Hoje: 23-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
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Dama. [Do fr. dame.] Mulher nobre, esposa de um fidalgo, ou que aparenta grande distinção. Aplica-se também a uma grande atriz: Dama do teatro brasileiro. Nome dado à parceira de um homem – cavalheiro –, na dança. Dama de companhia ou Dama de honra, que acompanha a noiva com lugar de destaque no cortejo nupcial de um casamento religioso. Nome também de um jogo de peças redondas movimentadas sobre o quadriculado de um tabuleiro.
Damasco. Tecido de ceda ou de linho fino, com desenhos em baixo relevo, uma técnica antiga de tecer originária de Damasco, capital da Síria. Antigamente usado em roupas, hoje é empregado em cortinas, paramentos e toalhas de mesa.
Dança. A dança difere de um baile por se realizar em espaço menor, e ter menor número de participantes. Com frequência se vincula ao folclore, ou é parte de um coquetel, chá ou jantar dançante.
Dedos. Este é um tópico frequente em recomendações de Higiene, Boas Maneiras e Etiqueta. Mãos limpas e unhas bem feitas são um fator positivo numa relação social. Manipular as narinas com o dedo é repulsivo, além de contaminar a mucosa nasal com vasta gama de bactérias, vírus e fungos. Apontar as coisas com o dedo, estendendo livremente o braço, excede, em certo grau, o comedimento requerido pela boa postura social. E quanto à Etiqueta, levantar o dedo mínimo quando se prende uma xícara nos dedos é uma falsa regra: os dedos que não estão envolvidos na pressão sobre a asa da xícara ficam recolhidos sob a palma da mão de modo natural. A habilidade em segurar um canapé, um biscoito ou salgadinho, com as pontas dos dedos e o modo de morder um pedaço sugando ao mesmo tempo o farelo causado pela mordida pode evitar que fragmentos caiam no tapete. Não é boa postura manter a palma da mão na horizontal, sob o petisco, para colher as migalhas que escapam a cada mordida.
Defeitos físicos que chamam atenção e por isso desequilibram o relacionamento pela aversão natural que possam despertar nas outras pessoas, podem na maioria das vezes ser corrigidos pela cirurgia plástica. Os pais de uma criança que tenha nascido com lábios leporinos, ou o jovem portador de algum defeito físico hoje facilmente corrigível pela cirurgia, devem ser encorajados e auxiliados nesse particular. O mesmo se aplica a verrugas e pólipos.
Deferência. Ação ou gesto que exprime consideração, acatamento, atenção, respeito, reverência nas atitudes de uma pessoa para com outra. A principal forma de deferência é a que se manifesta principalmente como concessão de precedência, em Boas Maneiras, e em direito de precedência, no Cerimonial Oficial. V.p.f. a página Precedência.
Desconsiderar. Ignorar a presença ou os argumentos de alguém, tratar sem respeito, ofender com desatenção uma pessoa, negar a deferência que lhe é devida.
Diamante. V.p.f. a página Joias, pedras e bijuteria.
Diplomacia. Sob o verbete Diplomacia, diz o Webster’s que “é arte e tato na condução das negociações a fim de obter vantagens sem criar hostilidades”. Dos diplomatas se pode dizer que são funcionários públicos de uma carreira especial, cuja função é, no país e no exterior, mediar entre o seu governo e os governos estrangeiros para a condução pacífica dos entendimentos oficiais que forem, por algum título, necessários ao interesse nacional. As provas de consideração que precisam demonstrar os obrigam a muitos encontros sociais, a participar de um número infindável de solenidades, a promover festas comemorativas e a retribuir convites promovendo jantares e festas, supondo-se por isso que sejam autoridades em Cerimonial Público e Etiqueta a fim de terem um comportamento impecável e nunca passar uma imagem de atraso e rusticidade de seus países.
NOTA: Embora em sua imensa maioria os diplomatas não sejam propriamente “Embaixadores”, todos estão sempre envolvidos nas atividades sociais das embaixadas. São para eles fundamentais o Protocolo ou Cerimonial Público e a Etiqueta, a cujo conhecimento recorrem para o planejamento de banquetes e recepções oficiais, posse de Chefes de Estado, funerais oficiais e paradas militares, cerimônias comemorativas de datas nacionais, inaugurações de obras e de eventos com a presença do chefe da Nação. Por essa razão as pessoas ordinariamente associam tais conhecimentos à carreira diplomática e têm o diplomata como autoridade nessas matérias.
