Hoje: 03-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
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Gafe. [do fr. Gaffe] Erro no comportamento social quando este viola uma norma de Boas Maneiras ou uma regra de Etiqueta; algum equívoco embaraçoso.
Galanteio. Cortesia que visa conquistar a simpatia da mulher. V. Tb. Boas Maneiras, Urbanidade; Graciosidade; Cavalheirismo; Polidês; Civilidade.
Galheteiro. Pequena bandeja de metal ou cristal, munida de uma haste com alça pela qual é movida, e que contem duas pequenas jarras de cristal ou de vidro nas quais são levados à mesa o azeite e o vinagre, além de dois pequenos depósitos de sal e de pimenta do reino moída.
NOTA. O galheteiro é colocado no centro da mesa, para que possa ser alcançado por todos os convivas. Nos restaurantes mais populares garrafinhas de óleo, de vinagre, de catchup, saleiros, paliteiros, etc. são deixados no centro de todas as mesas. Em restaurantes de maior refinamento, o galheteiro é colocado quando requerido por certos pratos, principalmente saladas (azeite e vinagre). Fora isto, supõe-se que o prato venha bem preparado, dispensando aditivos à mesa, mas estes podem ser solicitados se, após provar a comida, o cliente desejar que seja mais salgada ou mais picante (sal e pimenta).
Garfo-de-lagosta. Talher alongado e reforçado para soltar a carne da carapaça da lagosta e com o qual também se empurra a carne de lagosta para fora da carcaça óssea da sua cauda, depois de cozida. Entre o cabo e a haste longa tem uma seção achatada que serve para firmá-lo com o polegar. Na ponta da haste tem dois dentes, Fig. 1. Não vai à boca: a lagosta é comida com faca e garfo de peixe. V.tb. Como se come.
Garfo-de-ostra. Garfo tridente, em desenhos variados, o mais simples como aparência de um garfo comum pequeno, com somente três dentes reforçados Fig. 2.
Garfo-de-salada. Garfo de tamanho pouco inferior ao tamanho do garfo comum de mesa, de quatro dentes, os dois do centro mais finos e os das laterais mais largos e fortes. O reforço permite cortar com a lateral do garfo os talos de verdura, de modo a que a necessidade de uma faca fique reduzida ao mínimo, Fig. 3.
Gargalhada. Uma gargalhada é o riso livre e sonoro, acompanhado de movimentos típicos da musculatura da face e tronco. Evitam-se exageros que a possam tornar um sinal de pouca educação.
NOTA. A gargalhada que é uma forma insincera e estereotipada de animação, transformada em uma explosão gutural, um cacarejar acompanhado de um sacolejo convulsivo do corpo – sem que haja motivo suficiente para tal manifestação –, é um exagero a evitar.
Gim. V.p.f. Aperitivos, coquetéis e licores.
Gíria-e-vulgaridades. A gíria e os regionalismos são inadequados ao discurso formal ou à conversação educada e por isso, apesar da aceitação geral que algumas de suas formas esses tipos de expressões costumam ter, o seu emprego deve ser evitado. Ex.: “Saiu avexado e muito aperreado”. Pontuações da conversa como “Tá? Colou?” “Tá bom? Legal!…” desagradam aos ouvidos, por não conterem um mínimo de respeito à sensibilidade das pessoas. A preocupação com a sensibilidade do outro também desaconselha certas observações como “Você engordou!”, “Mas como está magro!”, “Puxa, você está pálido!” porque esfriam o ânimo do interlocutor. Outras, como “venha passar mal comigo”, empregada como convite para uma refeição, “mas que abacaxi!”, referindo-se a um contratempo, “ele é macaco velho!”, e outras do gênero, são velharias que nunca são ditas por uma pessoa distinta e educada. Palavrões, piadas e anedotas de conteúdo moral discutível deixarão o anfitrião ressentido, se ele investiu em receber seus convidados segundo o melhor padrão que pode oferecer.
Gorjeta. Comissão sobre o custo de um serviço ou quantia espontaneamente oferecida a alguém como prova de satisfação pelo atendimento prestado. A gorjeta é uma questão interpessoal, razão pela qual diz respeito a Boas Maneiras. Mas muitos restaurantes, bares e casas noturnas a transformaram em fração de salário dos empregados, a título de produção ou participação nos lucros, a ser incondicionalmente paga pelo cliente, que assim deixa de ser uma gratificação para se transformar em componente do custo do serviço. Como regra gratifica-se serviços pessoais, e nunca serviços recebidos de empresas, pois a estas são pagos os custos do produto ou serviço, qualquer que seja sua natureza.
