Brindes e Discursos

Hoje: 20-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Nas celebrações – jantares comemorativos ou de homenagem, festas de noivado, etc. – os brindes e discursos são praticamente obrigatórios. O brinde é tradicionalmente erguido com champagne, vinho de mesa ou alguma bebida destilada. Por isso não se levanta brinde em um Chá, um tipo de recepção onde sequer é servida bebida alcoólica. Há uma escala de precedência para brindes e discursos que segue o protocolo, e muito poderia ser dito a respeito, o que iria além do propósito destas páginas. Um conhecimento básico da questão pode, no entanto, ser colocado em poucas palavras, principalmente em relação a eventos tratados aqui: jantares de noivado, recepções de casamento, jantares de homenagem, etc.

Em qualquer recepção, deve falar primeiro o anfitrião. Após ele, fala o mais importante de seus amigos e só então fala o convidado de honra, seguido de quem mais queira se manifestar em relação ao homenageado. Se o anfitrião ou alguém mais ligado a ele nada dizem, depois que os pratos da refeição principal forem removidos (antes do início da sobremesa) qualquer um que deseje pode pedir licença ao anfitrião para solicitar a atenção dos convidados e propor um brinde, ou fazer um discurso.

Brindes. Brindes devem ser feitos apenas após a chegada dos convidados principais, ou da maioria deles, estando presente o convidado de honra e, evidentemente, o homenageado. Uma pequena introdução é feita compreendendo o convite ao brinde, e a referência ao homenageado e ao motivo do brinde.

Fig. 1

Aquele que vai brindar fica de pé e convida os demais convivas a se porem também de pé. Não havendo esse convite – o qual geralmente não é feito nas cerimônias íntimas -, todos os demais podem permanecer sentados e, terminadas as palavras do brinde, apenas erguerem a taça antes de beber. Não é necessário que se toquem as taças em recepções de cerimônia, estas podem ser apenas erguidas até duas vezes consecutivas, a primeira na direção daquele que propõe o brinde significando concordância com a homenagem, e a segunda na direção do(s) homenageado(s), se estiver presente. Mas pode cada convidado tocar a taça do que está à sua direita e à sua esquerda.

O brinde é um pronunciamento breve. Na verdade, um brinde de cinco minutos já é muito. Um exemplo simples: Erguendo-se de seu assento, e no momento oportuno, você diz: “Desejo propor um brinde em homenagem ao casal X e Y, augurando-lhes uma vida matrimonial sempre favorecida pela Providência com uma plena felicidade e a realização de suas mais altas aspirações. Saúde!” Enquanto falar, divida seu olhar entre o homenageado e os demais convivas.

O brinde a um casal por ocasião do noivado pode ser conduzido com as seguintes palavras: “Amigos”, ou “Senhoras e Senhores. Vos convido a encherem os seus cálices (dê tempo a que o façam), levantarem-se (espere que a maioria esteja de pé) e beber comigo um brinde a (nomes), pela sua felicidade na vida matrimonial que aspiram e que se prometem. Saúde e muitas Felicidades! Erguendo os copos todos dizem: “Saúde!”.

Brinde mútuo. É comum os recém-casados brindarem-se mutuamente, e tradicionalmente fazem o brinde entrelaçando os braços, como na Fig. 2. Este brinde antecede a qualquer outro. V. tb. A Recepção do Casamento.

A pessoa ou o casal, ou o grupo de pessoas que são homenageados com o brinde não se levantam nem bebem no momento em que os demais bebem em sua honra. Depois de dar tempo a todos que desejarem se manifestar, os homenageados ou um deles falando em nome dos demais pode pôr-se de pé e agradecer com algumas palavras, as manifestações recebidas. Se é homenageada uma pessoa idosa, basta simplesmente um gesto seu, como inclinar a cabeça em agradecimento ao tempo de cada manifestação, voltando-se na direção de quem a saudou e das pessoas que responderam ao brinde em ambos os extremos da mesa.

Fig. 2

Brindes e discursos descontraem os convivas quando são feitos em linguagem simples e objetiva, e são bem humorados – algumas pessoas têm especial talento para introduzir uma anedota no contexto de suas palavras – desde que não sejam demasiado longos. Ao contrário, se fatos tristes são lembrados, o ambiente torna-se pesado e o brinde ao final fica bastante sem graça.

Se você faz um almoço especial para comemorar as boas notas de seu filho na escola, não levante um brinde “às boas notas” mas um brinde ao Joãozinho, pelas boas notas que teve, porque o brinde é em honra de pessoas, e não de coisas ou fatos.

Não é bom que se repita um brinde ao mesmo homenageado, pelo mesmo motivo e no mesmo evento. É aceitável, porém, que se faça, se no primeiro brinde foi esquecido algum aspecto pelo qual o homenageado deveria também ser brindado. Não sendo este o caso, seguem-se breves discursos cujo fecho são palmas, e não novos brindes. Por exemplo, após as palavras do pai e o brinde na festa em homenagem ao Joãozinho, porque naquele ano conseguiu ser o melhor aluno da turma, é possível que seu padrinho ou um tio que o admira também queiram elogiá-lo. Neste caso, não é necessário novo brinde. Palmas, iniciadas pelo orador após as suas palavras, e seguidas pelos demais convidados, substituem o brinde.

Discursos. São peças de oratória mais complexas que os brindes, não apenas quanto à estrutura e extensão do seu pronunciamento, mas também porque exigem a observância rigorosa de um protocolo. Ao iniciar, o orador deve citar corretamente as pessoas gradas e autoridades presentes, na devida ordem de precedência, assim como também deve observar a ordem de importância dos tópicos a que alude. No caso do brinde isto é dispensável, e aquele que vai propor o brinde pode começar apenas com um pedido de atenção a todos os presentes, inclusive com o som do toque de um talher em um copo de cristal.

Discursos longos são próprios para uma solenidade (cerimônia oficialmente promovida pela sociedade através de um seu representante, ou por uma instituição, um grupo ou uma corporação).

Um discurso não muito extenso pode ter por fecho um brinde (discurso-brinde). Mas se o discurso é longo, deve esperar pelas palmas e o brinde será proposto separadamente, após pequena pausa, se já não tiver sido realizado antes.

Ao falar em público a pessoa deve de antemão saber como vai terminar seu discurso; precisa ter um fecho decorado, caso contrário ficará sem saber como concluir e poderá ficar completamente embaraçada, precisando que alguém a socorra pronunciando o encerramento em seu lugar.

Discurso-brinde. Um brinde não é um discurso, porque é breve, mas pode funcionar como fecho de palavras de elogios, curtas referências biográficas, breve história de um empreendimento ou de um projeto, conforme for o motivo da celebração, incorporando, assim, características do discurso e do brinde. Se a intenção é um discurso-brinde, aquele que vai pronunciá-lo deve ter sua taça preparada, servida da chamapagne, vinho, ou outra bebida com que vai brindar. Porém, como dito acima, se o discurso é longo, deve esperar pelas palmas e o brinde será proposto separadamente, após pequena pausa.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 29-10-2003.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Brindes e discursos. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2003.