Johann Christoph Friedrich von Schiller

Hoje: 21-11-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

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FILOSOFIA

A preocupação central de Schiller é precisamente a relação entre razão e sensibilidade, entre o dever que nos é indicado pela razão, e as nossas inclinações naturais, e o seu principal pensamento filosófico parece ser com respeito ao papel da Estética como força civilizadora. Ele parte do pensamento de Rousseau, de que o povo quer o bem, mas é incapaz de reconhecê-lo sem uma educação e que a mestra para essa educação é a natureza, ou seja, as nossas próprias inclinações. Parte também da posição de Kant, que é contrária à de Rousseau, porque Kant diz que a razão é que aponta o dever e indica o que é bom e correto.

Com respeito a Rousseau, Schiller considera que a natureza (nossas inclinações) não é mestra confiável, pois suas lições muitas vezes chegam perto de aniquilar o homem. Com respeito a Kant, acha que seguir exclusivamente a razão como quer Kant, simplesmente levaria a uma forma de opressão política. De um lado o retorno à selvageria, de outro o cansaço e o desestímulo Portanto, nem as inclinações nem a razão são capazes, isoladamente, de tirar o homem da brutalidade para a civilização.

A solução, para Schiller, é que os dois elementos, nossas inclinações e nossa razão, atuem juntos. Não podem os sentimentos dominarem a razão nem pode a razão destruir os sentimentos. E a natural convergência desses dois elementos está na Estética, na apreciação do belo, que exige tanto de nossos sentimentos quanto de nossa razão na sua apreciação. A razão precisa do sentimento, a fim de que a moral racional seja desejada, e o comportamento moral seja valorizado.

A sensibilidade tem que colocar seu peso total por trás da razão. Somente quando a razão tem o peso total da sensibilidade atrás de si é que é possível para nós saltar fora do estado da natureza. Devido à presença de inclinações, qualquer que sejam, deixamos de ser seres morais confiáveis.- Pode em alguns casos funcionar, mas em outros as chances são pesadamente contra a razão vencer a competição, o que é parte do argumento de Schiller. – dever e inclinação precisam fluir na mesma direção. – Assim, para Schiller, o carater inteiro será vigoroso, porque será um carater no qual a razão e a inclinação não são mais antagônicos, e no qual a razão terá a plena força do impulso atrás de si. Energia de caráter, ele dirá, é a principal fonte de tudo que é grande e excelente no homem.

Assim Schiller via a sociedade de seu tempo: os vícios da natureza misturados com a racionalização para justificar os piores aspectos do egoísmo social e político – Essa divisão no Estado reflete a mesma divisão que existe em cada indivíduo. Por isso o Estado nada pode fazer para reunificar o indivíduo, de modo que o sentimento encorage a moral. Ao contrário “longe de ser capaz de lançar os fundamentos para essa humanidade melhor, o próprio Estado teria que se fundar nela”

A solução tem que ser alguma coisa capaz de unir, no homem, essas duas partes antagônicas, e Schiller se volta para as Artes. Schiller apela para o poder energizante da beleza – O homem dominado exclusivamente pelo sentimento será libertado através da disciplina – O homem totalmente dominado pela disciplina espiritual será libertado através de certa medida de materialidade (sensualidade) – é um estado no qual a pessoa ganha um sentido de sua própria totalidade. O argumento é que na experiência estética, de acordo com Schiller, nos tornamos conscientes de aspectos de nós mesmos que revelam uma inteireza (ou plenitude) que de outro modo poderíamos não saber existente. Nós provavelmente compartilharemos o ceticismo geral a respeito de sua pretensão de que “é somente através da Beleza que o homem faz seu caminho para a liberdade.

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Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 24-01-2003.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Friedrich Schiller. Filosofia Contemporânea. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2003.