Hoje: 21-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Nesta página reuni exemplos ilustrativos do uso de alguns elementos gramaticais e sinais gráficos que interessam à redação do conto, com destaque para a distinção entre o “Meia-risca (meio travessão)“ e o “travessão”. Essa distinção falta nos romances e contos e em nossas gramáticas, porém espero que o leitor, após haver lido este texto, concorde comigo em reconhecer suas respectivas funções, claramente distintas, na redação dos diálogos. Ao digitar, não há dificuldade para as suas inserções nos textos, uma vez que são obtidos no computador quer pelo uso da caixa de símbolos, quer pela digitação respectivamente dos números 0150 e 0151 com a tecla “Alt” pressionada, e usando-se o teclado especial de números. Veja abaixo, por favor, as minhas sugestões de uso do travessão e meia-risca, maiúsculas e minúsculas no diálogo, parênteses, aspas, itálico, reticências, e outros elementos.
Minhas sugestões estão em negrito e abaixo de cada uma, em letras normais, está a mesma frase conforme consta na obra que é citada.
Algumas regras inferidas do uso que é feito de Travessão e Meia-Risca:
A distinção entre “meia risca” e “travessão“ geralmente não é feita pelos gramáticos e também não é reconhecida pelos editores. No entanto, essa distinção me parece de primordial importância na redação de um conto para que fique bem claro o que é parte do diálogo e o que é simplesmente a separação de frases subordinadas.
O travessão é usado no diálogo com o fim de individualizar as falas dos personagens.
O meia-risca, também chamado meio-travessão, embora possa ser usado em qualquer parte do texto, é no diálogo que seu uso é mais importante. É empregado para separar qualquer observação do autor ou narrador intercalada em uma fala.
A frase contida entre dois meia-riscas ou entre um meia-risca e o ponto final que limita a sentença tem sua pontuação própria.
O travessão tem o comprimento da letra “m”, o meia-risca o da letra “n”, e o hífen tamanho igual ao da metade do meia-risca. Isto equivale a dois hífens seguidos para o meia-risca e a três hífens seguidos para o travessão.
As relações do meia risca e do travessão com as outras formas de pontuação e com certos sinais gráficos, como as aspas e os parênteses, também são de interesse para o contista.
Para fazer mais clara para o leitor a minha exposição, reuni frases de alguns autores conhecidos, nas quais introduzo a distinção entre meia risca e travessão, e entre estes e outros elementos do diálogo.
As frases reeditadas por mim para caracterização do meia-risca e do travessão, estão em negrito. Os trechos correspondentes, como eles aparecem nos textos dos autores – empregados sem distinção, em foRecPgContoso único –, estão em letra normal, abaixo de cada exemplo.
As citações não estão entre aspas para que fiquem apenas com os sinais que constam dos originais.
Exemplos do uso do travessão e do meia-risca separando um comentário sobre a fala:
— Qual o verdadeiro motivo de sua vinda? – perguntou ele, penetrando de súbito em meus pensamentos.
— Qual o verdadeiro motivo de sua vinda? — perguntou ele, penetrando de súbito em meus pensamentos. (Greene, op. cit., p. 97)
…..
— É a melhor biblioteca racionalista de Londres – esclareceu Miss Smythe
— É a melhor biblioteca racionalista de Londres — esclareceu Miss Smythe. (Greene, op. cit., p. 100–101).
…..
— Fiz tudo para quebrá-la, mas não consegui – disse secamente.
— Fiz tudo para quebrá-la, mas não consegui — disse secamente. (Greene, op. cit., p.149)
…..
— Está claro, está claro… – murmurou Amaro que se fizera muito branco.
Está claro, está claro…— murmurou Amaro que se fizera muito branco. (Eça, op. cit., p. 219)
Exemplo do uso do meia-risca para fazer uma inserção descritiva (“Olhou com súbito ódio…”) que não é parte da fala e, mais adiante, para separar um comentário relativo ao diálogo (“repetiu com fúria“).