Discriminar. O sentido social dessa palavra é importante em Boas Maneiras, do mesmo modo que também o é na Ética. Implica em separar com algum fundamento de exclusão. Excluir do convívio, excluir de um benefício, tendo por fundamento da separação algo que desagrada naquele que é excluído. Ex.: Discriminação racial.
Discurso-brinde. Um brinde não é um discurso, porque é breve, mas pode funcionar como fecho de palavras de elogios, curtas referências biográficas, breve história de um empreendimento ou de um projeto, conforme for o motivo da celebração, incorporando, assim, características do discurso e do brinde. Se a intenção é um discurso-brinde, aquele que vai pronunciá-lo deve ter sua taça preparada, servida da champagne, vinho, ou outra bebida com que vai brindar. Porém, como dito acima, se o discurso é longo, deve esperar pelas palmas e o brinde será proposto separadamente, após pequena pausa.
Discursos. Estes são peças de oratória mais complexas que os brindes, não apenas quanto à estrutura e extensão do seu pronunciamento, mas também porque exigem a observância rigorosa de um protocolo. Quem vai pronunciá-lo é apresentado pelo cerimonialista ou pelo presidente da mesa.
Discursos longos são próprios para uma solenidade (formatura, recepções em datas especiais, abertura e encerramento de congressos, festas cívicas e homenagens, etc.) e são em geral pronunciados pelas pessoas de mais autoridade no evento, representantes de corporações, convidados de honra e os homenageados quando for o caso.
Discursos não são para serem pronunciados em meio a uma festa. Quando estão previstos para um jantar ou almoço, devem ser deixados para o final, após a sobremesa, depois que as pessoas tenham usufruído do encontro. Porém se a refeição é seguida de dança, esta deve ter início após os discursos.
Ao iniciar, o orador deve citar corretamente as pessoas gradas e autoridades presentes, na devida ordem de precedência, diz por que está presente, e a quem representa, e qual a ligação que tem com o projeto da companhia, a turma de formandos, a organização do congresso, conforme for o caso.
Para falar em público a pessoa deve preparar, ainda que em linhas gerais, aquilo que vai dizer, ter o cuidado de reunir informações corretas e traçar um roteiro pela ordem de importância dos tópicos a que vai aludir. Para o iniciante, no entanto, nada é mais importante que saber como vai terminar seu discurso; precisa ter um fecho preparado, caso contrário ficará sem saber como concluir e completamente embaraçado, precisando que alguém o socorra tomando a palavra para encerrar o assunto em seu lugar.
Dom. Forma de tratamento dado a príncipes da realeza ou da Igreja Católica (bispos e cardeais).
Doutor. A palavra “Doutor” deveria ser empregada somente nos dois únicos significados que tem: “médico”, por tradição, ou um determinado grau de estudo universitário obtido em uma especialização além do bacharelado. O emprego indevido de “Doutor” é comum entre a gente mais humilde e sem instrução, e por funcionários mal preparados, que associam a palavra Doutor a um status social ou a um nível de autoridade superior ao seu. Essas velhas divisões não são condizentes com a democracia. É necessário lembrar que não existe lei que obrigue uma pessoa comum a tratar uma outra por Doutor. Esse tratamento só é obrigatório nos meios acadêmicos para aqueles que fizeram defesa (antigamente pública) de tese. Tão pouco um tratamento discriminatório desse tipo poderá ser um dever de Civilidade ou de Boas-maneiras. Quando estabelecer um novo relacionamento, limite-se ao uso de “Senhor”, e não utilize “Doutor”, exceto numa relação profissional, se assim desejar, caso esteja sob os cuidados de um profissional formado.
Drambuie. V.p.f. Aperitivos, coquetéis e licores.
2001/2009
R.Q.Cobra
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Verbetes de Boas Maneiras e Etiqueta. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2001/09.