Hoje: 21-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Raymond-Claude-Ferdinand Aron (1905-1983), sociólogo francês, historiador, filósofo e jornalista político. Filho de um jurista judeu, passou seu doutorado em 1930 na École Normale Supérieure com a tese em filosofia da História. Foi professor de filosofia social na Universidade de Toulouse. Quando estourou a II Guerra em 1939, entrou para a Força Aérea Francesa. Após a queda da França, ele juntou-se às forças da França Livre do General Charles de Gaulle em Londres onde editou o jornal La France Libre (“A França Livre”), de 1940 a 1944. De volta ao seu país França tornou-se professor na École Nationale d’Administration, e, de 1955 a 1968 foi professor de sociologia na Sorbonne.
Aron tomou partido contra o movimento estudantil que incendiou Paris em maio de 1968. O movimento era a favor das drogas, da liberdade sexual e homossexual, e desencadeou uma onda planetária de permissividade e enfurecimento dos jovens. Segundo os estudantes, o objetivo do movimento era minar as ideias e valores da burguesia, e contra qualquer um que quisesse sustentar a lei e a ordem, a família e a religião. Era, para eles, a gloriosa tentativa de criar uma nova ordem, um novo mundo, um novo começo na política, na cultura e nas relações pessoais. Nos Estados Unidos, os estudantes forçaram os militares à retirarem das forças americanas do Vietnam. No Brasil, levaram ao endurecimento do governo militar.
Em Paris, os baderneiros fluíram para o Quartier Latin, levantaram barricadas, viraram e incendiaram carros, e jogaram garrafas incendiárias na polícia que tentava restabelecer a ordem. Os estudantes eram estimulados por radicais da classe média, principalmente Jean-Paul Sartre e sua amante Simone de Beauvoir, Michel Foucault, Jacques Derrida e Julia Kristeva. Esses intelectuais, – e mais os políticos esquerdistas como François Mitterrand e Pierre Mendes-France -, saudavam os estudantes como “libertadores” que estavam ensinando aos mais velhos uma lição cultural. Um dos poucos a manter a cabeça no lugar foi Raymond Aron, que denunciou a coisa toda como uma grande tolice, uma “insensatez perniciosa”
Confirmando a posição de Aron, nas eleições então convocadas por De Gaulle os franceses derrotaram os rebeldes por uma diferença incomum de votos.
A partir de 1970 Aron foi professor no Collège de France. Toda a sua vida foi um jornalista ativo e a partir de 1947, por 30 anos, um influente colunista do Le Figaro. Deixou o jornal para ser, a partir de 1977, colunista político do semanário L’Express.
Aron sustentava um humanismo frequentemente confrontado com o existencialismo marxista de seu contemporâneo Jean-Paul Sartre. Gozou de uma posição de autoridade intelectual entre os conservadores e moderados franceses. Entre os seus trabalhos mais influentes estão L’Opium des intellectuels (“O ópio dos intelectuais”), de 1955, que criticava o conformismo de esquerda e as tendências totalitárias dos regimes marxistas. Aron ele próprio tornou-se um forte apoio para a aliança ocidental que se formou após a guerra. Em La Tragédie algérienne (“A tragédia algeriana “), de 1957, ele proclamou seu apoio à independência da Algéria. e na République impériale: Les États-Unis dans le monde, 1945-1972 (“A República Imperial: Os Estados Unidos e o Mundo, 1945-1973”), de 1973, ele atacou a hostilidade obsessiva da esquerda francesa contra os Estados Unidos.
Um tema frequente nos escritos de Raymond Aron foram as questões da violência e da guerra, como em Paix et guerre entre les nations (“Paz e guerra entre as nações”), de 1962. Também escreveu um importante livro de história da sociologia intitulado Les Étapes de la pensée sociologique (“As etapas do pensamento sociológico”), de 1967. Suas memórias foram publicadas em 1983.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 00-00-2001.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – Filosofia Contemporânea: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 2001.