— Exercícios podem não ser muito úteis nas batalhas, mas eles formam o caráter. Do contrário, você tem… bem, gente como eu. – Olhou com súbito ódio para os sapatos: eram como a marca de um desertor. — Gente como eu – repetiu com fúria.
— Exercícios podem não ser muito úteis nas batalhas, mas eles formam o caráter. Do contrário, você tem… bem, gente como eu. — Olhou com súbito ódio para os sapatos: eram como a marca de um desertor. — Gente como eu — repetiu com fúria. (Greene, op. cit. p. 215).
Usualmente, o comentário prévio a uma fala do diálogo real destaca-se do texto corrente e abre novo parágrafo que finda com dois pontos. O travessão abre um outro parágrafo em seguida, para a fala:
Observei maliciosamente:
— Esta é a imagem dos Evangelhos. (Greene, 1960, p. 100–101).
…..
Miss Smythe respondeu depressa:
— O senhor ficaria surpreso! Há tanta gente ansiosa por uma mensagem de esperança!
…..
Disse vagarosamente:
— Não importa o que você acredite. Por mim você pode acreditar em toda engrenagem de truques. Eu a amo Sarah! (Greene, op. cit., p.149).
…..
Mas o pároco, apressado, puxou-a pelo braço:
— Não vale nada, não vale nada! (Eça, op. cit., p. 366)
Mas o pároco, apressado, puxou-a pelo braço:
— Não vale nada, não vale nada! (Eça, op. cit., p. 366)
O comentário prévio à fala abre parágrafo, porém o travessão continua na mesma linha do comentário, sem abrir seu próprio parágrafo. É um modo de dar mais ênfase ao que será dito ou pensado pelo personagem:
Eu tinha de lhe dizer um dia: — Creio em Deus e em todo o resto. Você me ensinou. Você e Maurice. (Greene, op. cit., p.149).
…..
Na rua, o filho de Parkis sentiu-se mal. Enquanto ele vomitava pensei: — “Sarah o abandonara também? Não haveria um fim para tudo aquilo? Teria eu agora de descobrir um terceiro?” (Greene, op. cit., p. 100–101).
…..
Pensei com raiva: — “Se eu não o deixei por Maurice, por que diabo haveria de fazê-lo por você?” (Greene, op. cit., p.149)
Uso do meia-risca fora dos diálogos (como elemento de realce de complemento):
Agostinho era um estilista de vilezas. Davam-lhe quinze mil reis por mês e casa de habitação na redação – um terceiro andar desmantelado n’uma viela ao pé da Praça.
Agostinho era um estilista de vilezas. Davam-lhe quinze mil reis por mês e casa de habitação na redação — um terceiro andar desmantelado n’uma viela ao pé da Praça. (Eça, op. cit., p. 181)
…..
Ia pela rua devagar, ruminando com gozo a sensação deliciosa que lhe dava aquele amor – uns certos olhares dela, o arfar desejoso do seu peito, os contactos lascivos dos joelhos e das mãos.
Ia pela rua devagar, ruminando com gozo a sensação deliciosa que lhe dava aquele amor — uns certos olhares dela, o arfar desejoso do seu peito, os contactos lascivos dos joelhos e das mãos. (Eça, op. cit., p. 170)
…..
Havia nesse mau gosto algo característico, – peculiar.
Havia nesse mau gosto algo característico, — peculiar. (Tchekhov, p.
…..
As amigas da S. Junqueira – as íntimas – a D. Maria da Assumpção, as Gansosos, tinham ido…
As amigas da S. Junqueira — as íntimas — a D. Maria da Assumpção, as Gansosos, tinham ido… (Eça, op. cit., p. 56)
MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS NO DIÁLOGO
Comentário posterior a uma frase do diálogo é separado por meia-risca e começa com letra minúscula:
— Henry talvez se oponha – retruquei, tentando levar a proposta na brincadeira
— Henry talvez se oponha — retruquei, tentando levar a proposta na brincadeira.(Greene, op. cit., p.149)
…..
