Hoje: 23-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Antes mesmo do ser batizado, a criança já é um ente social, e por isso algumas normas de Boas Maneiras e Etiqueta já lhe dizem respeito, tais como a própria participação do seu nascimento.
Participação. A participação do nascimento da criança pode ser feita informalmente, por telefone ou e-mail, e de modo formal, por escrito. Neste último caso, uma participação, vazada em termos simples, utiliza um cartão branco, no tamanho normal, com os dizeres, por exemplo: “Isabel e João Luís de Souza sentem-se felizes em comunicar o nascimento de seu filho”. Logo abaixo, ao centro, o nome do bebê. Embaixo, no canto esquerdo, o endereço dos pais, e na mesma linha, no canto direito, a data do nascimento. .
Quando a participação é feita após o batizado, podem ser incluídos os nomes dos padrinhos. Ex.:”Isabel e João Luís de Souza sentem-se felizes em comunicar o nascimento de seu filho que recebeu no batismo o nome de João Luís”. Embaixo, no canto esquerdo, em duas linhas, o nome do padrinho e da madri¬nha. e no canto direito, a data do batizado.
Finalmente, há um modelo de participação mais formal, feita em um cartão branco dobrado em dois, com os mesmos dizeres do exemplo acima impressos na face direita interna, porem os nomes dos pais na forma “O senhor e a senhora João Luís de Souza”.
Em qualquer dos casos acima, a participação deve ser feita na segunda ou no máximo na terceira semana após o nascimento.A participação recebida por escrito, será respondida também por escrito, ou por um agradecimento pessoal em uma visita aos pais e ao recém-nascido. O visitante leva um presente destinado ao bebê e flores para a mamãe.
A participação recebida por telefone ou e-mail pode dar tempo para que a visita seja feita ainda na maternidade. Mas é importante indagar de quem participa, se esta visita pode ser feita, porque mesmo quando o parto ou operação corre bem, o estado psicológico da mãe pode requerer que esteja em repouso, sobretudo no caso do primeiro filho, quando problemas com o início da amamentação podem deixá-la nervosa.
O batizado. A cerimônia do batizado tem um ritual litúrgico próprio em cada denominação religiosa. Na Igreja Católica tem lugar, após dois ou três dias de nascida a criança, e em até dois meses. A cerimônia é breve e simples. Mas é requerido que os padrinhos assistam algumas palestras preparatórias, destinadas a despertar-lhes a consciência do significado e da importância do sacramento.O batizado é a cerimônia de imposição do nome, e o reconhecimento da criança em seu meio religioso..
Para o batizado, usualmente a criança, seja menino ou menina, é vestida com roupa longa, branca e bordada, sapatinhos brancos, não raro com uma touca de aba bordada. A mãe evita roupas escuras e o preto para si. A caminho da pia batismal, no interior da igreja: o bebê entra na frente, no colo da avó ou de uma das tias ou de sua babá. Seguem-no o padrinho e a madrinha. Vêm logo após os membros da família. Não é considerado próprio que o padrinho e a madrinha se dêem o braço, ou qualquer dos outros casais nesse cortejo. Chegando o grupo à pia batismal, a madrinha segura o bebê, e a mãe diz ao sacerdote o nome que a criança receberá.
Após a cerimônia o sacerdote ou o secretário da paróquia entregam aos pais a certidão de batismo, que eles devem guardar para apresentação nas habilitações como primeira comunhão, crisma, ingresso em um seminário ou escola católica, ou casamento. Apesar de ser usualmente uma cerimônia com a presença de poucos participantes, pode também ser intercalado no intervalo ou ao final de uma missa ou culto, e assistido pela comunidade. É ocasião de doar ao oficiante certa importância.
Nome. Nas diversas religiões, é através do batismo que a pessoa recebe seu nome, o qual é, na mesma ocasião, registrado em cartório público, quando então são acrescentados os sobrenomes que deverá usar após o nome. Quando a escolha é inspirada na história religiosa, o nome escolhido é o de algum profeta, profetiza, santo ou santa da fé respectiva. Porém, a escolha do nome cabe exclusivamente aos pais. Devem atentar, porém, a que o nome combine ritmicamente com o sobrenome, e nisso a introdução da conjunção “de” pode ajudar como em “Marco de Oliveira”, que soa melhor que “Marco Oliveira”.
Muitos casais gostam de dar aos filhos um nome tradicional na família do pai ou da mãe. Por isso consagrou-se o uso de “Filho”, “Neto” e “Sobrinho”. Combinações de nomes como “Antônio Carlos”, “Pedro Henrique” e outras, de um modo geral despertam simpatia.
