Hoje: 21-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
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Cabeceira-da-mesa. Lugar à mesa considerado cativo no serviço de mesa inglês, o mais tradicional no Brasil, porque pertence ao anfitrião em um extremo, e à anfitriã, no outro extremo.
NOTA. Caso haja um convidado de honra de grande proeminência, pode ser adotada a disposição francesa, em que as pontas da mesa não são ocupadas, e o anfitrião se senta ao centro da mesa de um lado, e do outro, à sua frente, o convidado especial.
Cabelos. V.p.f. a página Cabelos.
Cabotino. V.p.f. Presumido.
Café. V.p.f. a página Café.
Caipira. Pessoa sem traquejo social. Traje “caipira”, que se usa nas festas juninas. Sin: matuto.
Caipirinha. V.p.f. Bebidas alcoólicas.
Calçadeira. Peça moldada ao calcanhar, usada para facilitar a entrada do pé no calçado. É acessório importante, cujo uso evita a deformação do sapato, e torna mais fácil calçar modelos como o mocacim.
Calderaro, Martha. Mulher da sociedade carioca, Marta Torres Duarte Calderaro é a autora de Etiqueta e boas maneiras (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983). Diz seu Editor que é “a excepcional tradutora de Marguerite Yourcenar e responsável por uma conhecida coluna sobre esse assunto (Etiqueta) no jornal O Globo”. Ela traduziu Mémoires d’Hadrien, de Yourcenar, publicado em 1951. Ana Lúcia Vasconcelos, em entrevista que faz ao críticos de literatura brasileira Léo Gilson Ribeiro no blog “Sal da Terra Luz do Mundo” (http://www.saldaterra_luzdomundo.blogger.com.br/) comenta que Martha Calderaro demorou dezoito anos traduzindo essa obra. trabalho que lhe valeu grande reconhecimento nos meios literários.. Recebeu, em 1981, o prêmio Jabuti de Literatura, 23ª edição, pela tradução da obra Memórias de Adriano.
Em 1953 residia no Edifício Alexandre – Rua Timóteo da Costa, n.o 26, que fica no Leblon, no Rio de Janeiro.
Ao falecer, deixou um espólio que foi leiloado – após uma pendenga judicial –, constante de 1.510 lotes, com preciosidades em joias, porcelanas, tapetes, móveis e bibelôs. Conforme estabelecido no testamento, a renda total da venda iria para antigos empregados e pessoas carentes que contavam com seu apoio. Do testamento constava também o desejo de que o leilão fosse conduzido por Haddad, de longa data seu amigo e conselheiro de arte.
Foi casada com Carlos Calderaro.
Caldo-quente. Caldo aromático e de sabor especial geralmente à base de carne e temperos cozidos em água, que é servido como Hors d’oeuvre ou como Entrada em uma refeição completa. É mais conhecido pela designação francesa Consommé, aportuguesada para “Consomê”. Utiliza-se para servi-lo uma taça especial com duas alças; toma-se com uma colher ou leva-se a taça diretamente aos lábios, segurando-a com as duas mãos. A taça tem seu prato de serviço próprio, sobre o qual o comensal deixa a colher que utilizar.
Califórnia. O prato “à Califórnia” é a comida salgada acompanhada com frutas, ao natural ou em calda doce.
Cama. O compartilhamento do leito enseja a preocupação com alguns aspectos óbvios de boa-educação, como não perturbar ou mesmo impedir o sono do outro, não prolongar a leitura se a luz acesa incomoda, manter-se no seu lado do leito, não puxar para si as cobertas, não se mexer a todo momento, etc. além de ter o corpo e os pés limpos, sem odores desagradáveis.
NOTA: A cama muito estreita dificulta alguns desses cuidados. O ideal para a cama do casal é que seja do padrão 1,60 x 2,00, a chamada king size por nossos avós. Se a pessoa não pode adquirir uma nova cama, será relativamente fácil transformar a estrutura de uma cama com 1,30 de largura e 1,90 de comprimento em outra de padrão maior.
Em uma carpintaria, os espaldares da cabeceira e dos pés podem ser serrados ao meio e colada entre as duas metades uma extensão de 30 cm. Em cada ponta dos batentes laterais é colado um calço perfurado para passagem do parafuso, cada um com 5 centímetros. Em seguida substituem-se os parafusos dos batentes por outros que tenham 5 centímetros a mais que os anteriores.
Cama, baldaquino. Estrutura de Colunas verticais em continuação aos pés nos quatro cantos da cama, unidas no topo por peças das quais pendiam cortinas ou mosquiteiros. É hoje um acessório em desuso.
Camarão. V.p.f. Como se come.
Caminhar. V.p.f. a página O modo educado de caminhar.
Camisa. Parte do vestuário feita de tecido leve, estampado ou liso, cujo feitio e cor se busca combinar esteticamente com o todo, inclusive com o tipo e a cor da pessoa que a veste. Com o paletó, casaca ou fraque usa-se sempre camisa de manga comprida. Camisas de manga curta e o modelo camiseta assumem vários estilos em corte e em cores; seu uso é restrito a situações informais, e à prática da maioria dos esportes.
NOTA. Não se senta à mesa de refeições com o torso desnudo ou usando camiseta sem mangas, ainda que em um clube ou restaurante de praia. Restaurantes e clubes que desejam comportamento mais formal de seus frequentadores podem não admitir sequer short ou bermuda no seu interior.
Canapé. Tipo de salgadinho feito ao forno. É comido com o uso das mãos. O mais comum e mais simples é feito com meia fatia de pão de forma sobre a qual é colocado um pedaço de queijo, levados ao forno até dourar.
NOTA: Um canapé mais caro é o de caviar. Este é vendido em pequenas latas redondas, como as de atum. É feito com maionese ou com creme de leite. A latinha de 100 gramas de caviar de salmão pode cobrir 64 ou 80 canapés.
Caranguejo. Em algumas regiões onde vivem caranguejos gigantes (caranguejo rei), os pescadores devolvem ao mar as fêmeas e os machos imaturos, para evitar a extinção da espécie.
NOTA: Por serem sabidamente carnes suscetíveis a fácil deterioração, moluscos e crustáceos devem ser mantidos vivos até o momento de serem servidos crus ou levados à panela. Os providos de conchas devem estar com elas fechadas antes do cozimento, e abertas depois da fervura. Industrializados, como o camarão, são mantidos continuamente congelados; a carne do caranguejo e do siri é extraída, cozida e pasteurizada para consumo.