— Há muita coisa que não conseguimos entender – observei.
— Há muita coisa que não conseguimos entender — observei. (Greene, op. cit., p. 100–101).
Comentário intercalado em uma fala tem meia-risca no seu início, e se termina com um ponto final, após o ponto a fala continua na mesma linha do comentário, e começa com maiúscula precedida de travessão:
— Esperança?
— Sim, esperança – Smythe confirmou. — O senhor não calcula a esperança que haveria, se todos no mundo soubessem que não há nada depois disto aqui! Nenhuma compensação futura, nenhuma recompensa, nenhum castigo.
— Esperança?
— Sim, esperança — Smythe confirmou. — O senhor não calcula a esperança que haveria, se todos no mundo soubessem que não há nada depois disto aqui! Nenhuma compensação futura, nenhuma recompensa, nenhum castigo. (Greene, op. cit., p. 100–101).
…..
— Ah! – interrompeu Smythe. — Já sabemos: a construção de uma flor, o argumento de um desenho, a história do relógio que requer um relojoeiro, tudo isto já foi superado! Schwenigen rebateu isto há 25 anos atrás. Deixe-me mostrar…
— Ah! — interrompeu Smythe. — Já sabemos: a construção de uma flor, o argumento de um desenho, a história do relógio que requer um relojoeiro, tudo isto já foi superado! Schwenigen rebateu isto há 25 anos atrás. Deixe-me mostrar… (Greene, op. cit., p. 100–101).
…..
— E olha! – gritou-lhe ainda de cima da escada.— Dize-lhe que se fez tudo o que se pôde, mas que a dor não deu tempo para nada! (Eça, op. cit., p. 366).
— E olha! — gritou-lhe ainda de cima da escada.— Dize-lhe que se fez tudo o que se pôde, mas que a dor não deu tempo para nada! (Eça, op. cit., p. 366).
…..
— Uma situação horrível… – murmurou, com uma expressão de dor intensa. — Horrível!
— Uma situação horrível… — murmurou, com uma expressão de dor intensa. — Horrível! (Tchekhov, p. 73)
…..
— Eu não estou doente – disse o escrevente. — São negócios com o senhor doutor.
— Eu não estou doente — disse o escrevente. — São negócios com o senhor doutor.
…..
— Ó, tio Cegonha – disse de repente. — Quanto lhe dão lá no cartório? (Eça, op. cit., p. 79).
— Ó, tio Cegonha — disse de repente. — Quanto lhe dão lá no cartório? (Eça, op. cit., p. 79)
…..
— O que significa isto?! – replicou o estudante de Medicina. — Em Londres, há dez vezes mais. Ali, há perto de cem mil dessas mulheres.
— O que significa isto?! — replicou o estudante de Medicina. — Em Londres, há dez vezes mais. Ali, há perto de cem mil dessas mulheres. (Tchekhov, p. 85).
…..
— Preciso conversar seriamente com você, Nicolai Stiepânitch – começa ela. — É a respeito de Lisa … Por que você não presta atenção?
— Preciso conversar seriamente com você, Nicolai Stiepânitch — começa ela.— É a respeito de Lisa … Por que você não presta atenção? (Tchekhov, p. 144).
— Nada decidido… Tem havido dificuldades. – E acrescentou com um sorriso desconsolado: — Temos tido arrufos.
— Nada decidido… Tem havido dificuldades. — E acrescentou com um sorriso desconsolado: — Temos tido arrufos.
— “Eis o moinho …… ” – cantou o estudante de Belas-Artes. — “Está em ruínas …… “
— “Eis o moinho …… ” — cantou o estudante de Belas-Artes. — “Está em ruínas ……” (Tchekhov, p. 87).
