Hoje: 26-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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O Salão em Coppet. Germaine permanece em Coppet até outubro, e depois passa a Rolle, também à margem do lago Leman, poucos quilômetros ao norte de Nyon e de Coppet, onde a 20 de novembro de 1792 nasce o filho Albert. Em fins de dezembro, ela parte para a Inglaterra. Lá encontra, em janeiro, Narbonne e o bispo Talleyrand, Mathieu de Montmorency e outros refugiados políticos franceses, abrigados na mansão Juniper Hall, na vila de Mickleham, no Surrey, e entre eles causou geral consternação, a notícia de que, a 21 de janeiro de 1793, Louis XVI havia sido executado na guilhotina.
Em Juniper Hall ela viveu feliz em um ambiente a seu gosto, de debates políticos, comentários espirituosos e expectativa em relação ao que se passava em Paris. Trabalhou no De l’influence des passions, e conheceu a romancista Fanny Burney que passava férias nas vizinhanças e era sua admiradora. Mas a amizade com a escritora inglesa foi breve. O pai de Fanny Burney, influenciado pelos rumores que os monarquistas espalhavam a respeito da baronesa, principalmente sobre seus amantes, ficou preocupado e não consentiu na aproximação da filha com a ilustre refugiada francesa.
A 11 março de 1793 começa na França a guerra civil com a revolta dos camponeses do oeste do país. A 28 março é constituído o Tribunal Revolucionário para julgar crimes de traição. A 6 abril a Convenção confia o governo a um comitê chamado Comitê da Saúde Pública dominado por Robespierre. É o início da perseguição jacobina aos monarquistas e aos republicanos moderados que não aceitam a ditadura. No dia 31 maio e 2 de junho, os girondinos (monarquistas constitucionalistas e republicanos moderados) são presos para serem guilhotinados.
A estada de Madame de Staël na Inglaterra foi interrompida, para seu grande pesar, por um chamado de seu marido. O embaixador enviou um emissário sueco a Ostend, porto belga de movimentada ligação marítima com a Inglaterra, para esperar por ela e conduzi-la em segurança à Suíça. Depois de quatro meses em Londres, em Junho, encontrava-se de volta a Coppet. Conhece então o exilado Adolphe Ribbing, um dos conjurados para o assassinato de Gustave III, rei da Suécia, ocorrido em março de 1792. Seus pais estão em Lousanne. Ela começa a se interessar por ele. Aluga uma casa perto de Nyon, à margem do lago e pouco ao norte de Coppet, para lá esconder os refugiados do Terror, e também Ribbing, de quem se torna amante. A salvo na Suíça, em sua residência de Coppet, publica, no início de setembro do mesmo ano Réflexions sur le procès de la Reine (Reflexões sobre o processo da Rainha) onde toma a defesa da rainha humilhada e maltratada, acusada de crimes que não teria cometido. Nesta obra mostra seu inconformismo com as misérias da condição da mulher, ainda que seja uma rainha, e dirige a todas as mulheres uma emocionante defesa por aquela outra que arrastavam na lama antes de assassinarem.
No dia 13 de julho, Marat, um dos revolucionários mais violentos, é assassinado por uma jovem monarquista, Charlotte Corday. Em 17 de setembro, a Convenção vota uma lei que lhe permite prender, julgar e guilhotinar qualquer um. É o início do Terror, período em que seriam assassinados 20.000 cidadãos por motivos políticos.Os padres que mantêm fidelidade ao Papa são perseguidos e executados.A 16 de outubro a rainha Maria-Antonieta é guilhotinada.
Em 1794 sua mãe, Madame Necker, publica Réflexions sur le divorce. Ela própria publica, a 6 de abril, o romance Zulma, escrito havia algum tempo. A 15 de maio, Madame Necker morre em Beaulieu. Então Germaine vem residir no castelo de Mézery, próximo a Lausanne, onde permanece até o fim de agosto, e faz fugirem da França vários amigos ameaçados de morte.
A 8 de junho de 1794 acontece a “Festa do Ente Supremo” sob o patrocínio de Robespierre, autor da ideia de uma religião única para os franceses, independente do Papa. A 27 de julho Robespierre e seus amigos são presos, e guilhotinados no dia seguinte. É o fim do Terror. No outono, seu marido, que pode reabrir a embaixada em Paris, vem a Coppet.