Caricatura. Arte de representar um rosto exagerando seus traços mais distintivos, sem alterar características fundamentais da identificação. É empregado na charge, um tipo de humor que une à caricatura palavras para exprimir, por via da ridicularização, a crítica pretendida pelo artista (cartunista). Por atingir frontalmente o sentimento de autoestima da pessoa caricaturada, essa arte deve estar limitada aos objetivos do trabalho profissional do cartunista. É ofensivo, p. ex., o aluno fazer caricaturas de seus professores para divertir os colegas.
Fig. 2 – São consideradas “carne de primeira”: 6 – filé mignon; 7 – bisteca ou filé de costela; 8 – contra filé ou filé de lombo; 12 – Alcatra; 13 – lagarto; 14 – coxão mole ou chã de dentro; 15 – costela; 16 – alcatra, subcorte picanha; 21 – cupim; 19 – maminha; 20 –costela, subcorte aba do filé; 18 – Patinho. São consideradas “de segunda”, porém sem unanimidade: 1 – pescoço; 2 – acém; 3 – peito; 4 – braço ou paleta; 5 – fraldinha; 9 – músculo; 10 – ponta de agulha; 11 – coxão duro; 17 – capa de filé.
Carne-de-gado. Universalmente consumida, é colocada no mercado em cortes específicos conforme a parte do animal. Veja Fig. 2.
Carro. A palavra automóvel tornou-se menos usada em favor de carro. O sentido é restrito ao veículo desenhado para o transporte de uma a quatro ou cinco pessoas com o máximo possível de conforto, e dotado de um porta malas para bagagem ou pequenas cargas.
NOTA: Usualmente a palavra não se aplica a veículos maiores que o destinado a no máximo cinco pessoas, e a rodar em vias pavimentadas. Sob sua utilização requer cuidados quanto à vida e integridade do próprio motorista e de terceiros, mas também a observação de certas normas de Boas Maneiras e Etiqueta por seus usuários. V.p.f. Carro, assentos; Carro, carona; Carros, condutor; Carro, generalidades; e Carro, limusine.
Carro, assentos. Na relação convidado-anfitrião, se este último é quem está à direção do carro, o assento de honra é o lugar ao seu lado. Porém, se o veículo é dirigido por outra pessoa, as posições se conservam no banco de trás: o anfitrião ocupa o lugar atrás do motorista, junto à porta que abre para a rua, e seu convidado toma assento ao seu lado, atrás do assento de passageiro dianteiro, junto à porta que abre para a calçada. A ordem de importância em um carro comum está na Fig. tanto para o tráfego pela direita, como na maioria dos países, como para o tráfego pela esquerda, adotado em outros.
NOTA: Se um chofer profissional ou uma pessoa de menos importância está ao volante do automóvel, o lugar de mais importância é o de trás, do lado direito. Se um senhor está acompanhado de duas senhoras (sua própria esposa e uma convidada, p. ex.) e ele é quem dirige, a primeira delas se acomoda atrás, a segunda ao seu lado. Dois casais dividirão de seus consortes (como acontece em um jantar, ao cinema e ao teatro): os dois maridos no banco dianteiro e as duas senhoras no banco de trás. A uma pessoa anciã se pergunta com antecedência que lugar prefere. Uma senhora não senta nunca ao lado do motorista profissional.
Carro, carona. Durante a viagem, a pessoa que solicita carona na estrada não deve perturbar o motorista que faz a cortesia de levá-la, seja conversando, seja saudando conhecidos que vê pela janela, solicitando paradas ou desvios, chamando mais amigos para serem levados sem a vontade do motorista, etc.
Carros, condutor. A designação “chofer” [do francês chauffeur] é atualmente pouco aplicada, substituída por motorista tanto para o condutor profissional quanto para quem dirige seu carro particular. Se o homem pode estacionar o carro, ele abre a porta para a senhora que sai ou entra em seu veículo. Se vai apanhar uma senhora, o motorista não se mantém fechado no carro mas, desde que consiga estacionamento, desce e vai até a porta para escoltá-la até ao veículo. Se a traz em casa, escolta-a igualmente do carro até à porta de sua residência, a menos que a senhora o dispense dessa cortesia.
Carro, generalidades. A pessoa que está na direção do carro deve ter alguém ao seu lado, para não parecer que é um motorista profissional; deve abrir a porta para a sua passageira, oferecer-lhe o braço para ajudá-la a entrar ou sair do seu carro. Quem está fora do carro, não enfia a cabeça pela janela para falar com alguém que está dentro, principalmente se é a janela junto ao assento de uma senhora. O convidado que sentou no assento de trás e baixou o vidro lateral, antes de descer do carro deve lembrar-se de subi-lo novamente.
Carro, limusine. [Do fr. limousine] Carro alongado e com dois assentos extras colocados de costas para o banco da frente. Entre esses assentos pode estar encaixado um pequeno bar provido de bebidas e petiscos. A ordem de importância em uma limusine está mostrada na Fig. 3.
Cartão. O cartão é um veículo para mensagens curtas. Em vários tamanhos, simples ou duplos, são usados para fazer convites para eventos (V.p.f. Convites de casamento), para dar notícias de passeios em pontos turísticos (Cartão -postal, com dimensões entre 10,5×15 e 12×17 cm), enviar condolências à família de um conhecido falecido, felicitações e cumprimentos em datas especiais de congraçamento como Páscoa, Natal e Ano Novo, o cartão do amigo oculto, etc. O cartão-de-visita (V.p.f.) é dos menores e tem muito uso tanto na forma social como de negócios. Para serem postados, os cartões menores precisam ser colocados em envelopes com as dimensões mínimas aceitas pelos Correios.
Cartão-de-congratulações. Usa-se o cartão branco encimado pelo nome impresso do dono, com dizeres manuscritos, entregues em mão ou enviados pelos Correios. Porém, são muito populares os cartões duplos, impressos com desenhos e frases, encontráveis nas papelarias, para cumprimentos de aniversário, chegada de um bebê, formatura, etc. As congratulações podem ser também escritas em um cartão-de-visita, contido em um pequeno envelope que será preso a um pacote de presente ou buquê de flores.