Comentário intercalado em uma fala tem meia-risca no seu início, e a continuação da fala será na mesma linha. Se o comentário não tiver ponto final, a fala é retomada com minúscula, após outro meia-risca,
— Nada de grave, apenas uma gripe forte. Ouça, Maurice – e ela espaçou bem as palavras como uma professora, deixando-me irritado – não venha por favor. Não posso vê-lo.
— Nada de grave, apenas uma gripe forte. Ouça, Maurice — e ela espaçou bem as palavras como uma professora, deixando-me irritado — não venha por favor. Não posso vê-lo (Greene, op. cit., p. ).
…..
— Agora, deixe-me falar com Pierce – diz Kipler – e explicar as coisas para ele.
— Agora, deixe-me falar com Pierce — diz Kipler — e explicar as coisas para ele. (Grischan, p. 368).
…..
— Tonta de rapariga! – pensou Amaro – foi à fonte e esqueceu-se de fechar a porta. (Eça, 1933, p. 109)
— Tonta de rapariga! — pensou Amaro — foi à fonte e esqueceu-se de fechar a porta. (Eça, 1933, p. 109)
…..
—“Arrasta-me uma força ignota” – cantou a meia-voz – “para estas plagas tão tristonhas…”
“—Arrasta-me uma força ignota” — cantou a meia-voz — “para estas plagas tão tristonhas…” (Tchekhov, p. 84)
— Oh, senhores! – berrou Natário furioso com a contradição – o que eu quero é que me respondam a isto.
— Oh, senhores! — berrou Natário furioso com a contradição — o que eu quero é que me respondam a isto. (Eça, op. cit., p. 126).
Exemplo de intercalação do tipo parênteses, em substituição ao meia-risca:
— Meu Deus querido (por que querido? por que querido?) fazei com que eu creia! Não consigo crer.(Greene, op. cit., p. 116).
Falas não pertencentes a um diálogo vêm com travessão e aspas:
E, voltando a dirigir-se aos fariseus infelizes, o liberal gritava-lhes com ironia:— “Contemplai a vossa bela obra!”
E, voltando a dirigir-se aos fariseus infelizes, o liberal gritava-lhes com ironia: — “Contemplai a vossa bela obra!” (Eça, op. cit., p. 190)
…..
E todos lhe respondiam: — “Na rua da Misericórdia, na rua da Misericórdia numero nove” (Eça, op. cit., p. 243)
E todos lhe respondiam: — “Na rua da Misericórdia, na rua da Misericórdia numero nove” (Eça, op. cit., p. 243)
…..
Caminhando, vieram a encontrar uma figura branca, que tinha na mão uma palma verde. —“Onde está Deus, nosso pai?” perguntou-lhe Amaro, com Amélia conchegada ao peito.
Caminhando, vieram a encontrar uma figura branca, que tinha na mão uma palma verde. “Onde está Deus, nosso pai?” perguntou-lhe Amaro, com Amélia conchegada ao peito. (Eça, op. cit., p. 243)
O pensamento de um personagem em geral abre um parágrafo iniciado com aspas. Como o pensamento não é uma “fala”, não deveria ter travessão, mas apenas aspas, para delimitá-lo. Mas não é raro nos textos literários encontrar-se o pensamento precedido de travessão, às vezes associado a aspas:
Havia nesse mau gosto algo característico, – peculiar.
“Como tudo é pobre e estúpido!”, pensou Vassíliev.
Havia nesse mau gosto algo característico, —peculiar.
“Como tudo é pobre e estúpido!”, pensou Vassíliev. (Tchekhov, p. 87).
…..
Estavam brancos os cocheiros, os cavalos e os transeuntes.
“E como pode a neve cair neste beco?!”, pensou Vassíliev. “Sejam malditas estas casas!”(Tchekhov, p. 96).
…..
Sua expressão é complacente e tenho vontade de dizer: “Olhe bem, Drummond. Veja o que seus clientes fizeram.” Mas não é culpa dele.
