Hoje: 21-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
1. Bodas
A palavra boda (segundo o Aurélio, vem do latim vota, que significa “promessa”, “voto” e, pelo menos no Brasil, é usada no plural com significado de celebração de casamento, e também a festa com que se comemora o aniversário do casamento. São também promessas ou votos a ordenação sacerdotal, episcopal, os votos dos religiosos e religiosas e, por extensão comumente aceita, tudo o mais que tiver fundação ou inauguração solene, que assim têm também comemoradas como bodas os aniversários correspondentes.
2. Símbolos e presentes
As bodas são batizadas com o nome de um material que pode ser uma pedra preciosa, um metal precioso ou comum, e outros materiais como porcelana, algodão, seda, etc. A lista desses símbolos foi criada por associações comerciais para marcar as comemorações mais importantes (a cada cinco anos). As principais comemorações são: o 10º aniversário de casamento: Bodas de estanho; os vinte e cinco anos de casados: “Bodas de prata” (presentes banhados em prata ou na cor da prata) o 30º aniversário de casamento: Bodas de pérola; o 40º aniversário de casamento: Bodas de esmeralda; e os cinquenta, “bodas de ouro” (presentes em ouro ou cor de ouro).
A cor própria do aniversário é usada também na decoração, no envoltório de presentes e na cor das balinhas que são oferecidas aos convidados como “lembrancinhas” da festa. o 50º aniversário de casamento: Bodas de ouro.
Em minha pagina sobre presentes para as bodas listo um maior número de aniversários com os seus símbolos.
3. Agenda
Uma agenda, que pode ter a forma de um gráfico cronológico de caminhos convergentes, permitirá uma melhor coordenação do trabalho conjunto.
Nos primeiros anos do casamento as bodas são tradicionalmente celebradas apenas pelo casal, os amigos e parentes cumprimentam-nos com um cartão alusivo à data ou por meio de telefonema, ou ainda por e-mail. Nas primeiras somas de anos mais significativas, como 10, 15 e 20 anos, tradicionalmente se faz um encontro informal e despretensioso, como um almoço ou jantar reunindo alguns amigos e parentes mais chegados. Tradicionalmente, a primeira grande festa acontece nas Bodas de Prata, ao completarem-se vinte e cinco anos do casamento.
A organização da festa das bodas de 25 anos ainda é grandemente responsabilidade do casal, mas em cuja preparação os filhos, movidos pelo desejo de homenagear seus pais e valorizar os laços de família, têm já uma participação marcante, Qual deles será o líder nessa participação eles mesmos devem decidir entre si. Não tem que ser obrigatoriamente o mais velho, mas aquele que estiver mais motivado a montar uma festa, e dispuser de mais tempo.
As festas de bodas dos aniversários mais avançados são, em geral, promovidas pelos. Como é uma celebração em que os pais são os homenageados, ainda que o aniversário seja assumido como da constituição da família — do que falo adiante – e não apenas do casamento deles, eles terão a liberdade de decidir se desejam ou não que ela aconteça, e se eles próprios organizarão os eventos ou permitirão que os filhos assumam a dianteira nos preparativos. No convite, os promotores figuram como anfitriões, e são os que convidam e recebem os convidados. Ainda que desejem surpreender os pais com uma festa de bodas, ao fazerem a lista de convidados os filhos precisam sondar quem eles gostariam de encontrar em uma festa, de modo a que a lista de convidados não fique desfalcada de nenhum dos seus amigos.
A agenda dos preparativos para a festa de bodas inclui quase todos os itens da agenda de preparativos para as celebrações de casamento que mostro em minha página. Os prazos indicados para os convites, para a contratação da firma encarregada de organizar a recepção, a contratação de fotógrafo, reservas, cardápio, bebidas, decoração, etc. são válidos também para a festa de bodas. Se o casal que aniversaria completar as comemorações com uma viagem recreativa, então inclusive os lembretes referentes à lua de mel dos casais novos se aplicarão a essa viagem do casal aniversariante.