Cartão-de-lugar. Também chamado cartão-marcador, indica o lugar onde determinado convidado deve sentar-se à mesa (e não apenas a mesa em que deve sentar-se). Seu nome é escrito nos dois lados do cartão, para que os que estão sentados do lado oposto vejam os nomes dos vizinhos de mesa à sua frente. O cartão é colocado à frente do sous-plat mais ou menos dois centímetros além do talher de sobremesa. Nos cartões dobrados em forma de barraca, o nome da pessoa é escrito nas duas abas. O cartão nunca é deixado plano sobre a mesa. Para o cartão simples, existe um pequeno pegador para mantê-lo na posição vertical. O nome do convidado é escrito de acordo com o grau de formalidade do evento, por um calígrafo ou impresso juntamente com os convites.
NOTA: O cartão-de-lugar é um recurso prático ainda que a refeição seja informal, como p. ex., um grande almoço ou jantar no encontro de uma família numerosa. Neste caso pode ser escrito a mão ou impresso no computador sobre papel grosso ou uma cartolina aceita pela impressora. Seu uso permite sentar os participantes conforme sua hierarquia familiar e seus interesses comuns, sem atropelos como transferir pessoas de lugar, ou criar conversa cruzada, p. ex.
Cartão-de-participação. Usa-se o cartão branco com dizeres impressos para participar o nascimento de um filho (fig. 1), ou para avisar de um novo endereço, comunicar um casamento realizado sem a cerimônia pública e a recepção festiva tradicionais ou o endereço de recém-casados após a lua de mel. A pessoa que recebe uma participação deve agradecê-la no prazo de uma semana a dez dias.
Cartão-de-visita. V.p.f. a página: Cartão-de-visita
Cartão do casal. É um cartão com as dimensões aproximadas de 8 x 10 cm ou maior em altura, ou duplo. O nome do homem acima do nome da mulher ou na mesma linha, com a disposição Senhor e Sra. Fulano de Tal.
Quando utilizado para convites informais para chás, almoços, bem como para acompanhar presentes e flores entre conhecidos, exclui-se o Senhor e Senhora. Ex.: Liccia e Sérgio Fameratto. V.tb. a página: Cartão-de-visita.
Casa. Os compartimentos da casa devem ser mantidos varridos e encerados, livres de animais que trazem parasitas, espalham pelos e oleosidade mal cheirosa por onde andam. Os sofás e poltronas, os carpetes e tapetes, e o assoalho devem estar limpos com produtos de limpeza adequados, de modo a que restos de comida, cabelos, gordura e células deixadas pela epiderme humana não alimentem os ácaros e não retenham a poeira que contem fezes desses minúsculos e invisíveis artrópodes.
NOTA. Quando recebe a visita, a seu convite, de um casal ou de uma pessoa de grande respeito, o anfitrião mostra os cômodos principais da casa ou apartamento ao visitante – uma demonstração de que é franco e amigo. Primeiro o homem chama o convidado masculino e em seguida a mulher a convidada. O homem conduz o convidado a sala de jogos, biblioteca, piscina e churrasqueira, e a esposa mostra os cômodos mais reservados como copa, quartos e trabalhos manuais dos filhos, etc. V.p.f. a página Desenho da casa confortável.
Casaco. Um acessório do vestuário feito de pele de animais peludos, de couro, ou de um tecido espesso capaz de reter o calor do corpo como proteção contra o frio. As peles são extraídas de animais como arminhos, chinchilas, martas, ratos almiscarados, sarigueias, coelhos, guaxinins, lontras, raposas douradas, linces, castores, coiotes, etc. O casaco de couro é feito de uma grande variedade de peles de animais desprovidos de pelos, ou de pelos muito ásperos que são removidos no processo; em geral é de menor comprimento que o casaco de pele, devido ao seu material ser mais pesado e menos maleável. Sin: Capote; Sobretudo.
NOTA. De uso comum no sul do país, é também necessário ter quando se viaja a países frios. O casaco pode ser substituído por uma capa impermeável dotada de forro interno capaz de aquecer, e que dará ao portador proteção dupla, contra a chuva e contra o frio. O casaco ou capote é retirado nos ambientes fechados e aquecidos, e deixado no chapeleiro (cabide), na chapelaria, (um cômodo à entrada do recinto, p. ex., de um restaurante) ou entregue a quem deva guardá-lo. O homem tira primeiro e deposita seu próprio casaco e, em seguida, ajuda a senhora a retirar o seu e o pendura ou entrega ao criado. É o homem que guarda a senha, se houver. À saída, ajuda primeiro à senhora a colocar o seu sobretudo e em seguida veste o seu. Cabe a ele dar a gorjeta, se for o caso. Em grandes ambientes como o cinema e o teatro, o casaco pode ficar com a pessoa, vestido ou dobrado ao colo.
Casamento. V.p.f. as páginas Noivado, Casamentos: agenda do casamento; Casamento: convites; Homenagens aos noivos; O casamento civil; O casamento religioso católico; A recepção do casamento; Casamento: viagem de núpcias; Casamento no interior; Casamento – surpresa; Casamento, despedidas, Jantar do ensaio, e o verbete Casamento militar.
Casamento militar. Cerimônia em que o noivo ou a noiva, ou ambos, pertencem a uma Força Militar e se realiza o ritual do “Arco de espadas” (Fig. 26, de uma foto do início do século XX), uma forma de saudação aos noivos para expressar votos de felicidades dos camaradas de armas aos recém-casados. No casamento entre militar e noiva civil, o último integrante da guarda de honra do lado da noiva poderá baixar a espada – impedindo por um instante sua passagem – e dará um leve golpe em sua veste à altura do seu joelho (ritual de “retenção e boas vindas”), enquanto pronuncia uma saudação a ela que, pelo matrimônio, entra no seio da família militar.
Quando o pai da noiva, ou o noivo, é um militar, e carrega (ou poderia carregar) uma espada ou espadim do lado esquerdo. Neste caso o noivo se põe ao altar do lado esquerdo da noiva e, no cortejo, o pai também entra pelo lado esquerdo e dá o braço direito à filha, e são feitos arranjos para adaptação a essa particularidade (V.p.f. Casamento religioso católico).
O Arco de espadas pode ser parte do casamento em qualquer religião, e ser realizado no interior do templo, se houver permissão da autoridade religiosa. Como os oficiais assistirão à cerimônia ainda que o Arco deva ser executado apenas fora do templo, é conveniente que sejam reservados lugares para eles e suas esposas no extremo dos bancos, de cada lado do corredor central. Assim poderão sair prontamente para a função, logo que terminem a cerimônia e as fotos no altar. A noiva não militar deve ser informada da natureza da homenagem, inclusive do detalhe da “retenção e boas vindas” (V.p.f. Arco de sabres e espadas), para não se assustar. Crianças curiosas precisam ser afastadas do local da formação militar devido ao risco de acidentes. Abrir champanhe com espada ou sabre ou usar essas armas para cortar o bolo do casamento é considerado vulgar e não acontece em eventos que tenham um mínimo de requinte.