Sua expressão é complacente e tenho vontade de dizer: “Olhe bem, Drummond. Veja o que seus clientes fizeram.” Mas não é culpa dele. (Grischan, p. 315)
…..
Donny Ray responde a todas as perguntas com um cortês e fraco “Não, senhor.” (Grischan, p. 318)
Donny Ray responde a todas as perguntas com um cortês e fraco “Não, senhor.” (Grischan, p. 318)
…..
Balanço a cabeça, como para dizer: “Deixe-o em paz. É inofensivo.”
Balanço a cabeça, como para dizer: “Deixe-o em paz. É inofensivo.” (Grischan, p. 317)
…..
[…] ontem à noite. “Foge, Prince, foge”, digo para mim mesmo.
[…] ontem à noite. “Foge, Prince, foge”, digo para mim mesmo. (Grischan, p. 281)
…..
Posso ver Miss Birdie sentada entre os filhos, sorrindo estupidamente e dizendo: “ Isso é ótimo.”
Posso ver Miss Birdie sentada entre os filhos, sorrindo estupidamente e dizendo: “ Isso é ótimo.” (Grischan, p. 334)
Adjetivos e expressões tomados como substantivos ficam entre aspas:
Num canto escuro e privativo, no subsolo da biblioteca, atrás de pilhas de livros de direito antigos e escondidos da vista do público, encontro meu “reservados” sozinho, à minha espera…tenho passsado horas nesta minha “toca” primitiva.
vista do público, encontro meu “reservados” sozinho, à minha espra…tenho passsado horas nesta minha “toca” primitiva.(Grischan, p. 38)
…..
[…] com Bosco e os outros “caducos”. Ela… (Grischan, p. 345)
[… ] com Bosco e os outros “caducos”. Ela… (Grischan, p. 345)
…..
[…] almoço dos “caducos” e falo de… Estamos falando do “coça e cheira a axila” da indústria. Deixe-me ver a apólice. (Grischan, p. 42)
[…] almoço dos “caducos” e falo de… Estamos falando do “coça e cheira a axila” da indústria. Deixe-me ver a apólice. (Grischan, p. 42).
Palavras em outra língua: latim, inglês, etc., que não sejam nomes de firmas ou pessoas:
Não vai haver nenhuma voz off, e seu rosto … (Grischan, p. 315)
Não vai haver nenhuma voz off, e seu rosto … (Grischan, p. 315)
…..
—Você é bartender? … — Não é gay, é?
—Você é bartender? … — Não é gay, é? (Grischan, p.89)
Evita-se a dupla pontuação com o uso do meia-risca.
Ocupado, muito ocupado, sabe? – com assuntos legais. Certamente…
Ocupado, muito ocupado, sabe?, com assuntos legais. Certamente… (Grischan, p. 129)
A reticência aparece no diálogo para indicar uma frase inacabada, um pensamento interrompido, uma insinuação, hesitação, um vazio, e pode ou não encerrar a fala:
— Não, mesmo assim … não se pode deixar de acompanhar …
— Não, mesmo assim … não se pode deixar de acompanhar … (Tchekhov, p. 76).
…..
— Nada … Insônia.
— Nada … Insônia.(Tchekhov, p. 173).
— Sou eu … – diz ela. — Eu … Kátia!
— Sou eu … – diz ela. — Eu … Kátia! (Tchekhov, p. 173).
Quando indica uma breve interrupção na fala, uma hesitação, a continuação da frase após a reticência começa com minúscula.
— Ora, que coisa! – murmurou enleado. — Viera Gavrílovna, por que tudo isso, pergunto eu. Minha cara, está … está doente? Ou alguém a ofendeu? Diga-me, talvez eu … bem, talvez possa ajudá-la …
— Ora, que coisa! — murmurou enleado. — Viera Gavrílovna, por que tudo isso, pergunto eu. Minha cara, está … está doente? Ou alguém a ofendeu? Diga-me, talvez eu … bem, talvez possa ajudá-la … (Tchekhov, p. 73).
