Hoje: 17-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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Gassendi, Pierre (1592-1655), filósofo e cientista, rejeitou a superespeculação na filosofia de Descartes e defendeu o retorno à doutrina de Epicuro, isto é ao empirismo (enfatizando a experiência dos sentidos), ao hedonismo (sustentando ser o prazer o bem), e à física corpuscular (com a realidade feita de partículas atômicas). Buscou conciliar o atomismo mecanicista com a crença cristã na imortalidade da alma, vontade livre, um Deus infinito e a criação. Recebeu doutorado em Avignon, França em 1614 e foi ordenado padre no ano seguinte. Persuadido por seu amigo Marin Mersenne a abandonar os estudos matemáticos e teológicos e dedicar-se exclusivamente à filosofia, rejeitou a superespeculação na filosofia de Descartes e defendeu o retorno à doutrina de Epicuro, isto é ao empirismo (enfatizando a experiência dos sentidos), ao hedonismo (sustentando ser o prazer o bem), e à física corpuscular (com a realidade feita de partículas atômicas).
Gassendi sustentava que o conhecimento do mundo exterior depende dos sentidos, apesar de que seja através da razão que o homem pode derivar muita informação além da evidência ganha empiricamente. Na sua obra Syntagma Philosophicum (“Tratado Filosófico”), publicado com seus demais trabalhos em 1658, após sua morte, ele segue a divisão tríplice da filosofia epicurista
. Na parte I (lógica) ele rejeita ideias inatas de Descartes, enfatizando o método indutivo próprio da ciência, e sustenta que os sentidos são a primeira fonte do conhecimento. Porém, como bom matemático, ele também aceita o raciocínio dedutivo.
Na parte II (física), ele defendeu a explicação mecanicista da natureza e da sensação. Sua prova de uma alma racional e imortal derivava da consciência de valores morais do homem, da existência das ideias chamadas “universais”, e do poder de reflexão. Gassendi via na harmonia da natureza a prova da existência de Deus.
Na parte III (ética), ele vê a felicidade (paz da alma e ausência da dor corporal) como o fim buscado pelo homem, e só imperfeitamente atingível em sua vida. Seus trabalhos incluem várias obras sobre a vida, os prazeres, e ética de Epicuro, longas objeções, em 1641, ao “Meditações” de Descartes, e o Disquisitio Metaphysica, em 1644, uma réplica à resposta dada por Descartes às suas críticas.
Como cientista, Gassendi foi o primeiro a observar um trânsito planetário, o de Mercúrio ocorrido em 1631, previsto por Kepler. Suas publicações em ciência foram consideráveis, mas sua grande influência foi através do atomismo filosófico. Gassendi fez reviver o interesse no atomismo antigo defendendo uma explicação estritamente mecanicista do mundo físico. Como Descartes, entretanto, ele excetua todos os seres pensantes desta explanação. Gassendi propôs um ceticismo empírico limitado no Exercitationes Paradoxicae adversus Aristoteleos (“Exercícios de paradoxos contra os Aristotélicos) (1624) e no quinto conjunto de “Objeções” que foram adicionadas à publicação do “Meditações” de Descartes em 1641
. O Disquisitio Metaphysica (1644) e Syntagma Philosophiae Epicuri (1649) contem uma defesa clara de sua aderência a uma filosofia natural atomista. Nascido: 22 janeiro 1592 em Champtercier, Provence, França, falecido em 24 de outubro de 1655 em Paris. Frequentou a escola em Digne de 1599 a 1606. Continuou depois sua instrução em casa, sob a supervisão de um tio. Em 1608, entrou na universidade de Aix onde estudou filosofia por dois anos e depois teologia por mais dois anos. Recebeu o diploma de doutorado em teologia em Avignon em 1614 e foi ordenado padre um ano mais tarde. Tinha sido apontado já Cônego em uma igreja em Digne em 1614. Manteve este lugar até 1634 quando foi elevado a decano.
Além destas posições na igreja, Gassendi foi apontado professor da filosofia na universidade de Aix em 1617. Entretanto esta posição durou somente até 1623 quando a ordem de Jesuíta assumiu o controle da universidade de Aix e ele foi forçado a sair. Não ocupou nenhum outro posto acadêmico até 1645 quando foi apontado professor da matemática no Collège Royale em Paris.
Gassendi encontrou-se primeiramente com Mersenne em 1624 quando visitou Paris. Mersenne tentou persuadi-lo a desistir da matemática e da teologia em favor da filosofia. Gassendi rejeitou a filosofia de Descartes, enfatizando o método indutivo. Acreditou no atomismo e defendeu uma explanação mecanicista da natureza Kepler tinha predito que um trânsito do mercúrio ocorreria em 1631 e Gassendi foi o primeiro a observar tal trânsito. Escreveu sobre astronomia, suas próprias observações astronômicas e em queda de corpos. Seu primeiro trabalho de filosofia foi Exercitationes paradoxicae (1624), basicamente as aulas do seu curso em Aix reescritas para publicação. Em 1649 publicou Animadversiones contendo um trabalho em Epicurus. Seu Philosophical Treatise foi publicado 3 anos após sua morte.
Rubem Queiroz Cobra
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – FILOSOFIA MODERNA: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.