Pioneiros da Datação Geoquímica

Artigo transcrito por Rubem Queiroz Cobra da
Rev. Esc. de Minas 55 (3)
Set. 2002

A geoquímica analítica em Minas Gerais: de Gorceix ao Geolab – A contribuição do ITI

ma de “extrações seletivas”, aplicável a solos e sedimentos de corrente, constituindo-se em uma ferramenta indispensável para ajudar o planejamento na exploração geoquímica.

Nesse mesmo ano de 1972, o GEOLAB passa a realizar análises por fluorescência de raio x, com a importação de um espectrômetro seqüencial a vácuo, Geigerflex da Rigaku, tornando-se, agora, um laboratório integrado, com as principais técnicas da geoquímica analítica. A direção desse laboratório foi entregue ao Eng. Osmar da Luz Ferreira. Com esse espectrômetro passou-se a produzir análise completa de rocha com alta precisão e exatidão, ao se adotar o método de Rose (Rose et al., 1963) com amostras fundidas e com adição de lantânio para correção de efeitos de matriz. Uma descrição detalhada dos vários métodos e equipamentos usados no GEOLAB para análise de rochas e minérios por raio x foi feita por Dutra e Gomes (1984) e Ferreira e Donaldo (1985).

Em 1981, o GEOLAB instala seu primeiro espectrômetro de plasma, um ARL-35000 e, além de aplicá-lo em análises ambientais, levanta as condições para determinar subtraços de elementos de terras raras (ETR) em rochas. Quase simultaneamente com laboratórios americanos e europeus, o GEOLAB começa a oferecer esse tipo de análise (Dutra, 1984a e 1988b), apresentando os resultados no “Chondrite plot”, uma nova e poderosa arma para os estudos de petrogênese. Várias publicações foram geradas no GEOLAB, versando sobre distribuição de ETR em estudos de metalogênese (Grossi Sad e Dutra, 1989), em apatitas (Dutra e Formoso, 1995), em litogeoquímica (Dutra, Grossi Sad e Pedrosa Soares, 1986) e em padrões geoquímicos brasileiros (Dutra, 1989).

Em 1985, o GEOLAB iniciou um grande processo de expansão, com a construção da nova sede no bairro Olhos d’Água, com uma área três vezes maior que a anterior. Adquiriu um segundo espectômetro de raio x, um Philips 1480, o mais avançado da série, e um espectrômetro de plasma simultâneo, TJA ICAP-61, com 36 canais, para ser usado principalmente em geoquímica multielementar. Foram instalados 6 laboratórios de via úmida com dois deles destinados a análises ambientais, que ficaram sob a direção da Eng. Química Moema Dequech.

Metais nobres

Com a nova sede, o GEOLAB instalou um departamento para análises de metais nobres pelo clássico processo de “fire-assay”, com as determinações finais por absorção atômica ou ICP. Continuou, entretanto, a executar determinações de ouro com tratamento por água régia/AA, para fins de exploração geoquímica e também elementos do grupo da platina em níveis de ppb com finalização por espectrografia. Em 1988 – há 14 anos portanto -, o GEOLAB introduziu no país o sistema BLEG (bulk leach extractable gold), um processo analítico para exploração geoquímica de ouro para regiões áridas e semi-áridas. Desenvolvido primeiramente na Austrália, o método apresenta um limite de detecção extremamente baixo de 0,03 ppb (ou 30 partes por trilhão), quando a finalização é feita por emissão óptica.

Um artigo onde se levantou a história dos 30 anos do GEOLAB, com maiores detalhes sobre seus métodos, muitos dos quais foram disponibilizados pela primeira vez em nosso país, pode ser encontrado no boletim “Geosol Notícias”, n. 7, mar./abr. 2001. A equipe pioneira de químicos, que deu o start-up ao laboratório (Cláudio V. Dutra, Dayse O. Lima e Marcelo Cavalcanti) e que durante esses 30 anos o dirigiu tecnicamente, já se aposentou, como também o geólogo Arnaldo C. Gramani, que era seu Diretor Administrativo. Na área de raio x e de absorção atômica, ficaram Donaldo de Morais e Geraldo Raimundo, respectivamente, e, na direção geral, a Eng. Química Nádia Perdigão. No Laboratório de ICP, ficaram Sérgio Pelucci e Valéria Lobo.

O laboratório brasileiro, GEOLAB, lançado pela GEOSOL nos anos 60, pode ser considerado um continuador da velha tradição do ITI, porque absorveu vários de seus técnicos e muito de sua metodologia analítica. Esteve presente em quase todos os projetos de exploração mineral em nosso país, investindo sempre no desenvolvimento de novos métodos e introduzindo em nosso meio novas tecnologias. Em 1997, era um laboratório moderno, altamente capacitado e com excelente nome na comunidade geocientífica. Estava pronto para um salto maior, que era o de se projetar no campo internacional. Foi quando se associou ao laboratório canadense, Lakefield Research.

Agradecimentos

Agradecemos ao geólogo J. H. Grossi Sad e ao Eng. Antonio de Pádua Vianna Clementino pelas discussões em torno do assunto desse trabalho.

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 55(3):185-192, jul. set. 2002