A raiz desse termo aponta para o que originalmente ele significava: “uma moeda para ir molhar a garganta”. Ainda hoje, nos bares ingleses chamados pubs, uma gratificação é literalmente isso: o cliente paga um cálice de bebida para o garçom, como se este fosse seu camarada. Porém, mesmo nesses bares típicos, é inevitável que a gorjeta seja traduzida apenas em dinheiro, no valor correspondente ao trago de bebida que seria oferecido. Porém não perde a característica de uma gratificação voluntária dada a uma pessoa que se dedicou ao cliente com cortesia e eficiência.
A generalidade do gesto de gratificar conduziu a certas convenções. Primeiro, a quem gratificar, e segundo, qual o valor esperado e justo da gratificação. Gratifica-se o garçom, mas não se gratifica o empregado que recolhe bandejas e limpa as mesas. A razão é que o primeiro prestou um serviço ao cliente, e o segundo presta um serviço ao próprio restaurante. O valor da gratificação ao garçom em todo o mundo está entre 10 e 15%. Porém, se ele participa dos lucros do restaurante com um percentual já incluído na conta do cliente, então a gorjeta pode ser menor, em torno de 5 a 10%. Gratifica-se um chofer de táxi normalmente em 10%, e não se pode dizer que em tal ou qual lugar, ou país, não é hábito gratificá-lo: é uma questão de Boas Maneiras o passageiro dar a gorjeta ao motorista que o leva onde ele deseja ir e o faz com atenção e cortesia. Se não tiver recursos para dar os 10%, desculpa-se com ele e lhe dá o que lhe for possível (e isto vale para gorjeta em qualquer circunstância). Porém, onde essa “gratificação” se tornou obrigatória e será cobrada forçadamente pelo motorista, fica a critério do cliente assumir o percentual como custo do serviço e dar por fora um pouco mais, caso se sinta motivado (o mesmo que pode fazer ao garçom, em um restaurante).
Quando o serviço que é diretamente prestado é oferecido por cortesia ou favor, e não há como referir-se ao percentual de um custo, então se pensa no preço de algo que poderia ser dado como um presente à altura da cortesia recebida, e se dá o valor correspondente como gratificação (p. ex., o garoto que acompanha uma pessoa até à esquina para lhe mostrar o caminho, com certeza apreciaria um refrigerante: é gratificado com o valor correspondente. O encanador que é empregado de uma empresa e trabalha em uma residência por um dia, pode ser gratificado com o custo de uma refeição comercial.
Graciosidade. Modos corteses e elegantes de uma jovem ou de um menino ou menina. V. Tb. Boas Maneiras, Urbanidade; Cavalheirismo; Galanteio; Polidês; Civilidade.
Grand Marnier. V.p.f. Aperitivos, coquetéis e licores.
Granfino. Também chamado dandy, é a pessoa preocupada em se distinguir das demais por meio da sua indumentária elaborada em todos os seus detalhes (luvas, gravatas, bengalas, lenços e chapéus) segundo a moda masculina ou feminina da atualidade mesclada ao gosto e à tradição aristocrática.
Gravata. Acessório do vestuário masculino, Fig. 4, com o qual, por meio de um laço ou nó, se prende ou se ajusta ao corpo o colarinho da camisa. Distingue-se a gravata comprida, que tem posição vertical, e a gravata borboleta, que tem posição horizontal. A gravata define o traje. A gravata borboleta, pequena e horizontal, quando branca, identifica-se com o White tie traje de gala que inclui o fraque; quando preta identifica-se com o smoking, uma vestimenta formal. Uma gravata vertical longa e colorida, quando é discreta e de tecido fino, identifica-se com o traje-passeio-completo ou tenue de Ville e, se feita de certos tecidos e padronagens menos formais e complementa um blazer, identifica-se com o traje-esporte. As gravatas são peças de lados não paralelos, distinguindo-se, nas verticais, a metade mais estreita e a metade cuja largura aumenta progressivamente para a ponta.
Gravata-à-Lavallière. Gravata muito larga, assemelhada a um lenço, e tem laço amplo e estufado.