Em fim de julho, Narbonne chega a Mézery. A ruptura ocorrerá logo. Ribbing permanece em Mézery uma parte do verão e viaja em 7 de setembro. A 18 de setembro, Germaine encontra pela primeira vez Benjamin Constant em casa de sua prima Constance Cazenove d’Arlens. Um intelectual à sua altura, escritor e político, porém um jogador sempre afundado em dívidas, Constant imediatamente lhe faz a corte, por algum tempo sem sucesso. Era um ano e meio mais novo, e ela termina por se apaixonar por ele. Viveriam um relacionamento tumultuado, as mais das vezes grandemente frustrante para ela., mas que haveria de durar por 14 anos. Ao fim do ano, sai uma primeira edição, impressa na Suiça por François de Pange, do Réflexions sur la paix adressées à M. Pitt et aux Français.
A partir de janeiro de 1795 Constant vem residir em sua casa. Nesse ano, ocorre a publicação, em Paris, do seu Réflexions sur la paix interieure e do Recueil de morceaux détachés (três novelas e o Essai sur les fictions). Em maio ela vai para Paris com Benjamin Constant e reabre aos amigos o seu salão na rua de Bac. Lá se reúnem, entre outros, Destutt de Tracy e Cabanis. Com o seu pensamento mais afinado com a Revolução, o que ela agora defende é uma república liberal a exemplo dos Estados Unidos da América.
A Assembléia da Convenção reprime os motins monarquistas e anti-realistas, prepara uma nova Constituição e, a 1º de outubro de 1795, um novo regime, o Diretório, sucede à Convenção. No regime do Diretório, são instalados dois Conselhos legislativos e um Diretório executivo composto de cinco pessoas. Em 15 de outubro, o Comitê de Saúde Pública, órgão executivo da Convenção, ordena a Madame de Staël deixar a França. A 22 de abril de 1796 o Diretório decretou sua prisão se ela fosse encontrada na França.
Em fins de julho está de volta a Coppet e, no início de outubro, ela publica De l’influence des passions. Sua obra mais aplaudida talvez tenha sido o De l’influence des passions sur le bonheur des individus et des nations, também deste ano, um tratado sobre a relação entre as paixões e a felicidade, considerado um importante marco do Romantismo Europeu. Ela adotou a nova corrente literária desenvolvida principalmente na Alemanha, lendo o velho crítico suíço K.V. von Bonstetten; Humboldt e, principalmente, os irmãos August Wilhelm e Friedrich von Schlegel, que estavam entre os Românticos alemães mais influentes.
Sua filha Albertine, nascida em 8 de junho de 1796, foi tida como filha de Constant. Seu casamento com o Barão de Staël-Holstein terminou com uma separação formal, devido aos grandes débitos do marido, contraídos no jogo, que se via compelida a resgatar. Neste ano, publicou Essai sur les fictions. Goethe apreciará essa obra a ponto de traduzi-la para o alemão no ano seguinte ao de sua publicação. O grande escritor passa a acompanhar com interesse os trabalhos de Madame de Staël, juntamente com Schiller e o cientista Wilhelm von Humboldt; este último será, a partir de então, um dos amigos mais caros para ela e insistiu que somente ela poderia tornar a cultura e o pensamento alemão conhecidos na França. Em dezembro ela parte clandestinamente com seu amante Benjamim Constant para a França. Fica na casa dele em Hérivaux.
À frente do exercito francês, Napoleão conquista, naquele ano, o centro e o norte da Italia, que renderão para a França os recursos que ela desesperadamente necessita para recuperar suas finanças.
Napoleão Bonaparte. Em abril de 1797, Madame de Staël pode se reinstalar em Paris à rua de Bac. Em dezembro assiste a apresentação solene de Napoleão ao Diretório. Napoleão então lhe pareceu o líder liberal que poderia fazer triunfar a liberdade, o que a Revolução não havia conseguido realizar. Porém Napoleão sabia de suas idéias políticas, contrárias às suas, e a olhava como um perigo em potencial. Ainda em 1797 ela funda o Cercle constitutionnel com Constant, e outros políticos e intelectuais moderados. Ela influiu sobre Barras para que o amigo Talleryrand fosse nomeado ministro das Relações Exteriores; e em julho, ele foi nomeado para o ministério.