Arroz-carreteiro. Prato típico do Sul do país, de arroz cozido ao qual se adiciona carne seca desfiada, pedaços de linguiça refogados com alho, óleo, cebola, salsa e cebolinha.
Cassata. Bolo de sorvete com camadas de diferentes cores e sabores, que consiste em um creme engrossado ao fogo, feito com leite condensado, gemas de ovo, amido, e açúcar, e uma camada de biscoito inglês embebido em licor, tudo coberto claras em neve misturadas com açúcar e creme de leite. Depois de preparado é levado a congelar para adquirir o aspecto de sorvete.
Cavaleiro. O que anda a cavalo, tanto como meio de transporte como em torneios e corridas.
Cavalheirismo. Cortesia para com a mulher. V. Tb. Boas Maneiras, Urbanidade; Graciosidade; Galanteio; Polidês; Civilidade.
Cavalheiro1. Homem bem educado, atento a todas as oportunidades de se mostrar cortês com as senhoras.
Cavalheiro2. O par da dama, na dança.
Caviar. O caviar consiste de ovas de peixe, principalmente do peixe chamado esturjão, Fig. 28. É um peixe encontrado nas águas temperadas do hemisfério norte, comum no mar Cáspio e criado abundantemente nos Estados Unidos. Tem valor devido à sua carne, às suas ovas (caviar, cuja extração não mata o peixe), e à bexiga natatória da qual se produz uma gelatina usada como adesivo e como agente clareador (isinglass). As ovas de alguns outros tipos de peixe são hoje também chamadas caviar, porque o nome se estendeu a qualquer variedade de ovas de bom paladar. Encontra-se, cada vez mais, caviar feito de ovas de salmão. Por essa razão há o canapé de caviar de arenque, de caviar de salmão e de várias espécies de esturjão, e também é referido pela cor: caviar vermelho e negro, caviar bicolor, e caviar amarelo.
NOTA. Note-se que algumas ovas de peixe chegam a ser muito amargas, e dificilmente um mestre-cuca seria capaz de torná-las palatáveis. Mas o caviar de salmão é tido por muito bom e próximo em sabor ao famoso caviar russo (como é conhecido o do Irã e o do Azerbaijão). O caviar é também referido pela cor: caviar vermelho e negro, caviar bicolor, e caviar amarelo. O caviar é vendido em latinhas nos supermercados e casas especializadas.
Celebrações. Permita-me o leitor fazer um contraponto entre celebração e comemoração, para encontrar mais facilmente como defini-las. Em meu modo de ver, celebrar consiste em assinalar um acontecimento do presente, com uma cerimônia ou conjunto de cerimônias, ou de eventos sociais formais e informais, planejados e realizados como manifestação de sentimentos intensos de júbilo, de fé, de fidelidade, patriotismo ou de pesar, de luto, etc. –, com a participação de todas as pessoas solidárias com esses sentimentos e motivadas quanto ao seu objeto. Uma celebração não remete ao passado como é o caso da comemoração (V.p.f.). Por isso, na celebração de um aniversário se fazem votos de muitos anos de vida ao aniversariante, ou que a data se repita. Na comemoração de um aniversário, enfatiza-se o histórico, o caminho vencido até aquela data festiva.
Me parece que isto deveria ser lembrado na proposta de um brinde e nas palavras de um discurso. Enquanto em uma comemoração se dá ênfase ao passado, nos pronunciamentos feitos nas celebrações se põe esperança no futuro.
Com sentido litúrgico, se diz “celebrar uma missa”. Com sentido cartorial, se diz “um contrato celebrado”, um acerto entre as partes mediante assinatura conjunta de um contrato.
NOTA. As celebrações têm as suas dimensões, representadas pelo número de eventos que as compõem, quantidade de participantes e assistentes, espaço em que se realizam e extensão do seu programa no tempo. Os casamentos compreendem um número variável de eventos, conforme a dimensão que se deseje dar à sua celebração.
Celular. Um item ainda recente na preocupação com Boas Maneiras, o uso do celular não requer novas normas, salvo quanto a chamadas ruidosas em locais onde o sinal de chamada pode perturbar e irritar outras pessoas. Para atender e conversar ao celular a pessoa deve pedir licença aos que estão em sua companhia a fim de atender e se afastar pelo menos uns três metros para falar, ou, estando em um restaurante, dirigir-se à área do bar. Quanto ao mais, segue o que é recomendado a respeito do telefone fixo: falar baixo, não alongar desnecessariamente a conversa, pedir licença aos presentes a fim de atender a chamada, quando estiver em companhia de outras pessoas, e desculpas pela interrupção ao terminar.
Cereja. Quando servida ao natural, com sua pequena haste ou pedúnculo, é comida com uso dos dedos. A semente nunca é cuspida, mas volta para a mão e é depositada na beira do prato. Conservadas em calda, são ingrediente de vários tipos de coquetéis, colocadas no copo espetadas em um palito, Fig. 28 Fig. 29.
Cerimônia. Evento social solene, constituído da integração coordenada de ações carregadas de um sentimento especial (sentimentos de patriotismo, respeito, fé religiosa, etc.) coerente com seu objeto e com sua natureza (celebração ou comemoração solene), estimulado pelo Ritual que o integra, e tem a finalidade de solenizar (tornar indeléveis perante a sociedade) acontecimentos sociais significativos.
Em uma cerimônia fúnebre, na qual está inserida uma missa de corpo presente, o sentimento é de luto e tristeza. Em uma solenidade de formatura, com o ritual da entrega dos diplomas, eu diria que os formandos e a assembleia estão imbuídos de sentimentos de alegria e esperança.
A Cerimônia segue um Protocolo ao qual incumbe, cuidar da integração dos diversos participantes nas várias etapas do evento, com a preocupação de respeito à importância social relativa de cada um e às regras de Boas Maneiras e Etiqueta.
O estudo e a organização das cerimônias cabe ao Cerimonial.