Novas alianças. O casal deve definir as alterações que serão nas alianças, No caso das Bodas de Pratas, há quem prefira encomendar novas alianças em ouro branco com folhas de heras gravadas. Outra opção seria colocar um filete de platina, ouro branco ou prata nas alianças que o casal já usa.
As alianças das Boda da Ouro são ligeiramente mais grossas que as do casamentos. No topo, recebem ainda uma camada superposta ainda em ouro, mas em tonalidade diferente , onde são gravadas as folhas de hera. A folha de hera é considerada símbolo da fidelidade
Fotografias. Poderão constituir três series, como nos casamentos. Uma de fotos na residência, outra de fotos na cerimônia religiosa, outra de fotos tiradas na entrada da recepção na medida que cheguem os convidados e são recebidos pelos homenageados e o casal, e outro ainda quando for servido o jantar, escolhendo o próprio fotografo os grupos.
Uma tela no local da recepção poderá mostrar a serie de casa e a serie da cerimônia religiosa, e também as fotos da entrada dos convidados.
Decoração. Decoração simples, seja em casa, seja em um salão alugado para a festa. Uma vez que o ouro é a cor das bodas de 50 anos, balões brancos e dourados, velas douradas, folhagem artificial dourada em espiral nas colunas ou arranjos sobre as mesas ou em vasos, um serviço de porcelana e os cristais com fímbria dourada; Também rosas naturais amarelas e brancas, camélias, intercaladas com florinhas de violeta em centros de mesa.
Noticia. Uma pequena notícia paga em uma página social do jornal local de maior circulação, alguns dias após a festa e, se possível, acompanhada de uma foto do casal, será um complemento de muito valor para as homenagens e uma importante lembrança do evento.
4. Missa ou culto
Uma cerimônia religiosa geralmente é parte das comemorações das bodas.
Usualmente é celebrada uma missa ou realizado um culto, com inclusão ou não de um ritual de confirmação solene dos votos do matrimônio, após o qual tem lugar uma recepção.
Um roteiro das leituras e orações pode ser preparado e após sua aprova;ao pelo pastor ou padre, distribuído entre os convidados. Um exemplo esta na minha página Missa das Bodas.
Bênçãos especiais: As bênçãos de renovação do casamento e das novas alianças estão minha página Missa de Bodas.
5. Recepção
Em geral segue-se à missa, e nisto também se assemelhará à recepção das bodas à do casamento. Porém, a recepção não precisa seguir-se imediatamente parte religiosa, como no casamento, podendo ser marcada para mais tarde, se a missa é pela manhã, ou mesmo para o dia seguinte, se for conveniente. Haverá também um bolo, e brindes, lembrando que quando a festa é de iniciativa dos filhos, eles são os anfitriões e caberá a um deles fazer o primeiro brinde, ao qual um dos pais, ou ambos, poderão responder, agradecimento.
O menu inspirado na cozinha regional ou com um prato que apresente poderá também ser uma nota de homenagem. O menu levara em conta as preferências do casal aniversariante, bem como1ualquer restrição de uma dieta que precisem observar.
O mesmo se pode dizer da sobremesa de doces e do bolo. Uma foto do casamento ocorrido a 25 ou 50 anos atrás pode ser encontrada, a qual permitirá recriar a o bolo de núpcias do casal, ajustadas as proporções para o numero de convidados da festa de bodas, O mesmo poderia ser feito com os doces, que seriam semelhantes aos da festa do casamento.
Discursos. Nas bodas tradicionalmente mais importantes – sejam comemorações formais ou informais e íntimas –, espera-se que sejam ditas algumas palavras e levantado um brinde. Se os filhos estão promovendo a festa, eles são os anfitriões e um deles deve falar primeiro.