Evitam-se nomes que possam parecer pretensiosos, como batizar a criança com nome de um presidente notável (Kenedy), um ativista famoso (Guevara), um cientista de grande renome (Albert Einstein) etc. Evitam-se igualmente nomes compostos de parte do nome da mãe e parte do nome do pai, porque o seu portador terá sempre que explicar a origem do seu nome bizarro.
Padrinhos. A escolha dos padrinhos de batismo é um ato responsável e como tal deve ser precedido de cuidados.
Em quase todas as religiões a criança ou adulto que é batizado tem padrinho e madrinha, ou apenas um deles. Pela tradição, padrinhos são considerados como substitutos eventuais dos pais da criança, na falta destes. Se os pais e os padrinhos são de religiões diferentes, torna-se problemática a realização do batizado. . A razão é que os padrinhos se tornam, no ato, o responsáveis pela formação espiritual religiosa da criança batizada, e não terão condições para tal, se o afilhado não é da mesma religião que eles.Melhoram muito as possibilidades se ambas as religiões forem cristãs, e se torna improvável se, por exemplo, os pais são católicos e o padrinho ou madrinha judeus
Antes de fazer o convite para padrinhos, os pais da criança devem discutir com a autoridade eclesiástica a condição de fé, situação matrimonial (divorciados talvez não sejam aprovados) das pessoas escolhidas, a fim de evitar frustrações, mal estar e mesmo discussões quando se apresentarem junto à pia batismal.
Os convidados a padrinhos podem recusar, com base no argumento de que são ateus, ou de religião diferente. Cria-se uma situação delicada tanto para aquele que recusa como para aquele que recebe a recusa. Por este e outros motivos, inclusive algum que os convidados prefiram não revelar, uma consulta prévia é aconselhável, a fim de eliminar os riscos de recusa.
Os pais devem também indagar das pessoas que desejam convidar se aceitariam fazer o “curso de padrinhos”, quando este é requerido. Algumas igrejas oferecem cursos para padrinhos, e podem não aceitar batizar a criança se os padrinhos não tiverem o respectivo certificado.
A responsabilidade atribuída ao padrinho na cerimônia religiosa do batismo requer que este, além de ter boa formação moral, seja também uma pessoa jovem, com uma perspectiva de vid que lhe permita acompanhar o progresso do afilhado em seu desenvolvimento até a maturidade. A escolha não pode recair em uma pessoa que é mal conhecida, em uma relação passageira, por mais empolgados que fiquem os pais com o novo conhecimento São desaconselhados avós, chefes, patrões e patroas, e amigos ainda que os mais chegados, caso não preencham esses requisitos .Atualmente os pais preferem convidar padrinhos tão jovens ou mais do que eles, em idade de acompanhar e assistir a vida do afilhado, como quer a Igreja..Porém, mesmo que um padrinho mais velho venha a falecer, se o critério de escolha for o de que ele fosse um exemplo para o afilhado, a presença de sua lembrança terá força para influir sempre favoravelmente no afilhado, como se ele estivesse presente.Pode ser um grave erro a escolha de padrinhos guiada pela perspectiva de ajuda financeira para a criação e formação da criança e do seu sustento, quando crescer.
Dentro do espírito cristão da família, convem analisar o aspecto de quanto a escolha entre irmãos, primos e sobrinhos pode contribuir para maior união da família, desde que o espírito seja o de estreitar os laços de familiares, e não a expectativa de lucro para o filho esperando-se grandes dádivas do padrinho etc etc.).É conveniente, no entanto, sondar se o convite será ou não bem rece¬bido, e no caso de irmãos e primos, se uns já não estão com uma cota mais alta de afilhados que outro.
O rito. Diferentemente dos casamentos, não é costume fazer um ensaio para um batizado. É, portanto, uma boa medida passar aos padrinhos a orientação sobre o que deverão fazer, e as respostas que eles deverão dar durante a prece batismal. Veja, por favor, o ritual para batismo de uma criança na Igreja Católica na página Ritual de Batismo.
Procurações. Se as pessoas escolhidas para padrinho ou madrinha, ou ambos, se encontram ausentes, podem procurar sua igreja no local em que estão e solicitar que seja feita uma procuração para que alguém possa representá-los na cerimônia. Os representantes escolhidos para procuradores costumam ser pessoas mais velhas, talvez porque a diferença de idade em relação aos padrinhos caracterize melhor seu papel mediador e transitório.
