Johann Gottlieb Fichte

Hoje: 18-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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FICHTE, Johann Gottlieb (1762-1814), filósofo alemão educado nas universidades de Jena (1780) e Leipzig (1781-84), trabalhou primeiro como tutor em Zurique, em 1788 e em Varsóvia em 1791. De Varsóvia ele foi visitar Kant em Königsberg e mais tarde enviou-lhe os originais de seu livro Versuch einer Kritik aller Offenbarung (“Tentativa de uma Crtica de toda revelação”). Kant ficou favoravelmente impressionado e ajudou-o a encontrar um editor. O livro foi bem acolhido e atribuído ao próprio Kant, em virtude do nome do autor, acidentalmente, não ter sido impresso. Kant esclareceu o engano e elogiou a obra, o que deu imediatamente grande reputação a Fichte.

Em 1795 Fichte tornou-se o editor do Philosophisches Journal e em 1798 publicou Das System der Sittenlehre nach den Prinzipien der Wissenschaftslehre (A ciência da ética fundamentada nos princípios do conhecimento”), no qual apresenta sua filosofia moral fundamentada na noção de dever. Quando, nesse mesmo ano, o Philosophisches Journal foi proibido, sob a acusação de ateísmo, Fichte teve que deixar a Universidade de Jena. Foi residir em Berlim, onde permaneceu de 1799 até 1806, quando as vitórias da França sobre a Prússia o levaram para Königsberg. Lá ele lecionou algum tempo, para retornar a Berlim, onde foi reitor da nova Universidade, de 1810 a 1812.

Um dos principais filósofos idealistas de maior destaque na Alemanha, no primeiro quarto do século XIX, Fichte ocupou-se em demonstrar o erro do kantismo, para o qual a liberdade e Deus constituíam a coisa última, o “absoluto”. O absoluto produz de si, do seu seio, formas que manifestam a sua própria essência: aquilo que chamamos o mundo, a história, os produtos da humanidade, o homem mesmo.

Fichte toma como absoluto o Eu. Mesmo que não possa ter um conhecimento de si fora do pensamento, a coisa pensante existe e tem intuição de si mesma como o Eu, e é a coisa última. O Eu é intuído por si próprio como ação; o pensamento vem depois.

O Eu absoluto necessita, para a sua ação, um objeto sobre o qual recaia essa atividade. O universo é este objeto. Então, no ato primeiro de afirmar-se a si mesmo como atividade, necessariamente tem que afirmar também o “não eu”, como fim dessa atividade. Então, o absoluto se explicita em sujeitos ativos e em objetos de ação. O conhecimento é uma atividade subordinada que tem por objeto permitir a ação, propor ao homem ação. Para atuar o eu necessita: primeiro, que haja um “não eu”; segundo, conhecê-lo no tempo e no espaço.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 00-00-2001.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – Filosofia Contemporânea: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 2001.