Cerimonial. Cerimonial é a disciplina cujo objeto é o conhecimento relativo às cerimônias (V.p.f. cerimônia), quanto às finalidades a que se prestam, à sua oportunidade, seu planejamento e execução, sua adequação aos sentimentos que se propõe exaltar, mediante o conhecimento pertinente da história, da ritualística, das tradições culturais folclóricas e religiosas envolvidas, e quanto ao protocolo de precedências a elas respectivo.
Cerimonialista. Especialista em organização de cerimônias e de recepções. Consultor de eventos.
Cerveja. Bebida obtida da fermentação de grãos de cereais por efeito da levedura (fermento) que transforma açúcares em gás carbônico e álcool. É bebida em copos de variados estilos, em geral de formato alongado e estreito, Fig. 30, com exceção do copo caldeireta, que é um pouco mais baixo, e de boca mais larga. Aplica-se à cerveja a primeira regra para a bebida-alcoólica: beber com moderação.
NOTA: A cerveja pode variar de cor, ser menos ou mais amarga, ter maior ou menor teor alcoólico, ser leve ou encorpada, filtrada ou não, o que motiva a preferência do consumidor por determinada marca. Quando vertida em um copo, a queda de pressão libera o gás carbônico formando a espuma ou “colarinho”. Algumas normas de Boas Maneiras aplicam-se mais especificamente à cerveja, algumas valem para o anfitrião, outras para o convidado. Entre elas, não servir uma segunda dose ao convidado, antes que este termine toda a cerveja do copo. Misturar irá esquentar a bebida, além de alterar o seu gosto, pois o resto que está no copo estará de algum modo contaminado por saliva, cheiros do ambiente, etc.; não colocar o dedo na espuma ou soprar sobre ela para reduzir o colarinho; não compartilhar o copo com outra pessoa – ainda que queira tomar apenas um ou dois goles, tenha seu próprio copo e solicite que seja servida apenas a pequena quantidade que deseja beber; evitar encher demasiado o copo, sem calcular o espaço para a espuma, provocando transbordamento; nunca servir uma cerveja que não esteja suficientemente fria, entre 6 e no máximo 12 graus.
A cerveja se presta às manifestações de imaturidade de um indivíduo ainda mais que as outras bebidas. Os próprios fabricantes apostam nesse fato para criar os comerciais de venda de suas marcas. Os consumidores da cerveja, logo que se dispõem a tomá-la, transformam-se em tolos alegres, procurando suplantar uns aos outros em brincadeiras geralmente de mau gosto, como colocar cinza de cigarros, tampinhas, caroços de azeitona, e outros objetos no copo dos companheiros, falar palavrões etc. o que para eles é “estar alegre”. Por essa razão, e pelo fato de provocar soluços e regurgitamento, a cerveja nunca é parte de uma refeição formal.
Céu-de-espadas. V.p.f. Arco de sabres e espadas.
Chá. V.p.f. a página Chá.
Chá-dançante. Baile realizado à tarde, geralmente em um clube, coincidente com o horário típico em que se realizam as recepções para chá. V.tb. Baile.
Chá-de-panelas. V.p.f. a página Casamento, despedidas.
Chaira. Utensílio de cozinha consistindo de uma haste fina e alongada, com superfície áspera, inserida em um cabo com punho protetor, utilizada para manter o corte das facas. Espécie de lima cilíndrica, de aspereza mais fina que as limas planas. É também de uso comum nos açougues, para manter afiadas as facas de cortar carne, Fig. 7.
NOTA: Para afiar a faca, comprime-se o fio do corte contra a chaira em um ângulo de aproximadamente 20 graus. Esfrega-se de cima para baixo, no sentido do punho protetor e em sentido contrário à lâmina, como na figura. Repete-se este movimento alternadamente com uma e outra face da faca, de um e outro lado da chaira, uma meia dúzia de vezes.
Champagne. V.p.f. a página Champagne.
Chantili (do fr. Chantilly) é um creme, produto da culinária francesa, obtido da nata do leite batida com açúcar e baunilha.
Chapeleiro. Pequeno cômodo situado à entrada de clubes, restaurantes e outros locais fechados onde a pessoa irá se demorar, no qual são deixados capotes, chapéus, bolsas e luvas, pastas, guarda-chuvas, sombrinhas e bengalas, e geralmente está a cargo de um empregado que passa uma senha escrita para devolução dos objetos. Em residências, e em alguns modelos de aviões que percorrem trajetos em países de clima frio, é usual que haja um armário ou compartimento para o mesmo fim.
Chapéu. Peça acessória da vestimenta, constituída de uma copa, dura ou mole, destinada a proteger a cabeça e os ombros do sol, da chuva, dos ventos, do frio, e da neve, ou de golpes e escoriações. Seus formatos e estilos são muito variados. Pode ter abas e uma fita ou cordão, cuja finalidade original era criar a copa conforme as dimensões do crânio. Os modelos de chapéu se distinguem em relação ao sexo (adornado ou não com flores), a particularidades simbólicas (chapéu cardinalício, mitra, solidéu, etc.) e à oportunidade de seu uso formal (chapéu social), e utilitário (chapéu de chuva, capacete de minerador, de motociclista, etc.).
O material de que é feito é igualmente variado: feltro, palha, couro, acrílico, etc. Além do chapéu social formal, geralmente de feltro, existe uma variedade de desenhos, como carapuça, barrete, barrete frígio (em forma de cone com a ponta pendendo para um lado), casquete, quepe, boné, gorro, kipas, boina, capelos, toucas, etc. Chapéus de cowboy com uma forma demasiado acentuada, dão um aspecto muito afetado, mesmo se usados no campo. Coberturas para a cabeça que não possuem copa delimitada, tal como os véus e o turbante, ou que sejam continuação da veste, como o capuz, não são consideradas chapéus.