Gravata-vertical, nó. O nó é formado de um, dois ou mais laços, Fig. 5. A gravata é colocada ao redor do pescoço, a parte larga pelo lado direito, segura pela mão direita, e a parte estreita pelo lado esquerdo, segura pela mão esquerda. Esta se mantém fixa, enquanto a mão direita realiza as manobras com a faixa grossa, para dar o tipo de nó escolhido. Nenhum laço que compõe o nó é dado com a parte estreita, mas somente com a parte larga. Os principais tipos de nó são o nó fino; o nó médio e o nó largo. Antes de iniciar os laços, deve-se dar as dimensões relativas das duas pontas, a mais larga superando em uns vinte centímetros a mais estreita, porque este é o comprimento que será consumido pelo nó. Se o nó tiver laços feitos também com a parte estreita da gravata, o nó deixará de ser escorregadio, e não permitirá seu ajuste ao colarinho da camisa.
NOTA: As operações de um tipo de nó podem ser descritas em relação à imagem da pessoa no espelho, e nesse caso o que é lado direito corresponde ao lado esquerdo da pessoa, ou em relação à própria figura, e conforme seus lados direito e esquerdo verdadeiros. Nas demonstrações descritas nos verbetes respectivos, as manobras para dar o nó são indicadas conforme os lados verdadeiros. O primeiro laço é sempre feito passando-se a parte larga por cima da parte estreita que está esticada pela mão esquerda. Ao final, é dado o laço horizontal de frente, por dentro do qual a parte larga passa, concluindo o nó. O tipo de nó é escolhido conforme se adapte melhor à distância entre as pontas do colarinho, e também em relação à espessura do tecido da gravata.
Gravata-vertical, nó-fino. Também conhecido entre os cerimonialistas por Four in Hand. Depois que a parte larga é lançada sobre a estreita, ela é apanhada por baixo com a mão direita e novamente lançada por cima formando o laço horizontal final. Em seguida ela é levada, por trás, para cima rumo ao queixo, e desce pela frente para mergulhar no laço horizontal maior, completando-se o nó, Fig. 6.
Gravata-vertical, nó-médio. Para um nó médio, Fig.7, depois que a parte larga é lançada da direita para a esquerda sobre a estreita, ela é apanhada por baixo com a mão direita. Em seguida ela é levada pela frente, para cima rumo ao queixo, e desce de viés para a direita passando assim uma segunda vez sobre a parte fina. E agora levada por trás, acima, rumo ao queixo, e desce por trás pelo lado direito e é apanhada para formar o laço horizontal frontal, da esquerda para a direita. Sobe outra vez para o queixo, por trás, para mergulhar no laço horizontal frontal, completando-se o nó.
Gravata-vertical, nó-largo. Também conhecido por “Windsor” que o mais grosso dos modelos mais comuns, Fig.8. Depois que a parte larga é lançada da direita para a esquerda sobre a faixa estreita, ela é apanhada por baixo com a mão direita. Em seguida ela é levada por trás, para cima, rumo ao queixo, e desce pela frente de viés para a esquerda passando assim uma segunda vez sobre a faixa estreita. Então é levada por trás, para a direita e sobe pela frente, rumo ao queixo, e desce por trás pelo lado esquerdo e vem formar, pela frente, da esquerda para a direita, o laço horizontal frontal. Sobe outra vez, por trás, para voltar pela frente e mergulhar no laço horizontal frontal.
NOTA: O nó largo somente fica bem em uma camisa com as pontas do colarinho mais separadas. Não é recomendado para pessoas de pescoço muito curto. Cai melhor para pessoas com um pescoço normal e rosto longo, ou de pescoço mais alongado. Sugere temperamento calmo e amistoso, portanto ideal em situações em que tais predicados sejam importantes. completando-se o nó.
Guardanapo. O primeiro a desdobrar o guardanapo deve ser a anfitriã. O guardanapo é colocado no colo, com uma parte dobrada. A dobra evita que o braço ou a manga do paletó encoste na parte usada do guardanapo. Terminada a refeição, o guardanapo é deixado de modo casual no lado esquerdo do prato. Se a pessoa precisa levantar-se da mesa para atender seu celular ou ir ao banheiro, o guardanapo é deixado de modo casual sobre o assento de sua cadeira.
Gueridon. [Do fr. guéridon] Mesinha usada em restaurantes, colocada ao lado da mesa do cliente ou convidado, para preparo final do prato a ser servido, Fig. 9. É indispensável para o serviço à russa. Sua solidez é importante devido ao perigo no uso de fogareiros tanto para manter o calor da comida como para a flambagem de carnes, crepes, etc. Deve, no entanto, ser bastante leve para ser transportada pelo commis ou pelo garçom, de um ponto a outro do restaurante, uma vez que rodinhas são desaconselhadas.
2001/2009
R.Q.Cobra
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Verbetes de Boas Maneiras e Etiqueta. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2001/09.