniz continuando os temas discutidos em Paris. Escreveu também “Gramática Geral e Racionalizada” (em colaboração com Lancelot, 1660); “Lógica de Port-Royal” (em colaboração com Nicole, 1662); e “Tratado das Verdadeiras e Falsas Idéias”(1683).
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 00-00-1997.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – FILOSOFIA MODERNA: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.