As normas para o uso do chapéu masculino não foram mudadas, apenas esse acessório caiu em desuso. Por isso, quem o conserva sabe que é obrigatório tirá-lo durante a execução do hino nacional como sinal de respeito e patriotismo; removê-lo no interior de uma igreja, no recinto de uma Corte de Justiça, em um restaurante, em uma cerimônia fúnebre ou quando é mencionada uma pessoa falecida, amiga ou parenta do seu interlocutor. Removê-lo também ao cumprimentar uma senhora, quando é apresentado a outro ou para despedir-se de pessoa mais velha, saudar enquanto caminha uma senhora ou alguém que conhece, e se assiste a um casamento ao ar livre, cerimônias de inauguração e poses fotográficas. No elevador e nas áreas internas de circulação de um prédio residencial ou hotel, tira-se o chapéu. O homem pode mantê-lo na cabeça em edifícios públicos ou privados como lojas, shoppings, os correios e as estações de trem e ônibus, ainda que sejam ambientes fechados e cobertos; no balcão de uma lanchonete, bar ou café, no lobby de um hotel, em um elevador de edifício não residencial (se na cabine não estiver uma senhora), e em qualquer situação em que tenha as mãos ocupadas. Como saudação ligeira, o homem pode apenas tocar a aba do seu chapéu e inclinar levemente a cabeça, e fazer o mesmo ao dizer “muito obrigado” ou “boa-noite”, “bom dia”, “adeus”, etc. Quando se tira um chapéu ou um boné, ele é mantido na mão ou colocado sobre algum suporte sempre com o lado externo à vista, e nunca o forro à mostra.
Chapéu-feminino. Os modelos do chapéu feminino variam, desde o pequeno, desestruturado, em tecido macio, veludo, malha ou pele sintética, ao chapéu formal, armado, guarnecido de rendas, fitas, laços e flores. Não são mais usadas plumas, as quais foram em outra época o seu principal adorno. Chapéu sobre franja de cabelo na testa, só para crianças e meninas na puberdade. A boina sugere energia e temperamento ousado, e vai melhor com cabelos curtos. A mulher que usa chapéu poderá usar luvas, mas não é obrigatório.
É uma tradição nas principais religiões que a mulher tenha a cabeça coberta, do que resultou o hábito do chapéu feminino segundo normas diferentes do uso masculino. Por exemplo, elas não precisam tirar um chapéu autenticamente feminino no interior do templo, como também estão dispensadas de removê-lo durante a execução do hino nacional. Porém, modernamente desvinculado de suas origens, o uso está relacionado ao horário, sendo norma que a mulher remova seu chapéu, se ele tiver abas (brimmed hat), após as cinco horas da tarde. Mas seguem as normas validas para o homem caso usem um boné unisex.
A senhora que usa chapéu o conserva quando faz uma visita rápida, mas o remove e o entrega a quem deva guardá-lo para ela até a saída – juntamente com a bolsa, as luvas, o capote e outros acessórios dispensáveis para ambientes fechados e aquecidos –, se a visita é demorada e, principalmente, se em casa de uma amiga.
Charque. O mesmo que carne seca. Carne bovina salgada e em mantas.
Chartreuse. V.p.f. Bebidas destiladas, coquetéis e licores.
Chávena. Xícara grande feita de porcelana, de parede curva, menos funda e de boca mais larga que a xícara grande de café, e usada especificamente para beber chá. Em 3 na Fig. 31 a chávena entre os demais modelos de xícara.
Chefe. [do francês Chef] Cozinheiro. Não confundir com o garçom Chefe-de-fila, V.p.f. em Restaurante.
Cheiro-do-corpo. O cheiro do corpo pode afetar o relacionamento social, como é o caso do cheiro de suor, a bromidrose, (suor malcheiroso) e do mau hálito, ou pode afetar o relacionamento entre duas pessoas, como é o caso dos odores em partes íntimas. As pessoas de qualquer raça que caminham muito, ou passam muito tempo em ambientes quentes e fechados, adquirem cheiro de corpo; o suor se acumula sobre a pele e impregna as roupas, quando essas são pouco ventiladas ou muito absorventes, e as secreções rapidamente deterioram devido a alimentarem as bactérias que existem na pele.
NOTA: As roupas retêm o calor do corpo e por isso favorecem o suor e a consequente produção dos resíduos bacteriológicos que geram o mau cheiro. Mas o odor pode inclusive provir da própria roupa, e não do suor. Alguns tecidos sintéticos usados em camisas ficam mal cheirosos quando aquecidos pelo calor do corpo. Também a roupa que é lavada mas não perde todo o sabão, ou que demora a secar, principalmente na época de chuva, adquire odor desagradável.
Chocolate. Como bebida, assemelha-se ao café: é amargo e escuro e é bebido misturado ao leite e adoçado. È servido no Café da manhã ou incluído na bandeja do café, no Chá à tarde. As xícaras são as mesmas utilizadas para café.
Chope. V.p.f. Bebidas destiladas, coquetéis e licores.
Chucrute. Comida alemã feita com repolho picado e fermentado.
Cinema. As normas de Boas Maneiras para o comportamento no cinema seriam, basicamente, as mesmas aplicáveis a toda casa de espetáculos. Implicam no maior respeito aos demais espectadores, o que significa, principalmente, não fazer ruídos (desligar o aparelho celular que mesmo na vibração faz algum barulho); não procurar falar com o espectador ao lado; não mastigar ruidosamente ou abrir embalagens barulhentas; não incomodar fisicamente os vizinhos de assento; não entrar após o início do espetáculo; não cruzar as pernas apoiando um joelho no encosto do assento à frente; não entrar depois de iniciado o espetáculo; respeitar os assentos marcados, e dar uma colaboração enfática para a manutenção da limpeza dos sanitários.
NOTA: Os dois maiores problemas nos cinemas no Brasil são os chamados “engraçadinhos” que ocupam o fundo das salas e na escuridão berram e assobiam – mas se tornam bem comportados e silenciosos quando as luzes são acesas –, e os “oportunistas” impertinentes, hábeis em tentar tocar mulheres no escuro, mesmo que estejam acompanhadas. Contam com a timidez da vítima, que no máximo troca de lugar, para saírem sempre impunes. Essas duas espécies de espectadores habituais tornam os cinemas lugares que pessoas de melhor expressão social preferem não frequentar.
Civilidade. A abrangência do termo é vasta, e o seu significado às vezes confuso. Por isso acho melhor começar por tentar dirimir os equívocos, antes de falar da relação entre Boas Maneiras e Civilidade.
A Civilidade é uma disciplina subordinada à Ética. Tem por fundamento o sentimento de solidariedade, de respeito espontâneo entre as pessoas, e a busca permanente da harmonia social. Suas prescrições não são obrigações da lei moral ou determinações externas porque resultam de consenso e convenção entre as pessoas quanto ao que se pode voluntariamente fazer em prol da convivência pacífica e prazerosa entre os cidadãos. Segui-las é altamente meritório, perante a Ética.
