Isabel (ou Elisabete) I – Rainha da Inglaterra

Hoje: 20-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Isabel (ou Elisabete) I, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, nascida em 1533, reinou de 1558 a 1603. Precederam-na no trono seu irmão doente, Eduardo VI, e Maria Tudor, a sua irmã mais velha, que havia tentado restabelecer o catolicismo na Inglaterra. Rainha com 25 anos, atraente e muito culta, Isabel soube controlar a disputa entre católicos e protestantes, e estabeleceu os termos de boas relações com o parlamento. A Inglaterra entra, então, em uma fase de grande desenvolvimento marítimo, um século depois de Portugal e Espanha. Com a tentativa de encontrar uma passagem ao norte do Canadá para as Índias, e a navegação para capturar escravos na África (John Hawkins), os ingleses descobriram terras e promoveram a colonização da América setentrional. Sir Francis Drake faz a navegação ao redor da terra (1577-1580) procurando a terra austral e foi fundada a companhia das Índias Orientais.

Entre os melhores homens da Rainha estavam os comandantes John Hawkins e Francis Drake. John Hawkins (1532-1595), começou sua carreira no mar como traficante de escravos capturados na Guiné, os quais transportava para vendê-los, e trocando-os por açúcar em portos das Antilhas. Francis Drake, primo de Hawkins, era um hábil comandante de navegação costeira no norte da Inglaterra e Escócia, que tinha ódio aos espanhóis e que mais tarde associou-se a ele no comércio e no combate à marinha espanhola.

Sem autorização dos espanhóis para realizar negócios em suas possessões na América, Howkins ficou sob a mira de seus canhões. Mas ainda assim conseguiu realizar uma fortuna para si e seus financiadores em Londres. Sua primeira viagem financiada por comerciantes ingleses deu tanto lucro que uma segunda (1564-1565) incluí contribuição da própria rainha Isabel I, mas a terceira, com uma frota de seis navios inclusive um comandado pelo primo Francis Drake, fracassou (1567/1569).

Hawkins e Drake aportaram em San Juan de Ulúa, México, em 1568, com navios para reparos e abastecimento de água, os quais usaram para trazer escravos Chegou a frota espanhola do Caribe, pediu espaço para aportar com promessa escrita de seu comandante de não causar danos aos ingleses. Hawkins concordou em reposicionar os barcos e os espanhóis, depois de estarem no meio dos navios, iniciou um ataque de surpresa contra os intrusos. Apenas Hawkins e Drake conseguiram se fazer ao mar e escapar. Este episódio acirrou o animo dos ingleses contra os espanhóis, o que ultimamente levou à guerra aberta entre Inglaterra e Espanha.

Howkins foi nomeado tesoureiro da marinha inglesa em 1577 e a modernizou. Fez o bloqueio dos navios espanhóis na altura dos Açores.

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O conflito religioso entre as nações mais poderosas da Europa marca a política internacional da época de Elisabete. Assinou um tratado de paz com a França que igualmente combatia a Espanha e apoiou os protestantes revoltados contra Filipe II, rei da Espanha, na possessão espanhola que viria a ser a atual Holanda e quando seu líder Guilherme de Orange foi assassinado, mandou um exército de seis mil homens lutar ali contra os espanhóis que tentavam sufocar a revolta protestante.

Em resposta, Filipe II, viúvo de sua irmã Maria Tudor, manda construir uma armada de cento e trinta barcos com dois mil, quatrocentos e trinta e um canhões, e uma tripulação de trinta e um mil homens – a Invencível Armada – para invadir a Inglaterra e assumir o trono inglês.

Elisabete mandou Francis Drake tentar fazer o impossível para deter os espanhóis. Drake atacou a esquadra espanhola em Cádiz, sem muito êxito. Mas os estragos atrasaram a partida dos espanhóis para o canal, o que deu tempo para que morresse o comandante Marquês de Santa Cruz, homem experiente e capaz de levar a empresa ao êxito. O novo comandante (Duque de Medina-Sidônia) tinha enjoos e disse entender mais de jardinagem que de navios. Foi Hawkins, então tesoureiro da marinha, que construiu a frota que derrotou a “Invencível Armada”. Derrotada, a frota tentou escapar contornando a Escócia. Dez barcos foram capturados, ou afundados, vinte e quatro foram afundados pelo mau tempo, e vinte outros desapareceram. Retornaram setenta e seis à Espanha (agosto de 1588).

A derrota dessa esquadra em 1588 – que, batida pela tempestade que a desarticulou nem chegou efetivamente a combater –, é um dos maiores malogros navais de todos os tempos. Porém o rei da Espanha vinga-se folgadamente, ajudando os Irlandeses contra a Inglaterra e mais, melhora a técnica da marinha espanhola tanto em equipamentos quanto no oficialato. Elizabete continuou a hostilizar Filipe II principalmente no mar contando com a inteligência e a habilidade de ambos, o Almirante Hawkins e seu primo, o capitão Sir Francis Drake

Em 1595, junto com Drake, Hawkins se fez ao mar no comando de uma frota de 27 navios para hostilizar os espanhóis na América Central. Morreu de doença em seu barco, na noite anterior ao ataque projetado a Porto Rico, que veio a fracassar, provavelmente por falta da sua liderança. Drake prosseguiu na campanha, mas também sucumbiu a uma febre quando navegava próximo a Porto Belo, no Panamá, em 1596.

Com os reveses nos mares e mais o custo da guerra contra a Espanha na Holanda, a economia inglesa desmorona. A situação favorece aos puritanos, que queriam redimir o reino através de uma vida irrepreensível. Peter Wentworth, aprisionado por Elizabete em 1586 na torre de Londres, liderava protestantes radicais, que desejavam varrer todo vestígio do catolicismo. Um grupo de Puritanos Separatistas (porque romperam com a igreja anglicana) foi obrigado a deixar a Inglaterra, e passou à Holanda, de onde depois seguiu para Plymouth Rock, na América, em 1620.

Isabel morreu em 1603. Esgotada sua linhagem, os reis da Escócia começam a governar também a Inglaterra, porque descendiam de Margarida Tudor, irmã de Henrique VIII, o primeiro da dinastia dos Stuart, e que assumiu também a monarquia inglesa como Jaime I da Inglaterra,

Após sua morte, unem-se os reinos de Escócia e Inglaterra com o rei Jaime I (Jaime VI da Escócia) que reinou de 1603 a 1625, conservando-se os parlamentos dos dois países até o ato de união, em 1707, quando a Escócia passou a mandar representantes para o Parlamento em Londres.

Jaime I era católico, o que na época era sinônimo de absolutismo. Reprimiu os puritanos com a excomunhão por ameaça à supremacia do rei, e viveu em guerra declarada com o parlamento e com a igreja anglicana, um confronto que piora ao tempo de seu filho Carlos I (1625-1649). Este, casado com a irmã de Luís XIII da França, sustenta-se no poder graças principalmente ao poderio da França, com a qual está aliado.

Os Puritanos ganham força cada vez maior. Quando o parlamento montou seu próprio exército, foi iniciada uma guerra civil que terminou quando Carlos I foi derrotado e decapitado, em 1649. Implantada a república, Oliver Cromwell, que chefiara o exército do parlamento, proclamou-se Protetor da Inglaterra, dissolveu o Parlamento, e exerceu poder absoluto até morrer em 1658.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 01-03-1997

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – Isabel I. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.