Frederico VI

Hoje: 23-11-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Frederico VI. Governou a Dinamarca primeiro como príncipe herdeiro, enquanto ainda vivo seu pai, Cristiano VII (1749-1808), de 1784 a 1808, e depois como rei, até 1839, quando faleceu.

Sua infância e juventude foram extremamente difíceis por ser o pai desequilibrado e incapaz de governar, e a mãe, Caroline Matilda (1751-1775), irmã de George III da Inglaterra envolvida em um escândalo de adultério com Struensee, um jovem médico e conselheiro da corte, que foi executado em 1772. Caroline, sua mãe, divorciada do Rei no mesmo ano, faleceu pouco depois, com 24 anos.

As guerras Napoleônicas, que romperam um longo período de paz, de quase um século, na Dinamarca, foram a grande questão na primeira metade de seu governo. O tratado de neutralidade face a Napoleão, entre a Dinamarca e a Suécia, celebrado em 1794, ao qual aderiram a Rússia e a Prússia em 1800, foi considerado hostil pela Inglaterra. Em 1801 um contingente da marinha inglesa entrou no Sound e destruiu boa parte da frota dinamarquesa em uma batalha no porto de Copenhague.. Quando em seguida a frota inglesa ameaçou o porto de Karlskrona, a Rússia mudou sua atitude e iniciou negociações com a Inglaterra, contra Napoleão. Com isto o tratado se desfez, e a Suécia foi forçada a apoiar as negociações russas com a Inglaterra em 1802. Ainda assim a Dinamarca e a Noruega conseguiram manter-se neutras, e inclusive tirar proveito comercial da guerra, até 1807.

O Tratado de Tilsit desse ano entre a França, derrotada pela Inglaterra em 1805, em Trafalgar, e a Rússia, significava para a Inglaterra o fortalecimento da sua arquiinimiga, a França, e temendo que a Dinamarca também aderisse ao acordo franco-russo, e a frota dinamarquesa desse aos franceses, que haviam perdido seus navios, condições para invadir a Inglaterra, enviou tropas para ocupar Zealand, enquanto a própria frota inglesa bombardeava Copenhague, em setembro de 1807. Capturada, toda a frota dinamarquesa foi levada para a Inglaterra em outubro. A política de neutralidade havia fracassado. Perdida sua frota, seu comercio internacional entrou em colapso. Vendo Dinamarca agora desarmada e empobrecida sujeita a ser invadida pela Rússia ou pela França, o príncipe Frederico aliou-se preventivamente a essas duas potências.

Em 1808 o príncipe Frederico foi coroado Rei Frederico VI da Dinamarca e da Noruega, como seu pai e seu avô. Tinha agora a braços a tarefa de soerguer o país. A guerra napoleônica havia resultado uma catástrofe nacional para a Dinamarca, tanto do ponto de vista econômico quanto político. A capital Copenhague havia sido devastada pelo bombardeio de 1807 e sua importância como centro comercial transferiu-se para Hamburgo. A inimiga Inglaterra, antes a principal compradora do milho produzido na Dinamarca, impôs altas taxas para a importação desse produto dinamarquês; fazendas eram leiloadas para pagamento de dívidas. A moeda dinamarquesa perdeu valor e o estado declarou-se falido em 1813. Celebrada a paz de Kiel em janeiro de 1814, a Dinamarca teve que ceder a Noruega aos suecos e a Heligolandia aos ingleses. Somente em 1818 a economia haveria de começar a reagir, voltando a crescer a produção agrícola. A agricultura dinamarquesa elevou-se a um alto nível de qualidade, inclusive devido à lei da educação de 1814, que estabeleceu a obrigatoriedade de frequentar a escola para todas as crianças entre 7 e 14 anos de idade. A partir de 1830 o país, até então essencialmente agrário, começa a receber as primeiras influências benéficas da revolução industrial.

Inicialmente inclinado ao governo absolutista, Frederico VI fez cair o poder do gabinete de ministros. Porém, após a revolução de julho de 1834 na França, o povo dinamarquês exigiu maior liberdade em relação aos poderes reais quase absolutistas de seu monarca. Simultaneamente o movimento liberal cresceu entre os intelectuais ao tempo de Kierkegaard, tendo por tribuna o jornal liberal criado em 1834, Faedrelandet (“A Pátria”). Frederico VI, tido como responsável, energético, e um firme “pai do seu país”, admitiu e organizou assembleias provinciais consultivas, o que preparou o advento do parlamentarismo na Dinamarca, alguns anos mais tarde. Foi sucedido por Cristiano VIII.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 00-00-1999.

Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – NOTAS: Vultos e episódios da Época Contemporânea. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1999.