…..
— Eu, Viera Gavrílovna, lhe fico muito grato, embora sinta que não mereci de modo algum tal… sentimento … da sua parte. Em segundo lugar, como homem honesto, devo dizer-lhe que … a felicidade baseia-se no equilíbrio, isto é, quando ambas as partes … amam de maneira idêntica …
— Eu, Viera Gavrílovna, lhe fico muito grato, embora sinta que não mereci de modo algum tal… sentimento … da sua parte. Em segundo lugar, como homem honesto, devo dizer-lhe que … a felicidade baseia-se no equilíbrio, isto é, quando ambas as partes … amam de maneira idêntica (Tchekhov, p. 76). …
Quando a reticência está a substituir dois pontos ou ponto final e é seguida de meia-risca para um comentário, a frase seguinte da mesma fala começa com maiúscula precedida de travessão. Mas se não há comentário à fala, a frase seguinte começa com maiúscula e sem travessão.
— Não se pode encarar assim um passo sério … – diz ela. — Quando se trata da felicidade da filha, deve-se deixar de lado tudo o que é pessoal. Sei que ele não agrada a você … Está bem … Se nós lhe dermos agora uma resposta negativa, se anularmos tudo, você pode garantir que Lisa não se queixará de nós a vida inteira? Os noivos não aparecem em penca hoje em dia, e pode acontecer que não surja outro partido … Ele gosta muito de Lisa e parece agradar a ela … É claro que ele não tem uma posição definida, mas, que fazer? Com a graça de Deus, há de se empregar em alguma parte. Ele é rico, de boa família.(Tchekhov, p. 144).
— Não se pode encarar assim um passo sério … — diz ela. — Quando se trata da felicidade da filha, deve-se deixar de lado tudo o que é pessoal. Sei que ele não agrada a você … Está bem … Se nós lhe dermos agora uma resposta negativa, se anularmos tudo, você pode garantir que Lisa não se queixará de nós a vida inteira? Os noivos não aparecem em penca hoje em dia, e pode acontecer que não surja outro partido … Ele gosta muito de Lisa e parece agradar a ela … É claro que ele não tem uma posição definida, mas, que fazer? Com a graça de Deus, há de se empregar em alguma parte. Ele é rico, de boa família.(Tchekhov, p. 144).
…..
— Você finge não notar nada, mas isso não está bem. Não se pode ser descuidado … Hnekker tem certas intenções em relação a Lisa … O que me diz? (Tchekhov, p. 144).
— Você finge não notar nada, mas isso não está bem. Não se pode ser descuidado … Hnekker tem certas intenções em relação a Lisa … O que me diz? (Tchekhov, p. 144).
…..
— Desculpe … – diz ela, baixando a voz toda uma oitava. — Eu compreendo o senhor… Ficar devendo a uma pessoa como eu … uma atriz aposentada … Bem, adeus … (Tchekhov, p. 174).
— Desculpe … — diz ela, baixando a voz toda uma oitava. — Eu compreendo o senhor… Ficar devendo a uma pessoa como eu … uma atriz aposentada … Bem, adeus … (Tchekhov, p. 174).
— Eis do que se trata … – começou Viérotchka, inclinando a cabeça e repuxando com os dedos uma bolinha do xale. — Sabe, eu queria … dizer-lhe o seguinte … Vai parecer-lhe esquisito e … estúpido, mas eu … eu não posso mais.(Tchekhov, p. 73).
— Eis do que se trata … — começou Viérotchka, inclinando a cabeça e repuxando com os dedos uma bolinha do xale. — Sabe, eu queria … dizer-lhe o seguinte … Vai parecer-lhe esquisito e … estúpido, mas eu … eu não posso mais.(Tchekhov, p. 73).
…..
