Pierre Janet

Hoje: 21-11-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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Pierre Janet, ou Pierre-Marie-Félix Janet, nascido em 30 de maio de 1859 e falecido em 24 de fevereiro de 1947, em Paris, foi um psicólogo e neurologista reconhecido tanto na França como nos Estados Unidos, por desenvolver o tratamento clínico das doenças mentais em conexão com a psicologia acadêmica. Filho de um jurista e sobrinho de um professor de filosofia da Sorbone, determinado a ser professor, ingressou na Escola Normal em 1879. Lecionou, de 1882 até 1889, nos liceus de Châteauroux e do Havre, período em que trabalhou na preparação de sua tese de doutorado em psicologia, como ramo da filosofia, na universidade de Paris. Para esse fim, estagiou nas clinicas de dois psiquiatras franceses, Gibert e Powilewicz.

Janet apresentou a tese Automatisme psychelogique. Essai sur les formes inférieures de l’activité humaine em 1889. Essa tese sobre os atos automáticos e o automatismo psicológico, preparada no Havre, teve muitas edições. Continha vários dos conceitos que Sigmund Freud usaria depois na Psicanálise, como os estados inconscientes da mente, que explicariam o esquecimento que se segue ao hipnotismo e aos ataques histéricos, e a ideia de que estes últimos se deviam a ideias inconscientes fixadas por experiências traumáticas. Isto levou mais tarde a uma disputa com Freud sobre quem foi o primeiro a reconhecer o inconsciente. Sua teoria seria melhor exposta na sua segunda tese, L’état mental des hystériques, que haveria de publicar mais tarde, em 1892.

Desde seu primeiro trabalho, sobre um caso de clarividência e hipnose, lido por seu tio na Sociedade de Psicologia Fisiológica em 1882, Janet havia chamado a atenção do neurologista Jean-Martin Charcot, famoso pelo uso que fazia da hipnose no estudo da histeria. Charcot, que dirigia o manicômio da Salpêtrière em Paris, – na época a maior instituição francesa para tratamento de doenças mentais –, criou para ele o laboratório de psicologia experimental naquele hospital. No mesmo ano de 1889, Janet iniciou seus estudos de medicina, trabalhando com Charcot.

Na Salpêtrière Janet completou a tese para seu diploma de médico, L’état mental des hystériques (O estado mental dos histéricos) publicada em 1892, na qual ele tenta classificar formas de histeria segundo as manifestações envolvidas de paralisia, sonambulismo e amnésia. Procurando relacionar a histeria com teorias psicológicas da época, ele considerou a histeria, juntamente com a hipnose, essencialmente de origem psicológica e um produto de “sugestão”. No prefácio da tese, escrito por Charcot, este solidariza-se com Janet no pedido de união dos esforços da psicologia e da medicina. Nessa obra, associou, à epilepsia e à histeria, também o que denominou psicastenia, objeto de Les obsessions et la psychasthénie, publicada no ano seguinte, 1903, expressão que se incorporou ao vocabulário psiquiátrico.

Além da direção do laboratório, tendo obtido transferência para Paris, Janet continuou a lecionar filosofia, primeiro no Colégio Rollin e depois no liceu Condorcet, até 1897,

Em 1898 foi apontado professor de psicologia experimental na Sorbone. Cinco anos depois, em 1902, passou a ensinar no Colégio de França, por influência do amigo o filósofo Bergson, lá permanecendo até 1936. Além de lecionar Janet era também médico praticante especializado em desordens mentais e nervosas.

Na obra De l’angoisse à l’extase, aparecido en 1926 Janet resumiu seu pensamento, e nas obras Les médications psychologiques de 1919, e La médecine psychologique, de 1923, apresentou seu método terapêutico. Esse método apoia-se na sua teoria de uma força energética, que poderia ser influenciada através das técnicas de hipnose e “sugestão”, estimulação em uns casos e sono e repouso em outros.

Ele escreveu e ensinou uma larga variedade de assuntos, inclusive sobre a habilidade de agir independentemente, a histeria, a obsessão, a amnésia e a personalidade. Preocupado principalmente em investigar personalidades desorganizadas, inconstantes ou divididas, ele enfatizou aspectos psicológicos na hipnose e contribuiu para o moderno conceito de neurose, a classe das desordens emocionais e mentais relativas à ansiedade, fobias, e outros comportamentos anormais. Crítico severo da doutrina psicanalítica de Freud, contrário à origem sexual das neuroses, e reivindicando para si, contra Freud, a criação do método catártico na terapia, como um desdobramento de sua própria teoria das ideias fixas subconscientes.

Seus estudos, experiências e escritos o tornaram conhecido em todo o mundo, e pode expor suas ideias no exterior, principalmente no meio psiquiátrico nos Estados Unidos onde, deixou forte influência. Suas aulas na Universidade de Harvard, em 1906, foram publicadas em inglês com o título The Major Symptoms of Hysteria (“Os principais sintomas de Histeria”) .Um discípulo seu, Morton Prince, cultivou na América a sua abordagem das doenças mentais, que procurava unir os esforços da psicologia e da medicina.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 20-04-2003.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Educação e Comportamento: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2003.