No discurso de um filho não entram comentários sobre o casamento dos pais, se eles tiveram rusgas, passaram por alguma separação temporária, ou sobre dificuldades enfrentadas pela família no plano sentimental.
A ênfase do seu discurso será mais no sentido das relações pais e filhos, com cuidado em não provocar reações emocionais dos pais ou qualquer dos presentes, uma vez que a própria natureza da comemoração é carregada de sentimentos.
Podem falar de momentos felizes de suas vidas que foram manifestação especial dos carinho dos pais, do primor da educação recebida, elogiar os pais pelo empenho em manter a família unida, por vencerem adversidades das quais a família saiu fortalecida, etc. Cada um dos pais, ou um deles, fala em seguida. Se estão sabendo ou se participaram nos preparativos ou não, o pai poderá ter um esboço do que falar em agradecimento aos filhos pela celebração. Se é uma festa surpresa, provavelmente não terão um discurso preparado e se limitarão aos agradecimentos a todos que os homenagearam. Este tópico é objeto da minha página “discursos e brindes”.
Basicamente os discursos de aniversário assemelham-se aos das recepções de casamento, jantar do ensaio do casamento, etc. Incluem agradecimentos aos que organizaram o evento e aos que vieram juntar-se à celebração. Uma coisa a ter em mente é que o casal escolherá seu próprio ponto de vista sobre a data e responderá de acordo.
Pode-se solicitar a amigos para prepararem discursos de brinde, ou que netinhos leiam uma nota ou declamem um poema infantil dirigido aos avós.Amigos podem ser solicitados a dizer alguma coisa interessante em relação ao casal, ou mesmo.
6. Bodas como aniversário da família
Para um casal as bodas poderão ser comemorações de sentido mais amplo e rico, se for assumido o seu significado de aniversário da família que nasceu com o matrimônio. Este significado cresce em importância quando, já por volta do décimo ano, a família está estruturada e possivelmente já completa em número. Desde crianças os filhos poderão entender este valor especial da data e se juntarem aos pais na sua celebração.
Como aniversário da família, as bodas constituirão uma oportunidade adequada para um reajuste entre todos, um exame do relacionamento, um confessar de aspirações e de palavras trocadas de encorajamento, reconhecimento pelas conquistas de cada um e o que se estabelecera como Política da Família para os anos vindouros.
A boa política de família é aquele modo estudado de agir que permite o constante melhoramento de todos, em experiência social, na experiência afetiva, na aquisição do conhecimento e em liberdade que obedece à razão e à moral Pais reconhecem seus filhos do modo próprio a cada etapa de seu desenvolvimento e sabem passar do autoritarismo que for necessário na infância a solidariedade quando se tornam adultos, são capazes de ouvi-los com atenção e lhes devolver cada sorriso.
Quantas atribulações uma família não precisa superar para chegar unida dentro de um relacionamento respeitoso e amigo aos 50 anos de casamento dos pais.
É preciso reconhecer que se o casal chegou a celebrar 25, 40 ou 50 anos de casados, e todos os seus filhos se juntam aos pais para comemorar a data, é porque, de algum modo, a política familiar funcionou.
E a razão da maioria dos casais não alcançar essas datas pode ser justamente a sua falha. Esta é uma política de resultados, ou seja, ela deve garantir o respeito, a harmonia e a união da família. Tenho uma página sobre quanto ela pode ser nefasta e destruidora dos lares (vide..) mas o que interessa à comemoração das bodas é o seu outro lado, a sua fórmula para a felicidade no lar, as boas normas para a sobrevivência da família por muitos anos apesar dos percalços do caminho.