Presentes. O padrinho e a madrinha, se não são um casal, oferecem separadamente seus presentes. Copinhos, colheres, garfos e faquinhas de prata, correntinhas com medalhas em ouro. Os convidados que ainda não presentearam a criança por ocasião do nascimento levam um presente próprio para até a idade de um ano.
NOTA: Um detalhe quanto aos presentes: como se destinam à criança recém-nascida e que obviamente não tem discernimento para apreciá-los, os pacotes são abertos pelos pais posteriormente.
Recepção. À cerimônia religiosa do batismo segue-se uma recepção em família, um evento de certa cerimônia, e não uma festa ( Veja, por favor, a diferença entre “festa” e “recepção” em Quadro de Definições), com a presença dos padrinhos e alguns amigos íntimos. É mais comum o batizado pela manhã, seguido de almoço. O batizado à tarde, é seguido de um Chá, no qual são servidos salgadinhos, doces, e o bolo do batizado. O convite para a recepção é feito de modo informal: não há convite escrito uma vez que se trata, normalmente, de uma festa familiar.
Almoço:
São convidados os parentes mais próximos, os amigos que tenham comparecido à cerimônia, os padrinhos e o celebrante. Na ocupação dos lugares â mesa, há, como é sabido, o modo inglês e o modo francês (Veja, por favor, a página Lugares à Mesa. No modo inglês, o lugar de honra é reservado ao celebrante, à direita da mãe da criança, dona da casa. O padrinho ficará, então, à sua esquerda. A madrinha ficará à direita do pai do batizando, dono da casa. No modo francês, os anfitriões ficarão no centro da mesa, um frente ao outro. Os lugares de honra têm a mesma posição: à direita do anfitrião se sentará a madrinha, à direita da anfitriã, o sacerdote, e à sua esquerda, o padrinho. Mas o modo francês permite uma variação, que é sentarem-se juntos o anfitrião e a anfitriã, tendo ele à sua esquerda a madrinha, e ela à sua direita o padrinho. O sacerdote se sentará no lugar de honra, no meio da mesa, do lado oposto, frente ao anfitrião.
No almoço do batizado, a cor branca predomina, na decoração, na toalha de mesa, na louça, e os copos não são coloridos.
O menu é leve, evitando-se churrasco e pratos mais fortes como feijoada, etc. Os vinhos são preferencialmente suaves e menos alcoólicos, e o espumante do tipo champenoise (tipo champanhe) preferencialmente aos prossecos (método Charmat, geralmente com excesso de gases), para o brinde a ser erguido pelo padrinho.No brinde o pai agradece a presença dos convidados, e o padrinho, em seu nome e da madrinha, também levanta um brinde exaltando a religiosidade da família da criança e augurando felicidades ao afilhado.
Após o brinde, o bolo é partido para ser servido como sobremesa.Em lugar de velinhas (não é comemoração de aniversário) o nome do bebê é escrito sobre o bolo com glacê branco ou colorido em azul claro para meninos, e rosa bem claro para meninas.
Chá:
O batizado realizado à tarde, tem como recepção um Chá. Constará de uma mesa de doces finos e salgadinhos não gordurosos, e uma mesa auxiliar com a baixela de chá, xícaras, pratinhos e talheres.Guardanapos iguais, toalha transparente, bordada ou aplicada, nas duas mesas.
São oferecidos, para acompanhar o chá (como bebidas quente) o café, leite e chocolate quentes. Como opção os sucos de laranja, caju e abacaxi naturais. Como comestíveis, levemente aquecidos, croissants, mini-pão francês, torradas e ao natural: manteiga individual, mel, queijo brie,tortas, sanduíches pequenos de pão de forma macio, trufa de champanhe, compotas de pêssego, torta de maçã, pudim de leite condensado, Petit Fours, biscoitos amanteigados e outros
A dona da casa deve ter uma copeira, para ajudá-la a servir.
O champanhe é necessário, não para consumo durante o Chá, mas exclusivamente para o brinde ao bebê. É servido no final da recepção, para os brindes.
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Em qualquer das duas opções (Almoço ou Chá), a presença dos convidados não deve se estender por muito tempo além do serviço, para não cansar a mãe e o bebê. Ao final do evento ele deverá ser trazido à sala, por alguns minutos apenas, para a despedida dos padrinhos e convidados, e este será um sinal de que a recepção terminou.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 23-04-2008.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Celebração do Batismo. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2008.