Em setembro do mesmo ano de 1797, ocorre o golpe de Estado. Germaine salva vários amigos ameaçados e se retira por algum tempo para Ormesson. A 18 de outubro de 1797, o général Bonaparte impõe paz à Áustria acabando com a antiga coalizão montada contra a França.
Em janeiro do ano seguinte mais uma vez retorna a Coppet. Neste mês Napoleão à frente do exército francês invade a região do Vaud, na Suíça. Genebra cai em poder dos franceses. Em junho Germaine retorna à França e se instala em Saint-Ouen, na mansão de seu pai.
Em 1798 a França é ameaçada por uma segunda coalizão de países liderada pela Inglaterra, com a liderança de William Pitt, o jovem. A França depende dos impostos cobrados nos países conquistados e não pode perder suas conquistas.
A fim de economizar com as despesas de casa, Germaine se instala com os seus na rua de Grenelle, em um Hôtel menos custoso que o da rua de Bac. Escreve Des circonstances actuelles qui peuvent achever la Révolution, um apelo à razão, para tirar a França da anarquia. Em outubro novamente retorna a Coppet, onde passa o inverno. Constant se separa dela e volta a Paris. Ela começa a escrever a obra De la littérature. Permanece em Coppet até abril, quando volta para Saint-Ouen. Retorna a Coppet em julho e lá permanecerá até o início de novembro do ano seguinte.
No início de 1799 a coalizão de países que combate a Revolução na França pretende colocar Louis XVIII no trono; e o papa quer cobrar indenização pelas perdas da Igreja em França. Os membros do Diretório que é liderado pelo abade Emmanuel-Joseph Siyès (1748-1836), vigário geral e chanceler da diocese de Chartres, eleito deputado dos Estados Gerais pela cidade de Paris, decidem confiar o país a um general.
O General Napoleão Bonaparte, que estivera combatendo os ingleses no Egito, desembarca em Fréjus, a 8 de outubro, não propriamente vitorioso, tendo deixado suas tropas no Egito impedidas de embarcar pela armada inglesa. De volta, encontrou a França mergulhada na crise. Sieyès, hábil político e membro do Diretório, planejou o golpe que poria fim ao regime revolucionário. Com a execução, em 9 e 10 novembro de 1799 (18 de Brumário) do golpe de Estado, o regime do Diretório é transformado no Consulado, do qual o general Bonaparte é o Cônsul primeiro, e os dois outros, o advogado Pierre Roger Ducos (1754-1816) eleito para a Convenção pelo departamento de Landes – e que havia votado pela morte de Louis XVI –, e o abade Sieyes.
Após o golpe de 9 de novembro, que inaugura o Consulado, Germaine e seu grupo ainda vêem no Primeiro Consul um possível restaurador da República. No dia do golpe ela volta a Paris.
A 4 de dezembro, Constant é nomeado, por Sieyès, para o Tribunat dos Consuls de la République. No entanto, o primeiro discurso de Constant no Tribunat, nos primeiros dias de 1800, excita a cólera de Bonaparte, o Primeiro cônsul. O discurso fora preparado em casa de Germaine e ela encorajara Benjamim a pronunciá-lo. Em seu (Dez anos de exílio – Ed. do Projeto Gutenberg, 2005) diz que, se soubesse a perseguição que sofreria devido a esse envolvimento, talvez tivesse agido diferente. Napoleão também acusa Madame de Staël de haver deixado seu marido na miséria.
Apesar de sua frieza com respeito a Madame de Satël, Napoleão, desejando seu apoio, havia aceito seu amante Constant no Tribunat, e através do seu irmão Lucien Bonaparte, amigo de Germaine e frequentador de sua casa, oferece pagar a Necker os 2 milhões que o Estado lhe devia. Quando, mais tarde, na campanha para conquista da Itália, ao passar por Genebra, procura um encontro com seu pai. O ex-ministro é simpático ao Cônsul, e sem tocar no assunto do que tinha a receber do Tesouro, apenas encarece ao Cônsul um bom relacionamento com sua filha. Em suas memórias Madame de Staël diz acreditar que esse apelo de seu pai garantiu que ela pudesse permanecer em Paris por algum tempo.