Acredito que o maior problema com o significado do termo Civilidade é ser frequentemente confundido com Moral Social. Contribui para tanto o fato de que um preceito de Civilidade, quando é muito desrespeitado, pode ser transformado em Lei, passando sua obediência a ser obrigação moral de todos os cidadãos.
Por exemplo: – Votar é um princípio de civilidade a ser respeitado conscientemente e de boa vontade por todo bom cidadão. Mas, se este não vota, votar pode tornar-se obrigatório por Lei, e então passará para a esfera da obrigação Moral, e deixará de ser meritório. Abster-se de votar passa a ser uma falta contra a Moral Social que poderá ser castigada, não propriamente devido ao indivíduo não votar, mas por deixar de cumprir uma Lei. A transformação de princípios de civilidade em determinações legais da Moral Social é tão maior quanto menos educada é a população.
Vários outros exemplos existem de princípios de civilidade que passaram a ser cláusulas da Lei, como a consideração com as pessoas idosas ou portadoras de deficiências, o preconceito, o bullying, a agressão às mulheres e o assedio delas no transporte coletivo, etc. Quanto maior o desrespeito aos princípios da Civilidade, maior o número das leis necessárias para evitar que a sociedade se torne selvagem.
A civilidade tem em seu campo Boas Maneiras e as outras disciplinas a ela diretamente vinculadas porque são necessárias ao convívio entre as pessoas, e mesmo entre os povos, por via da diplomacia.
A Enciclopédia Larousse (1926) informa, sob o verbete Civilité, que Erasmo de Roterdã, notável intelectual holandês do século XVI, se preocupava em fazer que seus educandos assimilassem desde criança, normas fundamentais de Boas Maneiras. Ele escreveu, o De civilitate morum puerilium (Da civilidade dos costumes das crianças), um pequeno livro de Boas Maneiras publicado em 1530, muito procurado e lido na Época Moderna.
Cointreau. V.p.f. Bebidas destiladas, coquetéis e licores.
Colar. V.p.f. em Joias, pedras e bijuteria
Colete. Peça do vestuário provida de bolsos, que desce até a cintura e protege o peito e as costas, não tem mangas nem gola, e fecha na frente com botões ou zíper. O colete de montanha é de tecido resistente, e os bolsos são maiores e podem distender graças a pregas verticais. O Colete de praia é de tecido mais leve e tem bolsos menores. O colete do traje formal é mais ajustado ao corpo, os bolsos são de reduzido tamanho, e geralmente são do mesmo tecido do terno, e a frente da peça termina com duas pontas estilizadas alguns centímetros abaixo da cintura. O colete da veste a rigor é em geral preto, para uso com o blake tie, ou branco, para uso com fraque e luvas, no white tie.
Comemorações. São as festas e demais eventos sociais, populares, informais, formais ou solenes, que expressam júbilo por algum fato auspicioso ocorrido em passado imediato, recente ou longínquo. Exemplo: “Com esta festa comemoramos o bi-centenário de nascimento do grande poeta”.
Em comparação com celebração verificamos que não são termos sinônimos. Diz-se, por exemplo: “o Brasil comemora o penta campeonato conquistado no ano passado”. No caso, seria incorreto dizer “celebra” em lugar de “comemora”, porque “celebrar” consiste em assinalar, com algum tipo de evento social, um acontecimento do presente.
Em outros casos o emprego de um ou de outro termo pode ocorrer, dependendo de qual a perspectiva que se deseja adotar. Por exemplo, “Deu uma grande festa para comemorar as bodas de ouro”, é comemoração porque lembra um casamento ocorrido há 50 anos. Mas, por outro lado, as “bodas de ouro” têm, por si mesmas, grande significação, e se realizam no presente. Sob esse segundo aspecto são uma celebração (V.p.f.).
Ao propor um brinde, me parece que o proponente deveria levar em conta as nuances da diferença entre “comemorar” e “celebrar”, valendo-se de recordações e exemplos de luta do passado que conduziram à situação presente ou, no segundo caso, enaltecendo o que acontece no presente com votos para o futuro.
Comenda. Título honorífico concedido em vários graus, com despluma e medalha, pela autoridade máxima de uma Ordem do Mérito criada para reconhecer as pessoas que se destacarem na defesa dos interesses e valores estipulados em seu Estatuto.
Comendador. Indivíduo que recebeu uma comenda no grau de “comendador”.
Comensal [pl. comensais]. O que participa de uma refeição formal sentada. Convidado que está à mesa.
Como-se-come. V.p.f. a página Como se come.
Comodoro. Chefe do departamento náutico de um clube de regatas.
Compadre. [e comadre] Os pais de uma criança são compadres dos padrinhos dela, e vice-versa.
Condolências. Cumprimento à pessoa que perde um parente muito próximo. Quando se tem notícia da perda de um familiar, escreve-se uma carta ou passa-se uma mensagem telegráfica.
NOTA: Evitam-se telefonemas e visitas nos primeiros dias do luto. Se não pode ir aos funerais, e não enviou mensagem escrita, as condolências podem ser apresentadas à pessoa no primeiro encontro que houver. Basta dizer: “Lamento o falecimento de…. e espero que esses dias difíceis terminem logo para você. Se eu puder lhe ser útil de alguma forma, fale comigo”.
Conhaque. V.p.f. Bebidas destiladas, coquetéis e licores.
Consomê. [do fr. Consommé] Caldo quente aromático e de sabor especial geralmente à base de carne e temperos cozidos em água, que é servido como Hors d’oeuvre ou como Entrada em uma refeição completa. Utiliza-se para servi-lo uma taça especial com duas alças, Fig. 36, e a pessoa pode tomá-lo com uma colher ou levar a taça diretamente aos lábios, segurando-a pelas alças. A taça tem seu prato de serviço próprio, sobre o qual o comensal deixa a colher que utilizar.
Conversação. V.p.f. a página Conversação.
Convidado. É aquele solicitado a comparecer a um evento social e ao qual comparece voluntariamente em atenção à solicitação ou convite recebido. É objeto importante de Boas Maneiras e Etiqueta o tratamento que deve receber o convidado em atenção ao seu grau de importância social, idade, grau de parentesco, especial interesse pelo seu comparecimento ao evento, e outras particularidades respeitantes a sua presença. É convidada de honra a pessoa cuja presença é a mais desejada pelo anfitrião; é a convidada-mais-importante a que for reconhecida pelo Protocolo como tal, de acordo com sua importância social; e pode ser a convidada-homenagiada se o evento a que comparece destina-se a homenageá-la. Na mesma recepção ou cerimônia podem existir separadamente esses três tipos especiais de convidado, como pode apenas um acumular todas as três condições.
