Hoje: 27-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Karl Roben Eduard von Hartmann, (1842-1906), filósofo alemão, chamado “o filósofo do inconsciente” que em sua metafísica procura conciliar duas correntes contrárias de pensamento, o racionalismo e o irracionalismo, por meio do papel central que atribui ao inconsciente.
Hartmann foi um militar por breve período, mas teve que deixar o exército devido a um ferimento no joelho sofrido em 1865 e iniciou então seus estudos de filosofia. Escreveu grande número de trabalhos psicológicos e metafísicos, entre os quais vários estudos sobre os filósofos alemães Kant, Arthur Schopenhauer, e G.W.F. Hegel, além de estudos sociais sobre religião, ética e política.
Die Phflosophie des Unhewusslen (“Filosofia do Inconsciente”), em 3 volumes, de 1870, é considerada sua obra principal e teve várias edições. Mal interpretado, o livro lhe deu fama de filósofo pessimista. Notável pela diversidade de seu conteúdo, a quantidade de exemplos concretos, e seu estilo vigoroso e lúcido, o livro também trouxe a Hartmann uma exagerada reputação de pessimismo. Realmente, ele se aplica ao pensamento de Schopenhauer, cuja visão pessimista do homem e do mundo lhe deu tal título. Porém, Hartmann tem uma esperança otimista no futuro, dentro da ótica de Hegel, em que um estado da civilização, como antítese, sucede a outro e desses opostos sairá uma síntese, sempre com a perspectiva de um melhor futuro para a humanidade..
Resumidamente, Hartmann baseia-se no fenômeno do inconsciente humano, que segundo ele evolui em três estágios.
No primeiro, chamado inconsciente, tanto a razão como a vontade, aquela objeto do racionalismo, e esta última, objeto do irracionalismo, estavam unidas em uma única coisa existente (o “absoluto”), e não apenas a “vontade” como pensou Schopenhauer; ambos compreendendo o princípio espiritual subjacente a tudo que existe. Com a queda do homem, a razão e a vontade foram separadas e a vontade, como um impulso cego e incontível (precisamente como Schopenhaur a descreve), domina e determina o inconsciente (a força do instinto, como depois colocaria Freud).
O segundo estágio (na lógica hegeliana o que seria a antítese) da evolução do homem, começa com o surgimento da vida consciente, no qual o homem começa a distinguir e lutar por ideais como a felicidade, e este é o estágio em que Hartmann via a humanidade, na qual as duas forças, da vontade irracional e do espírito racional, competiam (como tese e antítese na lógica hegeliana). Por isso, tanto a miséria como a civilização continuarão a avançar até que a miséria e a decadência humana atinjam o seu máximo. Somente então o terceiro estado será possível, um triunfo hegeliano (a síntese) no qual a razão prevalecerá sobre a vontade.
O homem, que vive o segundo estágio, está condenado à luta, em que a tentação de cometer o suicídio e outras práticas de egoísmo precisam ser contidas pelo pensamento racional. A humanidade precisa empenhar-se em uma evolução social gradual, e não lutar pela ilusão de uma felicidade impossível em futuro próximo. A despeito deste destino otimista que pensou para a humanidade, Hartmann foi considerado um pessimista cujos pontos de vista contribuíram para correntes filosóficas extremadas do século XX, como o niilismo.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 20-04-2003.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – Filosofia Contemportânea: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 2003.