Em abril de 1800, Madame de Staël publica De la littérature dans ses rapports avec les institutions sociales. O livro foi um sucesso e fez o seu salão, vazio desde o atrito com Napoleão, novamente receber a elite de Paris. No entanto, o que diz nesse livro – que a literatura francesa precisava dos costumes de uma república para se regenerar –, desagrada o governo. Em maio, ela deixa Paris por passar, como de hábito, o verão com seu pai em Coppet. Lá Constant se junta a ela em julho; ela começa a redigir o Delphine e aprende alemão. Trabalha também a 2a. Edição do De la littérature, que publicará ainda em novembro, quando retorna a Paris. Retoma sua rotina usual de encontros entre intelectuais e políticos em sua casa. Conforme relata, estrangeiros a tratavam com distinção, o corpo diplomático a visitava constantemente, e estas provas de prestígio eram sua salvaguarda.
Em 1801, em Coppet, ela conhece Sismondi, economista de Genebra, que virá a ser um de seus amigos mais fieis. Passa os primeiros meses de 1802 em Paris, e obtém sua separação do Barão de Staël, e retorna a Coppet.
O ex-marido falece em maio, em um albergue em Poligny, quando estava a caminho de Coppet. Em agosto seu pai publica o Dernières vues de politique et de finances, que aumentam o desfavor do pai e da filha perante o Primeiro Cônsul. Ao final do ano, em Dezembro, publica Delphine, a história de uma jovem inteligente, boa e correta, que perde todas as ilusões sobre os outros e sobre si mesma, enredo que a autora utiliza para passar suas idéias sociais, políticas e religiosas, e também sua visão da condição inferior da mulher mesmo nos países mais civilizados. De 2 de novembro a 3 de julho reside em Genebra.
Em fevereiro de 1803 e durante a primavera, devido à guerra com a Inglaterra, os ingleses residentes na França começam a ser presos, medida que atinge a vários de seus amigos. Irritado com a repercussão do Delphine, a 10 de fevereiro, o Primeiro Cônsul faz saber a Madame de Staël que ela devia se manter fora de Paris. Porém, em setembro, pensando que Bonaparte já se esquecera dela devido a estar muito ocupado com seus planos contra a Inglaterra, ela retorna à França; evitando Paris, se instala em uma pequena propriedade que possuía em Maffliers, a dez léguas da capital. Sua intenção era passar ali o inverno e receber alguns amigos, e mesmo aventurar-se até Paris para ir ao teatro e aos museus. Porém uma intriga dizendo que as estradas estavam cheias de gente que ia visitá-la, fez que o Primeiro Cônsul determinasse, no início de outubro, que ela deixasse a França. Em favor dela falaram os irmãos do Cônsul, Joseph e Lucien Bonaparte, e outros amigos, mas ninguém conseguiu demovê-lo. Uma tarde chegou ao sítio o comandante da guarda do Palácio de Versailles, vestido à paisana, com uma carta assinada por Bonaparte, determinando que ficasse a uma distância mínima de 40 léguas de Paris, sob pena de ser tratada como estrangeira e entregue à polícia. Acompanhada do policial, tolerante em lhe permitir algum tempo para se preparar, ela foi com os filhos a Paris, e ocupou por uns dias uma casa que havia alugado pouco antes. Joseph Bonaparte voltou a interceder por ela, novamente sem resultado. Por convite dele e de sua esposa, ela foi passar três dias com eles em sua casa de campo em Morfontaine, levando consigo o filho Auguste.
Viagem à Alemanha e à Itália. Decidiu, em lugar de voltar para a Suíça, seguir para a Alemanha, valendo-se de convites que havia recebido antes para visitar a Prússia. Joseph Bonaparte conseguiu-lhe várias cartas de recomendação para Berlim. Acompanhada de Benjamim Constant e de seus filhos, ela encetou viagem rumo a Alemanha. Pernoitaram em Chalons e no dia seguinte alcançaram Metz, onde se deteve por 15 dias para trocar cartas com seu pai, informando-o de seus problemas e de sua viagem. Em Metz, um pouco ao sul de Luxemburgo, Em Metz conhece a Charles de Villers (1765-1815), um grande conhecedor da Alemanha. Ela decide escrever a respeito da Alemanha cuja cultura era praticamente desconhecida para os parisienses.