— Vou sair daqui, meu caro — disse ele. — Vou pedir que tragam luz … Não posso ficar assim … sou incapaz … (Tchekhov, p. 246),
— Vou sair daqui, meu caro — disse ele. — Vou pedir que tragam luz … Não posso ficar assim … sou incapaz … (Tchekhov, p. 246)
Nomes de firmas e de pessoas em outra língua não vão para itálico:
No caso número 214668, “Black versus Great Benefit”, o autor do processo… (Grischan, p. 353)
No caso número 214668, “Black versus Great Benefit”, o autor do processo… (Grischan, p. 353)…..
Tenho um MasterCard e um Visa, cada um de um banco diferente daqui de… (Grischan, p. 94)
Tenho um MasterCard e um Visa, cada um de um banco diferente daqui de… (Grischan, p. 94)…..
…..
Conheço o gerente de uma filial do First Trust. Ele disse… (Grischan, p. 280)
Conheço o gerente de uma filial do First Trust. Ele disse… (Grischan, p. 280)…..
…..
[…] cuidado. — Entrega-me uma cartela de amostra de tintas da Sherwin–Williams. — Acho melhor ficarmos… (Grischan, p. 279)
[…] cuidado. – Entrega-me uma cartela de amostra de tintas da Sherwin-Williams. – Acho melhor ficarmos… (Grischan, p. 279)
…..
[…] especialmente atento ao terceiro baseman do PFX, um jogador… adversários. O ining termina, e o vejo…(Grischan, p. 292)
[…] especialmente atento ao terceiro baseman do PFX, um jogador… adversários. O ining termina, e o vejo…(Grischan, p. 292)
Títulos de livros, de itens, de revistas e jornais ficam em itálico.
— Continue a ler a revista — murmurou, abrindo uma National Geographic. Ela levanta a Vogue quase à altura dos olhos e… (Grischan, p. 276)
— Continue a ler a revista – murmurou, abrindo uma National Geographic. Ela levanta a Vogue quase à altura dos olhos e… (Grischan, p. 276).
…..
[…] facilmente evoluir para a condição mágica de invalidez permanente. (Grischan, p. 196)
[…] facilmente evoluir para a condição mágica de invalidez permanente. (Grischan, p. 196)
…..
[…] canto. Deixei meus livros espalhados na mesa e um deles, o Elton Bar Review, chamou a atenção de alguns médicos… (Grischan, p. 197).
[…] canto. Deixei meus livros espalhados na mesa e um deles, o Elton Bar Review, chamou a atenção de alguns médicos… (Grischan, p. 197).
Palavra toda em maiúscula pode ser empregada como recurso visual de ênfase. Os exemplos abaixo foram extraídos de trechos descritivos, mas poderiam aparecer também em um diálogo:
A cópia que Dot entregou durante seu depoimento tinha a palavra CÓPIA carimbada três vezes…
A cópia que Dot entregou durante seu depoimento tinha a palavra CÓPIA carimbada três vezes… (Grischan, 1996, p. 368).
…..
A porta de Ray está fechada com um aviso de NÃO FUMAR. Ela bate… (Grischan, p. 273)
A porta de Ray está fechada com um aviso de NÃO FUMAR. Ela bate… (Grischan, p. 273).
Graham Greene – Crepúsculo de um Romance, tradução de Branca Maria de Queiroz Costa (Ed. Civilização Brasileira S. A., Rio, 1960).
Grishan, John – O homem que fazia chover (“The rainmaker”, trad. de Aulyde Soares Rodrigues) Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1996.
Queiroz, Eça de – O Crime do Padre Amaro. 11a. Edição, Livraria Lelo, Limitada – Editora, Porto, 1933.
Tchekhov, Anton Pavlovitch – O Beijo e outras histórias.Trad. de BorisSchnaiderman. Editora 34, S. Paulo, 2006.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 21-11-2012.
Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Contos: meia-risca, travessão e outros elementos peculiares do diálogo. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2004.