NOTA. Geralmente o convidado-de-honra é também o convidado-mais-importante, os dois gêneros coincidindo na mesma pessoa. Nas ocasiões em que não há essa coincidência, e um ou mais convidados são mais importantes que o convidado-de-honra, é necessário decidir entre: a) colocar o convidado de honra na posição mais privilegiada, e as pessoas mais importantes nas posições seguintes em importância; b) proceder inversamente, colocando as pessoas mais importantes na primeira posição, seguidas do convidado de honra, na sua própria posição da hierarquia social representada no evento; c) colocar o convidado de honra após o mais velho dos convidados mais importantes, seguido dos outros mais proeminentes.
Convite. V.p.f. a página Convite.
Copa. Cômodo contendo os móveis que guardam utensílios de servir à mesa de refeições e onde se fazem refeições informais e íntimas, ou onde comem os empregados da casa; local de preparação de café em escritórios e repartições públicas. Em uma residência, situa-se entre a cozinha e a sala de jantar.
Copo. Utensílio para se tomar bebida, que pode ser do tipo comum, cujo fundo chato é também sua base de apoio, ou de fundo cônico, suspenso em uma haste, e dito “copo de pé” ou taça, fabricado de de cristal, de vidro, de metal e outros materiais. O copo comum, de fundo chato, em várias alturas e larguras, é usado para água, sucos, uísque e outras bebidas alcoólicas, enquanto as taças são usadas para vinho e alguns tipos de coquetéis. Várias modalidades de copo são mostradas na Fig. 9.
Copo-alto. Utensílio de bar, de aço inoxidável ou vidro, para misturar ingredientes que serão levados ao agitador, na preparação de coquetéis.
Coquetel. V.p.f.. a página Coquetel.
Corbelha. [do francês corbeille] Arco ou cesta de flores (não confundir com buquê).
Cordial. Indivíduo afável, sincero, que se mostra amigo.
Coriza. Ter lenços de papel para manter o nariz livre de corrimento. Se a criança ou o adulto está sempre de nariz escorrendo, necessita que seja incluída em sua alimentação elementos fortificantes como cálcio e vitaminas – principalmente vitamina “C”. Com esse propósito o Ministério da Saúde distribui o pó multi-mistura, rico em elementos nutricionais e vitaminas, para ser incluído nas refeições.
Cotilhão. [do fr. cotillon] O Baile de debutantes é chamado nos Estados Unidos Cotillion [do francês cotillon]. De acordo com os dicionários, a palavra francesa refere-se a uma dança de quatro pares ou “quadrilha”, em baile muito animado no qual são distribuídos brindes ou se fazem leilões ou jogos de salão. O significado da palavra no francês não a recomenda muito: a expressão Courir le cotillon significa “procurar por mulheres de condição inferior”, ou ainda como na frase “Mais en revanche, lorsque sonne l’heure de danser, de festoyer et de rire, on les retrouve bonnes premières à la tête du plus endiablé des cotillons.” (o mais endiabrado dos cotilhões – www.agora.qc.ca/encyclopedie, 2007).
NOTA: Apesar disso, a palavra passou a ser empregada na América do Norte para designar um baile conjunto de várias debutantes promovido por um comitê, a fim de distingui-lo do luxuoso baile de uma única debutante promovido por sua própria família. O sentido pejorativo desse emprego é óbvio.
Na imprensa internacional e nos países europeus e da América Latina não se vê, até o presente, a utilização do termo Cotillon. A expressão usada é “Baile de debutantes” como o que se realiza anualmente em Paris, no Hotel Crillon, na Place de la Concorde, do qual participaram, em 2006, de acordo com o noticiário, 23 moças com idade de 17 a 21 anos, filhas de gente famosa, representando quinze países.
A denominação “cotilhão”, em português, ou a francesa cotillon, ou a palavra cotillion em inglês, com um “i” a mais, poderia aplicar-se, talvez, a alguns bailes de debutantes semi-anárquicos, realizados sem a prévia educação das moças (por omissão de suas famílias ou da comissão patrocinadora), no qual são introduzidas exibições de mágica, jogos de salão, troca de roupas, dança das cadeiras, jogar gente na piscina, etc. criando uma agitação de gosto popular. Na América é comum a jovem participar de vários cotillions, o que é inconcebível para o Baile de debutantes, pois a introdução social, o debut, pelo seu próprio significado só pode acontecer uma vez.
Creme de Menta. V.p.f. Bebidas destiladas, coquetéis e licores.
Crepes. [Do fr. Crepes] V.p.f. Como se come.
Criado-mudo. Sin: mesa-de-cabeceira.
Cruzeiro-marítimo. V.p.f. a páginas Cruzeiros marítimos.
Curaçau. Licor fabricado com casca de laranjas verdes; em Curaçau.
Curiosidade. Pode chegar a ser um vício bisbilhotar a vida alheia, e a curiosidade então torna-se traço marcante na sua personalidade.
NOTA: Não é matéria de Boas Maneiras a franca espionagem. O que se pode recomendar é o cuidado de evitar, em uma conversa casual na rua ou em uma recepção, o excesso de curiosidade. Não se pergunta pelo preço de nada que pertença aos interlocutores. Perguntas diretas como “O que você faz desde que se aposentou?” “Seu filho já passou no vestibular?” “Qual a sua idade?”, “Em que bairro você cresceu?”, “Fez cirurgia plástica?” “Quantos filhos tem?… Porque só um?” e outras semelhantes podem,eventualmente, causar embaraço. Uma pergunta é mais elegante se precedida de uma afirmação como, p. ex.: “Brasília tem muito que mostrar. Você terá tempo para conhecer os principais pontos turísticos?” ou “De quantos dias você dispõe para estar na cidade? em lugar de “Quando é que você vai embora?”.
Cuscuz. Alimento cozido no vapor de água em uma cuscuzeira. Prato nordestino feito de fubá que, depois de cozido no vapor, é umedecido com leite ou manteiga derretida e misturado com ovos mexidos, ou comido com carnes.
Cutelo. Utensílio de cozinha, misto de faca e machadinha, para cortar a golpes as partes com cartilagens e pequenos ossos das carnes, Fig. 10.
2001/2009
R.Q.Cobra
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Verbetes de Boas Maneiras e Etiqueta. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2001/09.