Ela queria demonstrar a Napoleão Bonaparte que não era uma qualquer: A celebridade de seu pai e a dela própria era uma garantia de que seria recebida em todas as cortes. Mas, o que realmente a tornava importante era a hostilidade com que era tratada por Napoleão. Realmente, as portas se abrem para ela e as Cortes lhe dão tratamento digno de um Chefe de Estado. Em meados de novembro detém-se em Frankfurt, por motivo de doença da filha Albertine, então com cinco anos. Nessa ocasião troca cartas com o pai, que lhe envia opinião de médicos e receitas para a netinha. Recuperada a saúde da menina, prossegue seu itinerário para nordeste até Weimar, onde permanece de dezembro a fevereiro do ano seguinte, e onde Benjamim Constant a encontra e novamente se une a ela. Foi recebida com familiaridade na Corte de Weimar, visita com frequência Goethe, Schiller e Wieland. Ela se surpreendeu com o grande progresso intelectual que descobriu em Weimar. Anotou os costumes, a psicologia do povo. Estudou a língua alemã para ler e traduzir ela mesma as obras dos escritores que conheceu, e de outros intelectuais que ainda encontraria no caminho, como o já famoso Auguste Wilhelm Schlegel que, junto com seu irmão, representavam o movimento intelectual Sturm und Drang.
Em março de 1804, ela passa de Weimar para Leipzig, de onde Constant retorna a Genebra. De lá, agora rumando para o Norte, chega a Berlim, onde permanece por quase um mês e meio (de 8 março a 19 de abril). É apresentada à corte, e frequenta os salões berlinenses, onde conheceu Schlegel; ela o convence a ser o preceptor de seus filhos. Mas seu cicerone na Alemanha foi um jovem inglês estudante em Jena., Henry Crabb Robinson.
Seu pai falece em 9 de abril. Acreditando que ele estivesse apenas doente, ela deixa Berlim somente no dia 18 . Em quatro dias chega a Weimar, onde é informada do falecimento do pai e encontra Benjamim que viera confortá-la.
A 19 de maio chega a Coppet, onde permanece até 1 de agosto. Lá Germaine se recusa a se casar com Benjamim Constant, para não perder o sobrenome Staël e o título correspondente. No outono, ela publica os Manuscrits de M. Necker, com uma introdução Du caractère de M. Necker et de sa vie privée. Passa de agosto a setembro em Genebra, e de setembro a novembro em Coppet.
Ainda de luto pela morte do pai, em dezembro, depois de alguns dias em Lyon, ela parte para a Itália com o preceptor Schlegel. Sismondi se juntará a eles no caminho e será seu guia na Itália. Passam por Turin, e o ano novo em Milão, onde reencontra o poeta Vincenzo Monti.
Em fevereiro de 1805, visita Roma e vai a Nápoles, onde é recebida com grande deferência pela rainha Carolina.Retorna a Roma onde permanece de março a maio; frequenta a sociedade romana e encontra o seu amigo o cientista e diplomata Wilhelm von Humboldt, e flerta com um jovem diplomata português, dom Pedro de Souza, futuro duque de Palmella. Foi aplaudida no Capitólio pela Academia das Arcádias.
Em maio, fazendo seu percurso de volta, passa por Florença e Veneza. Em junho chega de volta a Milão, após a coroação de Napoleão como Rei da Itália. Em 12 dias chega a Coppet, onde passaria ainda sete anos de exílio. Passou um ano entre Coppet e Genebra. Em o Dix années d’exil ela expõe, com eloquência, a luta desigual do indivíduo desarmado contra um poder tirânico.
Constant insiste em desposá-la, mas ela mais uma vez recusa. Reencontra Prosper de Barante, com o qual mantem uma ligação amorosa. Ela começa o romance Corinne. Em agosto do mesmo ano seu filho Auguste de Staël parte para Paris, afim de se preparar para a Escola Politécnica. Em agosto ela recebe em Coppet uma visita de François-René de Chateaubriand, autor de Le génie du Christianisme (Paris, 1802). Ela compõe o drama Agar dans le désert. No inverno, ela e Constant se instalam em Genebra.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 18-12-2005.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Madame de Staël. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2005.