7. O que muda na família?
A partir da emancipação dos filhos, e isto pode se dar já antes do casal completar bodas de prata, obviamente o relacionamento entre os membros da família se altera. Os pais não se aposentam porque os filhos já tenham alcançado a maturidade. Mas, de então em diante, a política da família requer uma responsabilidade compartilhada. Não que os pais fiquem aliviados de seus deveres de pais, pois continuarão preocupados em ajudar e ainda proteger qualquer dos filhos, se necessário. Reciprocamente, os filhos tornam-se corresponsáveis pela família. os filhos estarão atentos ao que possam fazer para maior conforto dos pais em sua idade avançada. É quando responsabilidade no seio da família passa a ser “solidariedade”. A partir das bodas de prata, ou mesmo antes, começa a crescer a cada ano a corresponsabilidade que está implicada na solidariedade.
Quando me pareceu que era a ocasião para a introdução da solidariedade em minha família, reuni meus filhos e lhes falei sobre isso, e vejo, desde então, como passaram a estar atentos ao interesse geral da família, de união, mútuo apoio, tolerância com os pais e entre eles próprios, uma solidariedade que passou a fundamentar a felicidade da família.
8. Pais separados
Vivemos uma época em que são relativamente poucos os casais que tem a oportunidade de celebrar um aniversário de 50 anos de seu casamento. Embora o período de vida das pessoas tenha aumentado significativamente, fazendo que um número maior alcance idade avançada, o número de divórcios é também crescente, e num prazo de cinqüenta anos, dois, três ou mais casamentos ocorrem para os mesmos indivíduos.
Os filhos, porém, podem promover uma comemoração do casamento de seus pais mesmo que estes estejam separados, e desde que concordem em comparecer juntos à festividade. Não existem cinquenta anos de casados para um casal que desfez seu compromisso e se separou anos antes. Porém o aniversário da família por eles constituída existe e pode ser comemorado, e eles chamados a participar como homenageados. Obviamente, tal situação haverá de requerer muita habilidade dos filhos para promover uma festa na data, que não venha a ferir sentimentos.
Como os convites são feitos pelos filhos, não haverá, no caso de convites impressos, qualquer modificação, como ocorre nos convites de casamento de pais separados.
9. Oração da paz
A Oração da paz pode ser uma lista de preceitos para a política familiar, para o relacionamento entre os irmãos, entre o casal, entre os pais e os filhos. Por isso funcionará também como uma lista para uma rápida analise dos anos do casamento.
Um canto ecumênico de grande força, a “Oração da paz”, poderia fazer parte do texto da cerimônia religiosa ou, não havendo esta, cantada e lida na recepção, precedendo a partição do bolo comemorativo. E uma canção que surgiu em 1913, como um clamor contra a guerra que se anunciava. Foi criada por autor anônimo e talvez seu anonimato fosse intencional, a fim de que não pertencesse a sua igreja mas a todos os credos, Por esse motivo também eu não a inseri no roteiro da missa de bodas. Apesar de seu teor não ter a cor de nenhuma religião, foi muito difundida pelos padres franciscanos que viram nela muitas coincidências com os ensinamentos de seu mestre, São Francisco.
Acredito que poderia ser cantada (no templo) ou recitada (na recepção) em três etapas, com a intercalação (no caso de ser cantada) de uma parte falada entre elas, como a seguir:
Canto (todos): Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.Leitor: No seio da família, deve prevalecer uma política familiar de paz, que ela própria seja reconhecida como um instrumento da paz social. Quando se manifestar o ódio e a desunião, que todos pensem em restaurar o amor pelo perdão. Espera-se dos pais mais que educação e alimento. No seio da família haverá a preocupação com a formação religiosa e o conhecimento. Espera-se deles encorajamento, consolo, animação, e que todos tenham um olhar esperançoso e confiante no futuro.
Canto (todos): Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eternaLeitor: Desejarem, os pais que eles, marido e mulher, tenham forças para o consolo mútuo, a mútua compreensão, o amor, a troca de afeto e o perdão, e pensar em si e nos filhos como uma família que transcenderá ao tempo.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 24-08-2009 e revisada em 06-09-2010.
Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Bodas. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2010.