Maimônides

Hoje: 22-12-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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Moshé (Moisés) Ben Maimón, judeu sefaradi, conhecido entre os muçulmanos como Abu Imram Musa ben Maimun Ibn Abdalá, e no ocidente por Maimónides, nasceu em 30 de março de 1135, na Aljama (comunidade judaica autogovernada inserida em cidade estrangeira) de Córdoba.

Córdoba foi um admirável centro cultural na Espanha medieval. Contava um milhão de habitantes, sessenta mil edifícios, oitenta colégios e três universidades, e uma biblioteca de setecentos mil volumes manuscritos. Córdoba tornou-se um centro cultural judeu a partir do rabino Moshé ben Janóh.

Sobre a família de Maimônides se sabe que seu pai, rabí Maimón Hadayán, foi um matemático, astrônomo e talmudista famoso nos círculos intelectuais de Córdoba e Toledo. Seu irmão Davi era comerciante de joias e sua irmã Shulamit foi dedicada secretária que em excelente caligrafia redigiu e copiou suas obras. Pouco se sabe sobre a mãe de Maimônides, senão que era filha de um açougueiro e que não chegou a criar a seu filho Moisés pois morreu de complicações do parto. Diz uma lenda que o rabí Maimón a desposou devido a um sonho no qual Elias lhe ordenou que a desposasse e que teria um filho que “iluminará os olhos de todo Israel”.

Devido aos cuidados de seu pai, Maimônides dominou muito cedo as matemáticas, a astronomia, a filosofia e a física. Quando em 1148 o sul da Espanha foi conquistado pelos Almohads, uma seita fanática do Corão, os judeus e cristãos foram obrigados a emigrar para não perderem a vida, a menos que adotassem a fé muçulmana. A família seguiu para Almería, sul da Espanha, em 1151, e depois para Fez, no Marrocos, em 1159, onde o disfarce muçulmano seria mais facilmente praticado. Porém, porque um professor do jovem Maimônides foi descoberto praticando o judaísmo e por isso executado em 1165, a família de Maimon deixou Fez desta vez para a Palestina, e de lá retornando ao Egito, onde havia tolerância ao judaísmo. O exílio aumentou sua determinação de conhecimento e desde então inicia suas primeiras obras: um trabalho sobre os termos da lógica, um comentário ao Talmud babilônico em árabe e um manual em hebreu para o Talmud hierosolimitano intitulado “Leis de Jerusalém”, e um tratado sobre o ajuste do calendário lunar ao calendário solar.

Trabalhou por dez anos em seu trabalho mais importante, “O Torah revisado”, uma brilhante sistematização da doutrina e leis judaicas.

Em 1166 Maimônides perdeu seu pai e seu irmão Davi, este morto em um naufrágio. Deprimido caiu enfermo por um ano. Para sustentar-se, decide então ser médico. Contraiu matrimônio já com certa idade e teve o filho Abraham, um erudito que foi Príncipe e dirigente Espiritual do Judaísmo egípcio. Em 1176 ele começou a obra em que trabalharia por 15 anos, seu clássico em filosofia religiosa “O Guia dos Perplexos” uma contribuição importante para a compatibilização entre a ciência, a filosofia e a religião que depois foi traduzido na maior parte das línguas europeias. Em 1187 Maimônides é médico da Corte do famoso sultão Saladin. Faleceu aos 60 anos de idade, a 13 de dezembro de 1204. Seus restos mortais foram trasladados a Tiberiades, em Israel.

Maimônides classificou a medicina em três divisões: a preventiva, a curativa e a que atendia aos convalescentes, inválidos e anciãos. Escreveu trabalhos de medicina como “Extratos de Galeno”, uma seleção do que considerava o mais relevante entre os ensinamentos de Galeno, “Comentário sobre os aforismos de Hipócrates”, onde critica outros pontos de Hipócrates; “Aforismos médicos de Moisés”, com a descrição, diagnóstico e tratamento de várias doenças; “Tratado sobre as hemorroidas”; “Tratado sobre as relações sexuais”, escrito para um sobrinho de Saladino e onde descreve alimentos e drogas afrodisíacas e antiafrodisíacas, e descreve a fisiologia sexual. Este tratado é também intitulado “Livro da Santidade”, porque aconselha moderação na atividade sexual, fala das leis concernentes às relações ilícitas, das relações entre o judeu e o pagão, bastardos, descendência sacerdotal provada ou não provada, aspectos gerais relativos ao matrimônio e castidade, carnes e outros alimentos proibidos ou permitidos para o consumo humano, tudo sob o aspecto da lei na regulação da vida íntima e social; “Tratado sobre a asma”, com o regime dietético e climático apropriados para os asmáticos. “Tratado dos venenos e seus antídotos”; “Regime da saúde”; e com recomendações gerais sobre higiene do corpo e higiene ambiental. No Mishné Torá, ele descreve as regras sobre a supremacia e a nobreza da vida humana. Segundo ele, o homem deve manter sua saúde física e seu vigor para que seu espírito se mantenha lúcido, em condições de conhecer a Deus, pois é impossível compreender as ciências e meditar sobre elas quando se está enfermo ou faminto.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 00-00-1997.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – FILOSOFIA MODERNA: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.