Hoje: 03-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
A escola fisiocrática surgiu no século XVIII e é considerada a primeira escola de economia científica. Surgiu como uma reação iluminista ao mercantilismo, um subproduto do absolutismo que dava ênfase à indústria e ao comércio voltados para a exportação. Ao contrário, os fisiocratas consideravam a agricultura como fonte original de toda riqueza, porque somente ela permitia larga margem de lucros sobre um investimento pequeno. A terra era a única verdadeira fonte das riquezas. As outras formas de produção estavam meramente transformando produtos da terra, com menor margem de lucro. Os produtos da agricultura deveriam ser valorizados e vendidos a alto preço e os proprietários de terras reconhecidos com os verdadeiros promotores da riqueza do país e respeitados como tal.
A palavra “fisiocracia” indica a ideia fundamental de governo da natureza e liberdade de ação (de onde a famosa frase laissez faire, laissez passer) em oposição às complexas regulamentações governamentais que regiam o mercantilismo. O promotor dessa revolução contra o mercantilismo foi François Quesnay, médico da corte de Luís XV. Sua teoria apareceu em seu livro Tableau Economique (“Quadro Econômico”), de 1758, que mostrava esquematicamente as relações entre as diferentes classes econômicas e setores da sociedade, e o “fluxo de pagamentos” entre elas. Com o Tableau, Quesnay criou o conceito de equilíbrio econômico, uma concepção tomada como ponto de partida nas análises econômicas desde então. A poupança era potencialmente prejudicial porque, não aplicadas, podia perturbar o equilíbrio do fluxo de pagamentos.
Segundo Quesnay, existe uma ordem natural e essencial das sociedades humanas, que é inútil contrariar com leis, regulamentos ou sistemas. Seu primeiro discípulo importante foi Victor Riqueti, Marquês de Mirabeau, que escreveu Explication du “Tableau économique” (“Explicação do ‘Quadro Econômico’ “) de 1759, Théorie de l’impôt (“Teoria do Imposto”), de 1760; e Philosophie rurale (“Filosofia rural”), de 1763, todos girando em torno ao pensamento do mestre. Em 1763 outro jovem discípulo juntou-se à corrente, Pierre Samuel du Pont de Nemours, que em 1767 publicou uma coleção dos escritos de Quesnay sob o título La Physiocratie; ou, constitution naturelle du gouvernement le plus avantageux au genre humain (“A Fisiocracia ou, a constituição natural do governo a mais vantajosa para o gênero humano”) do qual a escola tirou o seu nome.
Fazendo pivotar a economia na produção agrícola, haveria um imposto único que os proprietários de terra pagariam, livrando o povo da grande quantidade de impostos a que estava obrigado. Porém uma experiência de conduzir a economia segundo a doutrina fisiocrática, feita por Anne-Robert-Jacques Turgot, ministros das finanças em 1774 resultou em fracasso devido aos protestos dos proprietários de terras. Com a exoneração do ministro desapareceu a influência dos fisiocratas.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 00-00-2001.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – Fisiocracia. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2001.